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APOLLONIA

Milão
25, agosto 1997

Ela estava na banheira e por incrível que pareça não estava drogada. Apollonia tomou conta de si própria e chegou a conclusão que para ter planos e ideias boas, teria de pelo menos ficar sóbria para saber o que fazer. Deus do céu, ela tinha tantas coisas para se preocupar: Aléssio, as fundas covas do governador, a volta de Al e a culpa que ainda carregava por manter o segredo de seu pai guardado a sete chaves, divida apenas com Marco, que nem se quer continha voz para falar.

E parecia que o fato de não estar drogada ajudou, pois depois de se lembra de alguém que poderia a ajudar, levantou da banheiro com vontade pela primeira vez desde meses.

X

O escritório de Bologna era cheio de cores; e diferente de Rizzo, ele não parecia temer nada, seus seguranças eram alegres e divertidos, até ofereciam café que quisese tomar.

— Desculpe pela demora, minha querida Apollonia. Essas crianças me deixam louco.

— Oh, sem problemas - respondeu ela sorridente.

— No que posso lhe ajudar hoje, amore mio? - ele dizia como um pai.

— Joe, sei que você tem uma grande amizade com Fredo já faz muito anos. Sei que gosta dele e que ele gosta de você, então eu vim pedir a sua ajuda... O governador quer matar o Al e eu de brinde.

Mama mia!! Como ficou sabendo?

— Bem eu escutei ele dizendo à um policial que havia mandado cavar duas covas. Uma para mim e outra para ele. E depois que consegui achar a ficha policial dele, eu vi que já tinha planejado a morte do Fredo, mas graças a Deus o pegaram a tempo. Mas agora ele está solto, solto e no poder.

— Está vendo? É por isso que máfia nenhuma se une ao governo, eles falam "ei, vamos construir um império juntos, uma mão lava a outra", mas no final sempre estão planejando nos matar. Eu lhe ajudo, claro. Mas você sabe que eu ainda estou nos negócios não é? Então, bem...

— Precisa de algo em troca. Eu sei, fique tranquilo. O que quer? Desde que não seja trair o Al, eu aceito.

No! Dio mio, fique tranquila, não é nada disso. Mas ahm... Santa ragazza Apollonia, sobre este assunto, você não acha que não deveria ter essa responsabilidade toda quanto à Al? Quero dizer, ele está sozinho em Roma, você acha mesmo que ele não olhou para nenhuma das várias vadias de lá? Não estou lhe dizendo o que fazer, só estou dando um concelho que eu aceitaria se fosse você.

Apollonia já não prestava atenção no que Bologna dizia dali pra frente. Ele pareceu ter conseguido o que queria, se objetivo foi fazê-la pensar sobre seu relacionamento que nem se quer existia. Ela se sentiu envergonhada ao pensar o que diabos Fredo deve ter pesado quando ela disse que ainda o amava, mesmo que tivesse sido à meses atrás. Foi profundo o bastante para a fazer lembrar, se deve ter sido vergonhoso o bastante para Al lembrar também.

— Lônia?

— Oi!- ela se assustou - É, eu também acho o governo uma perca de tempo.

— O que vamos fazer é o seguinte...

Os Solitários de 1997Onde histórias criam vida. Descubra agora