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ALFREDO MORETTI

Milão
24, fevereiro 1997

E enquanto ela estava em Nova Iorque, "aproveitando" sua vida maçante e inútil, Alfredo morria de preocupação [ou fingia] quanto as barbaridades que Brad, o jornalista, dizia a seu respeito.

- É apenas um velho maluco, Marco. Não precisa matar um velho. - disse ele.

- Ele está falando de você!! Me deixe tomar frente diante a situação que hoje mesmo...

- Está maluco?? - gritou - Marco, fratello... Não se mata pessoas quando elas falam mal de você. Ainda mais se essa tal pessoa colocar em público o que pode acontecer com ela dali em diante. E além disso, acho que temos outros assuntos mais importantes para se preocupar além de um velho maluco na TV.

Marco, o irmão mais novo entre os Moretti aparentava uma expressão mais calma naquele momento, mas não totalmente.

- Certo então, chefão de bom coração... E já que o assunto mudou... Fredo, o casino já não rende tanto dinheiro como em tempos atrás sabe e, de acordo com as estatísticas de Aléssio, não vamos conseguir suportar até o fim desse mês.

Alfredo precisou de um tempo para pensar no que faria, sentou-se novamente em sua cadeira e tapou o rosto com as mãos. Nunca havia existido uma crise assim nos negócios desde quando seu pai tinha assumido o lugar de seu avô, em 59's.

Fredo era um homem que necessitava de tempo para pensar em uma solução viável e segura tanto para os negócios, tanto para a família. Buscava sempre manter coerência e paz, seja mandando salvar alguém de uma enrascada, ou ordenar que o colocassem numa.

- Marque uma reunião com os membros das outras famílias. Quero garantir que nossa parte ainda está segura e garantida. Até termos certeza disso, não falaremos da crise à ninguém. Quanto a...

Antes que pudesse completar, foi possível ouvir um som nada discreto que vinha do outro lado do corredor, especificamente no quarto de Aléssio, o irmão mais velho, que por sua vez não fazia muita questão de ser responsável e respeitoso nem em sua própria casa.

- De onde vem esses gritos? - perguntou-se ao sair de seu escritório - Aléssio, será que pode deixar para se divertir com suas vadias lá pelas 23hr??? Eu e nosso irmão estamos tentando manter uma conversa importante aqui!!

Houve um breve silêncio até que a porta se abrisse. O cabelo bagunçado e o roupão mal amarrado não o deixava desmentir Fredo pela fala anterior.

- Desculpe, combinei as 23hr com elas mas...

- São 11hr da manhã, cazzo!! Já imaginou o que minha mulher vai pensar se ver ou ouvir algum suspiro dessas garotas? - disse ele irritado.

- Fredo, não queira bancar o marido responsável agora... Você nem se quer sabe onde sua mulher está. Ou sabe?

- Certo, ma io não quero ouvir isso enquanto almoço, Aléssio.

Al não quis ouvir mais nenhuma palavra que viesse do irmão. Então apenas se virou e entrou novamente em seu escritório, seguindo resmungos que dessa vez vinham do Marco.

- Telefone para você, acho que vai gostar de saber quem é.

Rapidamente apunhalou o telefone e com um tom de curiosidade perguntou:

- Essas garotas são do De Santis? Olha eu estou por aqui com esse farabutto. - disse ele antes de colar o telefone na orelha- Al Moretti, quem fala?

- Olá Fredo...

Os Solitários de 1997Onde histórias criam vida. Descubra agora