APOLLONIA
Milão
21, agosto 199719:37
Com o vestido coberto por sangue, Apollonia entrou no Ministério como uma entidade. Todos a olhavam paralisados, sem noção nenhuma do que fazer ao vê-la naquela situação.
Ela olhou ao seu redor, subiu uma andar, observou todos lá de baixo, desceu novamente e por fim, quando o encontrou de longe gritou:
— Davide!!! Pode me pegar agora...
Tudo em questão de milésimos virou um massacre, mesmo sem nenhum morto. Pessoas gritavam e os seguranças corriam até mesmo da mulher que ajoelhada ao chão limpo no lugar, clamando por atenção do atual governador.
— Deus do céu... O que estão esperando?? Prendam-na!!
Lônia aceitou a rendição de forma justa e calma, como se realmente quisesse ser presa por um motivo maior, que provavelmente nenhum ser humano ali poderia adivinhar, mas que em sua cabeça estava claro e óbvio. Ela sentiu como se fosse uma psicopata ou alguém temível o bastante para terem medo de prenderem uma mulher rendida, isso é claro, antes de apagarem ela.
X
20:03
Seus olhos abriram devagar, como se um cego visse a luz novamente. E apesar da visão pacata e embaçada, ainda se pode ouvir um pouco da conversa entre o governador e o policial, que aguardavam pelo despertar da atual assassina.
— Não importa quem vier aqui pagar a fiança, não a deixe ir. Mandei que cavassem duas covas hoje, uma para ela e outra para o desgraçado do Don'Al.
— Pode deixar, senhor governador. Ela não sairá daqui.
Os passos de apenas um dos dois foi se afastando cada vez mais, até sumir no silêncio caótico daquela solitária cela.
— Apollonia? Sei que está acordada - pressionou o policial- e também sei que vai querer saber o que vou falar agora, então por favor, preste atenção.
Mesmo que de um modo lento e desconfiado, ela se levantou da cama sem tirar os olhos do policial que carregava consigo as chaves da cela. Por um minuto ela pensou em mata-lo para conseguir as chaves, ou implorar qualquer favor que pudesse fazer para que ele a soltasse. Porém segundos depois pareceu não ser mais necessário. O homem girou completas duas vezes as chaves dentro da fechadura até abrir a cela por completo.
Apollonia saiu sem hesitar qualquer desconfiança, à aquela altura qualquer chance de escapar da morte não poderia ser desperdiçada.
— Coppola descobriu onde Al está. Os jornais de todo o mundo estão afirmando que ele está em Roma com vídeos e fotos claras comprovando tudo. Então me ouça com atenção se não quiser que ele morra.
O tira explicou com cuidado e tão calmamente quais seriam os passos que Apollonia teria de seguir, que a cada segundo ela revisava em sua cabeça para não esquecer nenhum detalhe, pequeno que fosse.
"Passo 1: siga a direita, passe por 4 portas antes de entrar na que há uma pequena placa escrito: chaves. Entre e procure pelo molho de chaves com etiqueta azul."
"Passo 2: Saia da sala, volte para o começo e dessa vez siga para a esquerda até chegar ao fim da linha. Você vai encontrar uma porta enorme de ferro, entre e encontre o que procura o mais rápido possível. Você tem 30 minutos. Ele já cavou sua cova, não deixe que ele tenha o que colocar dentro."
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Os Solitários de 1997
RomanceEsse livro é o primeiro da série "Solitários" e conta a primeira versão da história. Al ou para os mais próximos, Fredo, foi praticamente forçado a tomar frente dos negócios da família quando seu pai morreu, por conta da culpa que sentia dentro de...