Descendentes 4

Quase Lá

Mal, envolta por toda aquela aura verde, sorriu ao ver o medo no rosto do irmão mais velho. Finalmente os papéis de inverteram. Ela era, por fim, mais forte que Heitor. Uma enorme esfera de energia se acumulou na mão de Mal. Heitor se esforçava para levantar, porém não tinha lhe sobrado força. Os olhos de Mal brilhavam em um reluzente branco, mirando em Kalila. Ela estava prestes a matar a mulher caída no chão, quando um corpo se jogou contra a morena.

– Não! – Gritou Ben, abraçando Kalila desacordada. – Já chega disso, Mal! Chega!

– Ben! Saia daí! – Mal gritou de volta, sem abaixar o braço direcionado para Kalila. – O que pensa que está fazendo?! Estamos prestes a vencer!

Ben abraçou Kalila ainda mais forte e virou o rosto para trás, onde Mal estava. Seus olhos marejaram por não reconhecer ali a mulher que amava. Mal não parecia disposta a recuar o ataque, mesmo com Ben entre ela e seu alvo. Bela correu até o filho e Kalila, tomando o lugar de Ben em servir como escudo humano para eviar o golpe fatal de Mal.

Muito cauteloso, Ben se pôs de pé virado de frente para Mal.

– Por que você está a protegendo? Depois de tudo o que fizeram! Eles mataram o seu pai! – O grito de Mal era mais alto que a tempestade que tomava o ambiente.

– Porque o que eles fazem jamais vai justificar um erro meu. Ou um erro seu! – Ben devolveu na mesma altura de voz, dando passos lentos na direção da esposa.

– Não seja inocente, Ben! Não existem heróis ou vilões. Apenas sobreviventes. E eu quero estar no lado que vive.

– Então você vai ter que me matar. – Ben esbravejou. – Eu não vou viver em um mundo onde não existem heróis. Se depender de mim, eu vou salvar os meus amigos, o meu reino. E não vou deixar um Maligno transformar você em uma vilã, nem que para isso eu tenha que ficar no seu caminho! Você não vai matar ninguém!

– Agora eu sou o inimigo? Por que? Por querer eliminar aqueles que nos desejam a morte? Eles sequestraram você. Sequestram sua mãe! Mataram sua irmã! Por causa de outros vilões, perdemos Gil, Doug! Perdemos Carlos! Agora que finalmente posso parar tudo isso, você me transforma da vilã da história?!

– Antes disso, meu pai prendeu você e todos os vilões em uma ilha onde não tinham o que comer! Antes, Maligno sequestrou minha irmã! Antes, Malévola arrancou as asas de Maligno. – Ben se aproximava cada vez mais de Mal, e agora estava a poucos metros de distância da mulher. Ao abrir a boca novamente, falou mais baixo, apenas para a esposa ouvir. – Olho por olho vai deixar o mundo cego, Mal. Alguém precisa parar esse ciclo de ódio.

– Por que tem que ser a gente? – Mal perguntou, igualmente baixo.

– Porque se não, quem vai ser?

Próximo o suficiente, Ben abraçou Mal. A mulher finalmente abaixou a mão e cessou o golpe fatal. Mal retribuiu o abraço do marido. Aos poucos, o ódio que sentia se esvaia, e com ele a aura verde que possuía o corpo da filha de Malévola.

Abraçando o homem que amava, parecia que tudo realmente ficaria bem. Não sabia como, mas acharia um jeito de vencer aquela guerra pelo caminho correto. Porém, começou a sentir o corpo demasiadamente fraco. Tão fraco que não mais se aguentava em pé.

– Mal? O que está acontecendo? – Ben perguntou segurando a mulher nos braços. Os olhos de Mal começavam a ficar pesados e a imagem de Ben escurecia.

Heitor tinha Bela nos braços e Kalila, agora acordada, se apoiava nele. A morena bateu o cajado de serpente no chão e uma névoa vermelha envolveu o trio. No segundo seguinte, eles não estavam mais lá.

– Ben! Aqui em cima! – Uma voz masculina o chamou no alto.

Voando a uma incrível velocidade encima de um tapete, Altair pousou ao lado de Ben.