Acordei com esta palavra na cabeça e pensei em escrevê-la
para não esquecer de buscar sua existência e escrever, de
qualquer forma, uma crônica sobre ela.
Como esqueci de anotar perdi a palavra.
No dia seguinte ela surgiu de novo insistente, então escrevi
na minha agenda para depois procurá-la no dicionário e,
enfim, escrever a crônica que ela intitularia.
Fiquei pasmo, a palavra não só existia como tinha um
significado estonteante:
substantivo / masculino
"nas capelas e oratórios, móvel para rezar, em forma de cadeira, com estrado baixo para
ajoelhar, e encosto alto, sobre o qual se pousam os braços e o livro de orações."
De onde poderia ter surgido tal palavra e, principalmente, porquê?
Lembrei-me dos tempos de adolescência no colégio de
padres que meu pai havia me matriculado para moldar minha
educação, afinal eu tinha sido flagrado falando palavrões.
O diretor inconformado com meu cabelo comprido e minha
insistência em não frequentar as aulas de religião chamava-
me à diretoria quase que semanalmente e me inqueria com
ar solene em que banda de rock eu tocava e porque não
frequentava as aulas de religião.
Sempre lhe respondi a verdade:
Não tocava em banda nenhuma, usava o cabelo comprido
por achar bonito.
Não frequentava as aulas de religião por estarem ferindo
meus direitos constitucionais, no preâmbulo da constituição
consta que o Brasil é um País laico e eu prefiro ir à igreja
quando não tem ninguém e aproveitar o pé direito alto, a
beleza da luz do sol passando pelos vitrais coloridos, o que
dá ao ambiente uma paz incrível e um bom lugar para a
Introspecção. Até, porque não, um bom lugar para se
conectar com os espíritos do bem.
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Aliás Voadoras
Short StoryFazendo um breve preâmbulo; esta crônica é um dos capítulos de um livro que escrevo há mais de uma década intitulado "Aliás Voadoras". Aleá era o nome que os moradores de certo lugar do oriente, que foi dominado pelos portugueses, davam às fêmeas...