FREDO
Roma
14, junho 1997A Magnum que buscava o centro do rosto de Coppola pela TV, era segurada pelas mãos do pensativo Al. Ele buscou, buscou e buscou mirar bem, mesmo que a câmera que o gravava se remexia. A repórter o perguntava sobre como ele se sentia com todos os acontecimentos recentes, claro, sempre tocando no nome do pobre Al. Mesmo que ele nem estivesse em Milão.
Ele fingiu dar um tiro na TV, mas isso não lhe deu emoção alguma. Certamente o fato de Johnny não estar à sua frente de fato possa ter ajudado, mas de qualquer forma, pareceu tão entediante quanto uma tarde de domingo. Então ele não ousou arriscar. Largou a arma, abriu o pequeno caderno de anotações sobre seu colo e anotou com a caneta mais próxima, uma instrução das mais valiosas.
"Sem armas. Elas são sem graça."
X
O vagão por inteiro estava vazio. Aquela solitária manhã sombria e fria em Roma havia caído como uma luva para os empregados que tiraram folga em plena terça feira. O feriado que os proporcionavam aquele dia de descanso no entanto, não era nada querido pelo povo. Já que a maioria não defendia o poder de influência que a máfia tinha sobre a Itália.
"GIORNATA NAZIONALE DELLA MAFIA ITALIANA, VEJA QUAIS FORAM E SÃO OS MAFIOSOS MAIS PODEROSOS DE TODOS OS TEMPOS."
Era isso que estava a mostra nos grandes telões do metrô. Passando em ordem crescente as famílias e seus Dons de mais influência. Apollonia para seu orgulho, apareceu em 5° lugar no ranking, ficando atrás somente de seu pai, Bologna, Vincenzo e o próprio Fredo, que não ficou livre de insultos nem mesmo em seu feriado. Já que o mesmo tinha sido nomeado como "Diabo".
— Dio mio...
Logo após, o grande e vazio trem houve de andar pelos trilhos, deixando o grande telão para trás.
Al não houve de pensar muito em tal frase como uma coisa ruim. Já haviam falado isso de seu pai uma certa vez à muito tempo atrás, quando após anos da 2° guerra, foi responsável pelo protesto e união das máfias mais poderosas do mundo contra o nazismo ainda existente em boa parte das pessoas da Itália.
X
Em meio à avenida solitária de Roma, sem nitidez alguma sobre o horizonte apagado, se abria uma adega do outro lado da rua onde andava Al. Parecia ser ali o lugar que buscava, afim de um vinho que o mercado já não fornecia mais. Ao marcar 07:32 no relógio em seu pulso, Fredo decidiu ao observar de longe o homem nada animado, que erguia as portas do estabelecimento.
E ele nem se importou de fato com o que seu irmão havia lhe falado semanas trás sobre uma quarentena profunda, sem contato algum com qualquer ser humano que poderiao reconhecer. Fredo dizia se importar com os negócios e não com sua vida e já que tudo estava se saindo bem no controle de Apollonia, a outra coisa não teria total importância diante isso. Sendo que de qualquer forma, vivo ou morto, os negócios estariam salvos.
— Buongiorno signore - disse ele ao entrar.
O homem respondeu simpaticamente com as mesmas palavras de Al, que naquele momento se dirigia ao último corredor onde a pequena placa, indicava a prateleira exata dos vinhos. Havia de monte. Fileiras e mais fileiras repletas de tintos e brancos, e contando somente a do lado norte, Fredo fez um raciocínio vago de cerca de 50 marcas e tipos vinhos diferentes em todo o corredor.
VOCÊ ESTÁ LENDO
Os Solitários de 1997
RomanceEsse livro é o primeiro da série "Solitários" e conta a primeira versão da história. Al ou para os mais próximos, Fredo, foi praticamente forçado a tomar frente dos negócios da família quando seu pai morreu, por conta da culpa que sentia dentro de...