Correr para viver

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Mal queria gritar. Não sabia se de raiva ou tristeza. Provavelmente os dois. Havia caído na armadilha de Heitor.

— Eu sou uma idiota. — Mal reclamou, fitando o chão. — Eu devia ter percebido.


Correndo pelos corredores imundos da Ilha dos Perdidos, Mal desviava das pessoas tentando despistar a garota que a seguia de perto com uma faca na mão. Atrás dela, a voz ameaçadora de Sora, a filha de Shan Yu, ecoava com juras de morte.

— Vou acabar com você! — rugia Sora, empurrando qualquer um que ousasse ficar em seu caminho, a lâmina em sua mão refletindo o brilho da luz do sol.

O coração de Mal parecia que ia explodir. A missão era clara: roubar os artefatos de Shan Yu e entregá-los a Jafar. Era a isca para algo maior — Heitor desejava o território de Shan Yu, e essa era apenas a primeira parte de seu plano. A filha do temido líder huno tinha mordido a isca e agora estava no encalço de Mal.

Virando abruptamente em um beco, Mal se viu sem saída. Um muro alto se erguia à sua frente. Sem escapatória, ela se virou, o suor escorrendo enquanto a figura de Sora surgia da escuridão, sorrindo com malícia. Heitor já deveria ter chegado, mas nenhum sinal dele.

— Parece que a brincadeira acabou, princesa. — zombou Sora, balançando a faca em círculos como um predador que saboreia o momento. — Vou cortar você em vários pedaços. Deixo até que escolha. Que tal a orelha?

Antes que Sora pudesse avançar, uma nova voz ecoou do alto.

— Que tal os lábios?

O som veio seguido de um movimento súbito. Heitor saltou do telhado com a graça de um felino. Ele acertou um soco devastador em Sora, lançando-a contra sacos de lixo com força suficiente para fazê-la gemer de dor.

Sem olhar para Mal, ele estendeu a mão pedindo o objeto roubado. Um colar com a pata de um gavião. Era um dos objetos mais valiosos de Shan Yu e Mal havia conseguido roubar.

— Você é patética. Não consegue nem proteger as relíquias do seu pai. — Heitor zombou passando os dedos nas unhas do animal.

— Quem disse que eu ligo para essas porcarias? — Sora olhava satisfeita para Heitor, limpando o sangue que escorria do lábio aberto.

Antes que Heitor pudesse responder, uma nova voz ressoou, grave e repleta de autoridade.

— Esqueceu de mim?

No telhado, a imponente figura de Shan Yu se destacava, sua espada ondulada brilhando sob a luz. Ele sorria, e aquele sorriso prometia destruição.

— Esqueci? — Heitor sussurrou para Sora e piscou.

O rosto da garota empalideceu. Quando ela olhou para cima, dois vultos correram pelo telhado. Will e Jay atacaram Shan Yu sem aviso, empurrando-o para fora do telhado. O huno caiu pesadamente no chão, um som surdo ecoando pelo beco.

Heitor sorriu ao ver o vilão gemer de dor. Mal, que estava próxima ao corpo caído, rapidamente arrancou a espada das mãos do líder huno e a entregou ao irmão, mas ele negou.

— Tire-os do meu território. — disse ele, sem emoção, ignorando o estado do homem que gemia de dor no chão.

— Deixo você escolher, Sora. Que tal a orelha? — Mal perguntou para a garota.

Assustada por ver o pai no chão, Sora tentou fugir, porém viu Helena tampando a passagem com um facão na mão e um sorriso esnobe. Mal se aproximou de Sora com a espada bradando. Porém foi interrompida por Shan Yu, que levantou e puxou Mal pela perna.

Descendentes 4Onde histórias criam vida. Descubra agora