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AL~FREDO

Milão
24, fevereiro 1997

No mesmo segundo que devolveu o telefone ao gancho, Al vibrou com a notícia que Apollonia havia acabado de dar. O homem de quase 30 anos parecia naquele momento, ter apenas 8. Pulava e ria, sem sentir cansaço algum, somente euforia.

Mas quando ouviu as três batidas fortes em sua porta, disfarçou a alegria e sentou-se em sua poltrona.

— Entre. - disse calmo e tentando a todo custo parecer entediado.

Kate entrou como um leão escritório à dentro. Era possível perceber a raiva em seu rosto de longe. Estava realmente furiosa, jogando sua bolsa no pequeno estofado ao canto do escritório.

— Al, Por que diabos meu cartão de crédito não funciona? Deixe-me adivinhar, cortou-o de mim para que sobre dinheiro para as vadias do De Santis?!

— Mas que porra está falando? Cheirou alguma coisa?

Io estava na gucci, comprando uma bella borsa que tinham lançado no catálogo dessa setimana, mas quando fui pagar, adivinha! O cartão não passou!!! Sabe quantas mulheres ficaram me julgando de cima a baixo quando a caixa disse que não havia crédito?? Sabe??

— Kate, querida... - disse ele ao se levantar, tentando parar os gritos da moça- Se você quer dinheiro ilimitado e cartões de crédito e débito liberados, vá fazer o seu dinheiro então. Eu te sustento e você ainda me cobra? Você só olha na minha cara pra me pedir dinheiro, já te falei isso.

Ela ficou pasma. E não foi capaz de esboçar reação alguma, além de uma cara de espanto.

— Não estou poupando dinheiro para putas, como você diz. A família está em crise nos negócios e provavelmente Marco houve de tomar decisões e cortar certos gastos praticamente inúteis. Como suas bolsas insignificantes e catálogos inéditos da gucci, prada, ou qualquer outra merda de marca que você costuma torrar meu dinheiro. Mas não entre em pânico, uma velha amica vai se juntar á família para... Nos patrocinar? Se é que posso dizer assim.

— Velha amica?

— Apollonia Palermo. Filha de um falecido amigo de meu pai, costumávamos chamá-lo de "il toro" - riu.

Dio mio, onde já se viu! Outra mulher trabalhando com você? Não.

— Você não tem o direito de interferir em nada aqui, Kate. Não se meta e vai ser melhor pra nós dois.

Ele a levou até a porta o mais rápido possível. Parecia não suportar mais nem ouvir a voz da mulher que tinha se tornado sua esposa a alguns anos atrás.

A relação entre o casal geralmente não é boa. São duas pessoas com temperamentos e personalidades diferentes, que juntas não se batem. Kate era ambiciosa demais, o dinheiro era o que a fazia acordar todos os dias e sair de casa para comprar milhares e milhares de coisas que já tinha, somente para ter mais que as outras pessoas. Por um tempo ela amou o Al, mas isso durou somente nos primeiros anos do casamento. Desde que ela percebeu o dinheiro que ele tinha em mãos, a paixão foi se apagando e dando lugar ao interesse pelo dinheiro e o poder que tinha sendo "la madrinha", primeira dama da máfia.

Al sabia que ela não o amava mais e que aquele ciúmes que demonstrava ter, era somente medo do divórcio. Porém ele também não se dava ao trabalho de se divorciar. Dizia a si mesmo que não teria paciência para escutar o discurso de misericórdia de Kate, dizendo que o amava e mais meio mundo de palavras e declarações de amor falsas. Ele se dizia isso todos os dias. "Estou sem tempo, estou sem tempo", mas a realidade sempre vem. É dolorida, te faz chorar. Mas não há como fugir da realidade da dependência, não é?

Um deles seguia em diante pelo dinheiro. Já o outro, pela "falta de tempo livre". 

Os Solitários de 1997Onde histórias criam vida. Descubra agora