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ALFREDO

Milão
24, fevereiro 1997


Os olhos do ragazzo Fredo brilharam como o Sol, ao ouvir a voz da Lua depois de tanto tempo. Ficou ofegante no mesmo instante que a ouviu e, soltou um sorriso que a muito tempo o mundo não via. Al ignorar a presença de Marco ali e como se só existissem os dois no universo, ligados á um telefonema e separados por um oceano.

- Apollonia?...

Marco parecia ter percebido, então pegou alguns folhetos que estavam sobre a mesa e saiu de fininho.

- Liguei assim, depois de tanto tempo pois quero conversar com você. Eu... Me dei conta que preciso me livrar desse dinheiro sabe, do meu pai. Mas eu realmente preciso de dinheiro também, então eu pensei que talvez, só talvez, se eu devolver exatamente de onde veio, consiga usá-lo sem que eu me sinta culpada. Você... Entende?

- Então você está dizendo que quer... Trabalhar comigo?

- Vou entender se não aceitar, está tudo bem. Eu não tenho experiência e quero tentar algo novo assim do na...

- Quando virá?- disse ele antes mesmo dela terminar a frase.

- Bom... Acredito que Domani- disse ela em Italiano. - Preciso resolver algumas coisas primeiro aqui.

- Vou contando as horas até lá.

X

APOLLONIA

Nova Iorque

24, fevereiro 1997

Afim de resolver suas questões o mais rápido o possível, Apollonia telefonou para sua mãe. E com medo de qual seria sua reação, apertou as teclas com incerteza, porém tinha consciência de que era necessário comunicá-la onde estava se metendo, para que se algo ruim chegasse na mídia, sua mãe já teria conhecimento de tal ato.

Foram necessários somente três toques para que Antonella atendesse.

- Antonella Palermo, quem deseja?

- Olá mãe.

Houve um silêncio até responder.

- Apollonia? Por onde anda? Por que não atendeu minhas ligações? Estou a quase 1 semana tentando te ligar para saber se está bem! Estava cogitando até uma possível... Deixe pra lá. Como você está?

- Bem. Estou bem. Lamento não ter atendido suas ligações, estava muito ocupada essa última semana. Cheia de problemas. Te liguei para dar sinal de vida e comunicar uma coisa.

- O que, meu amor?

- Sei que pode não concordar com isso, mas eu não sei mais o que fazer.

- Não estou lhe entendendo, Apollonia.

- Liguei para Alfredo. Vou começar a trabalhar com ele.

- Alfredo? - puxou na memória a mãe- O filho militar do antigo amigo do seu pai? Moratta... Moretti! Espera... Você tinha namorado com ele não é?

- Mãe, Fredo não é mais militar.

O silêncio surgiu novamente.

- Ele controla a máfia da Itália desde que Vin morreu. -Não houve resposta alguma. O silêncio insistiu em continuar. - Mãe... Tente me entender, por favor...

- Prometa-me apenas uma coisa.

- Claro, o que ? Parte da minha herança? Mãe lhe dou tudo que quiser, só peço que me apoie, ou pelo menos aceite que...

- Me poupe da dor de saber que tenho uma filha assassina e não me ligue mais. -A mãe desligou sem hesitar.

Demorou alguns segundos após isso para que Apollonia assimilasse o que aconteceu. Ela nunca teve uma boa relação com a mãe, talvez um dos motivos para recusar mais as ligações dela, do que das outras 3 pessoas que a ligava. Eram elas: sua psicóloga e mais dois clientes.

Mesmo que tenha sido criada com seu pai a maior parte de sua vida, pois a mãe largou tudo para viver um novo amor com um marinheiro qualquer, continuava ainda, sendo a mulher que havia lhe dado a vida. Não muito boa esta, mas ela não se sentia ao direito de reclamar.

Ela tentou entender. Talvez para uma mãe narcisista como ela, ter uma filha trabalhando em uma coisa não 100% honesta, poderia prejudicar sua imagem. De forma que, talvez se seguisse profissão de doutora, ou presidente, sua mãe não a negaria. Imaginava até ela falando "vamos recuperar o tempo perdido, meu amor". Mas o objetivo dela em toda sua vida nunca foi dar orgulho á sua mãe. Dentre todas as pessoas que diziam se importar e ser responsáveis por ela de algum modo, em um certo momento, seu pai fora o único que lhe deu força de vontade para conquistar o mundo.

Claro, seu pai tinha preferência que sua filha trabalhasse na mesma coisa que ele, mas sabia que não poderia obrigá-la. Ele fora um bom pai. Mas ainda haviam dúvidas se também foi um bom homem.

Os Solitários de 1997Onde histórias criam vida. Descubra agora