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MARCO

Milão
25, fevereiro 1997

Marco chegou apressado, subiu as escadas com rapidez, colocando a mão no bolso de imediato.

O papel continuava lá.

— Fredo?? Onde você está?? Fredo??

— Ele saiu, ragazzo Marco. - disse De Rosa, o capanga mais antigo da família. - Disse que iria buscar Apollonia no aeroporto. Deve chegar daqui alguns minutos.

Marco ajeitou seu cabelo confuso e com as mãos da cintura perguntou:

— Apollonia?? Bom, quando Fredo chegar, mande que por favor venha até mim. Não hesite em lembrá-lo, De Rosa. É de extrema importância.

X

FREDO

Ela foi uma das últimas a descer do avião, o que deixou Al morrendo de preocupação. Pensamentos como "talvez ela desistiu, de última hora" e "algo pode não ter a deixado embarcar" eram as hipóteses que Al mais insistia em se perguntar.

Porém, quando ele a avistou descendo as escadas com apenas 1 mala, sentiu paz novamente. Mas não era uma paz comum, daquelas que se sente quando algo dá certo. Era uma paz que não sentia a muito tempo. Pois os sentimentos que reinavam em sua cabeça e coração eram a paranoia e a preocupação.

Ao vê-la chegar assim, segura e de volta ao lugar que nunca deveria ter saído, Al não se importou com nada.

Ele tinha milhares de problemas. A crise em sua família, sua má relação com Kate e o desejo que a mesma tinha de ter filhos com ele, se preocupava até mesmo com seu irmão Marco e qualquer problema que ele teria arranjado na reunião que teve hoje. Mas nada lhe importava mais. A não ser ela. A salvação dos Moretti.

Ela que logo depois que lhe olhou nos olhos, sentiu incerteza sobre o que tinha decidido. Além de carregar também o peso de ter sido negada como filha. Apesar disso, não se preocupou em dividir isso com Al, muito menos deixar aparente que algo estava errado. Todavia, nem havia como. Mesmo se quisesse, ver o Al feliz não a deixou ficar triste de modo algum.

— É bom te ver, Lônia. - desabafou ele- Por que não me ligou nesse tempo todo?

— Eu andei distante do mundo por um tempo Fredo. Não foi só com você, eu garanto.

Al não parava de a beijar, foram 2 em cada bochecha e alguns outros na testa. A aparição de Apollonia foi como a de uma Santa pra ele.

— Como anda a família?

— Estão bem, estão todos bem. O que não anda bem são os negócios, mas isso é assunto para outra hora. Venha, vamos pra casa.

Apollonia então entregou a mala nas mãos dos homens que estavam junto à Fredo. Enrico o motorista, e Dante o segurança.

X

APOLLONIA

Ao retornar á casa dos Moretti após tanto tempo passado, Apollonia observou atentamente a casa os detalhes mudados de lá para cá. E eram quase imperceptíveis. Continuava grande, repleta de grama ao redor do jardim, lodo em algumas partes das paredes externas, sem contar as árvores e canteiros e a enfeitavam. Uma típica, mas luxuosa, casa Siciliana.

O primeiro a encontrar logo ao descer do carro, surpreendentemente foi Kate. De início abriu um sorriso, mas depois foi se apagando, conforme a feição de ódio de Kate fora se alargando simultaneamente. Fredo não reparou muito na mulher zangada, por sorte ele não parava de olhar para Apollonia. E até mesmo quando a apresentou para sua esposa, não tirou os olhos da moça.

Piacere, eu sou a Kate. Esposa do Al - disse ela fazendo questão de lembrá-la disso.

— Apollonia. - disse e estendeu a mão.

Kate lhe cumprimentou com má vontade, parecia querer mostra desde o início que a convivência com ela não seria fácil. Mas isso não deixou que a abalasse. Ela seguiu alegre do mesmo modo, e realmente estava.

Os Solitários de 1997Onde histórias criam vida. Descubra agora