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DON'AL

Milão
5, setembro 1997

Apollonia seguiu com seu carro até sumir naquela extensa noite em Milão, o deixando parado ali, apenas com a companhia de Tom, que o chamava para entrar.

— Vamos, Fredo - ele tossiu-, já está tarde não é?

Ele não tinha vontade alguma de botar seus pés em casa, e por algum motivo que não sabia ao certo se era raiva ou dor, cerrava os pulsos. Mas houve de se acalmar rapidamente, para que não surgissem perguntas à seus funcionários.

— Ei Don, é melhor ver isso. - disse um dos capangas ao aparecer na porta da frente.

Fredo -o recuado- percebeu logo ao entrar que metade dos capangas estavam dentro do escritório, e a outra metade procurava o que faltava nele pelo resto da casa, na esperança de Apollonia não ter levado consigo, todos os documentos que tinham o nome do Don. O mesmo que estava desnorteado o bastante para simplesmente não se importar com o que ela havia levado ou não, muito menos o porquê disso tudo. Ele estava tão calmo em meio aquela confusão, tão paralisado em frente a porta do cômodo, negando a capacidade de mover um dedo se quer. Eles o perguntavam se havia sido ele, ou se sabia o que Apollonia faria com isso, mas ele nem se quer os olhava nos olhos.

Entretanto, foi necessário apenas uma pergunta para o fazer sair da transe que enfrentava dentro e fora de si. Uma frase vinda de um de seus novos capangas, que provavelmente não sabiam por completo como Al resolvia as coisas. Mas sim, como Don resolveria.

— Quer que nós a matemos?

Al prensou o rapaz contra a parede num estalo de segundo, o segurando pelo colarinho e o perguntando a coisa mais cruel que já disse na vida:

Matar os meus negócios??!!- Fredo pareceu ter de descontar toda a dor que sentiu no rapaz que agora se encontrava no chão da casa Moretti, apanhando para o próprio chefe.

A cada segundo que passava, o soco ficava mais forte e a voz mais alta ainda. Ele repetia sem parar a mesma pergunta que fez antes de começar a pancadaria, mesmo que Tom e Dante tentavam o puxar para cima novamente. Al continuou até não se obter mais reação da parte do homem ao chão, que nem acordado estava mais, com dúvidas sérias de que ainda estava vivo.

Então ele saiu de cima do desacordado, arrumou seu cabelo do jeito de pode, desejou a todos uma boa noite e subiu as escadas até chegar por fim, em seu provisório quarto.

Não demorou muito para que ele entrasse no chuveiro, e nem se quer se deu ao trabalho de tirar o terno que o cobria naquela noite. Pensou que de qualquer forma, tudo estava acabado o suficiente para se importar com ternos. Então ele ficou lá, sentado ao chão molhado apenas esperando o momento de sua morte como Don'Al, mesmo sabendo que haviam matado o ragazzo Fredo o bastante para que não pudesse o reviver mais.

O estado de transe havia voltado, por fim. E ele virado um paciente em estado terminal, aguardando ansiosamente para seu câncer matá-lo o mais rápido possível. Mas se fosse possível realizar um desejo do homem em estado terminal, desejou que visse pelo menos uma última vez a moça que assassinou o tão querido ragazzo Fredo.

O amor não tem meio termo, afinal. Ou ele te salva, ou ele te mata. Já haviam se passado 9 dias desde a despedida fatal com Ângela, e não tinha muita certeza se aguentaria até o dia seguinte.

X
7, setembro 1997

Ele pareceu ter aceitado a ideia de ter 13 anos novamente já fazia algum tempo, então aproveitou desse feito para simplesmente parar de viver a vida, que a muito tempo pedia para acabar.

Os Solitários de 1997Onde histórias criam vida. Descubra agora