45

4 0 0
                                    

DON'AL

Milão
5, setembro 1997

Fredo provavelmente estava fazendo o que Apollonia queria que fizesse: agir como um adolescente mimado que ao não conseguir o que queria, sai nervoso em busca de algo para aliviar sua raiva.

No entanto, não procurou drogas ou andar de skate, como um provável adolescente faria. Resolveu novamente, ir ao lugar onde sua dor era reduzida a quase zero, com uma ideia não muito diferente da anterior.

— Uma mão de esqueleto? - perguntou o tatuador - Cara... Isso é puro metal...

Fredo lançou um sorriso de canto em resposta, se acomodando na cadeira para iniciar o grande feito que lhe empolgava mais do que o julgamento que final, que teria seu início dali poucas horas.

E mesmo com aquelas várias agulhas furando sua mão com tinta, Al continuava intacto. Não esboçava reação ou dor alguma, apenas cultivava a dor e a sensação de alívio, em ironia com o contexto. O homem dos piercings grossos estava de queixo caído, mas se tratando de quem ele tatuava, certamente aceitou bem o fato de parecer uma simples e barulhenta massagem.

— Aí Don...- disse o tatuador- Você curte um Black?...

Como diabos Al aceitou tatuar com esse cara? A voz não o deixava mentir, ele tinha fumado maconha o dia inteiro.

— Não cheguei nesse nível de instabilidade mental.

— Ai... Escuta essa aqui... Você vai gostar...

Fredo apunhalou o pequeno CD e o estudou de perto, observando a capa do álbum. É... Aquilo realmente era Black Metal.

— O guitarrista dessa banda era doidão, ai... - ele riu.- Morreu com uma facada na cabeça...

X

Fredo saiu com a mão embrulhada ao plástico filme e ao terminar de pagar o tatuador drogado, levou consigo a tal música que o mesmo o indicou. Al sentou no banco do carro, tirou os álbuns de heavy metal do rádio e colocou o tão misterioso cd.

Mas antes que seguisse caminho, discou um número nunca imaginado que um dia discaria e esperou na linha até que o repórter mais próximo atendesse.

— ITM, central de atendimentos, no que posso ajudar?

— Avisem à suas equipes de transmissão que vou estar no centro da cidade esta noite por volta das 22:00. Que venha a multidão.

— Deus do céu!! Então... Está me dizendo que voltou para os negócios?

Ele ponderou um pouco antes de responder, mas confirmou mesmo assim.

— É, eu voltei sim.

X

O lugar em si era enorme e as pessoas que o preenchiam mais ainda. O poder que cheirava aquela sala era mais que suficiente para fazer o maior julgamento da histórias das máfias, apesar de Al não se importar muito com quem estava ou não ali. Mas como Bologna mesmo disse, não haveria doido que se prestasse a faltar.

E por ironia, a policia estava lá garantindo que somente Al e Coppola não carregavam consigo alguma arma de fogo, ou qualquer coisa que possa matar um ao outro. Ele não conseguia parar de encarrar Johnny, mesmo que as várias câmeras ali tirassem fotos apenas dele, o flash não era o bastante para que ele tirasse os olhos do homem vestido à cor vinho.

Cada um dos membros do júri era apresentado com o nome de seu estado, ou da região que controlava. Sendo assim, Al era chamado de Milão e Johnny de Coppola -como se fizesse alguma diferença.

Os Solitários de 1997Onde histórias criam vida. Descubra agora