Estou nervosa

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Quando Mal fechou os olhos, a última coisa que viu foi o rosto de Ben, preocupado e gritando seu nome. Tinha acabado de enfrentar Heitor, debaixo de uma intensa chuva. Quase matara Kalila, mas Ben havia impedido. Uma turbulência de emoções. Ao abrir os olhos, porém, estava em um ambiente completamente diferente.

Deitada na cama de um quarto humilde, olhou ao redor e constatou estar sozinha. Pela janela, viu algumas árvores. Tentou erguer o tronco e ao fazer isso, sentiu uma dor irradiando seu peito. Tinha ataduras por todo o seu corpo, cobrindo os ferimentos de batalha. Lembrou-se da desgastante luta contra Heitor. Quase venceu. Quase. Mesmo no auge da sua força, não foi suficiente. Foi quase.

Ergueu a mão em sua frente e se concentrou em um feitiço simples. Nada. Não sentia mais seus poderes. As lágrimas desceram pelo seu rosto. Pagou caro mais caro do que imaginou por se aliar a Maligno. Heitor, mais uma vez, saiu vencedor. Ela, mais uma vez, derrotada.

A porta do quarto se abriu e Ben adentrou o local. Apesar de ver sua esposa chorando, um grande sorriso apareceu em seu rosto por vê-la acordada. Sem dizer qualquer palavra, o rapaz a abraçou com cuidado, enquanto Mal continuava a chorar.

Permaneceram assim por vários minutos. Por muitas vezes Mal desejou parar de chorar e se desculpar com Ben, depois agradecer por ele estar ali ainda, mas não conseguia parar. Por outro lado, tinha consciência que Ben sabia exatamente o que ela queria dizer.

– Por quanto tempo eu fiquei aqui? – Mal perguntou quando finalmente cessou o choro.

– Já fazem algumas semanas. – Ben respondeu.

– Como está todo mundo?

– Consegui falar com Uma, através de uns amigos. Ela está indo atrás da Árvore Ancestral. Arkin está aqui com a gente. Jay passou por Arendelle com Saphira e estão buscando as armas lendárias.

– Evie estava com Arkin. Por que não mencionou ela? – Mal perguntou e notou a hesitação em Ben de responder.

– Arkin chegou numa moto de Atlântida, desacordado. Ele e Evie encontraram com Will na floresta dos anões. Evie pediu para ficar com Will. Eles foram atrás de Cruella. É tudo o que sei.

– Droga, Evie. – Mal sussurrou.

– Vamos só confiar nela, ok? É o melhor que podemos fazer.

– Você nem sabe o motivo dela ter ido com Will.

– Não sei. Mas não posso fazer nada em relação a isso. Não posso fazer muita coisa, porém tudo o que eu posso fazer eu estou fazendo. Célia desapareceu, Mal. Altair não sabe como podemos encontrá-la, mas Aladdin está procurando. Hércules e Phil têm treinado todos nós para resgatarmos Célia e dr Facillier. Se não podemos salvar o mundo, pelo menos uma amiga conseguiremos.

Mal só balançou a cabeça em concordância. Já tinha aceitado que a paz era uma realidade distante, talvez até inexistente. Com a ajuda de Ben, a mulher levantou da cama para encontrar com os amigos que estavam ali.

A única pessoa que Mal não conhecia era a nova aprendiz de Hércules. Uma mulher muito forte, que segundo ela sua força vinha de um milagre que sua família havia recebido muitos anos atrás. Com a ajuda da família de Luisa, Ben conseguiu contatar Uma.

– A tia de Luisa pode curar machucados. Estávamos esperando você acordar para chamar ela. – Ben contou.

Mais uma vez, Mal balançou a cabeça e concordou. Suas feridas físicas eram as que menos lhe importavam.

Vários dias se passaram enquanto esperava a tia de Luisa chegar. Mal sempre assistia aos treinamentos dos agora aprendizes de Hércules. Certa manhã, estava sentada perto da arena de treinamentos assistindo. Altair possuía duas cimitarras que podiam causar pequenas rajadas de vento e o impulsionar pelo ar. Seu treinamento era contra o próprio Hércules. Enquanto isso, Arkin e Ben treinavam com arco e flecha sob a supervisão do sátiro Phil. Seu olhar alternava entre Ben e Arkin. De maneira involuntária, ela sorriu por ver o príncipe de Arendelle ali. Estava realmente feliz de ter Arkin por perto. Luisa tinha acabado de atirar dezenas de pedras contra os alvos que Hércules havia espalhado pela arena de treino.

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