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Agarrada ao rapaz, Evie sentiu o peso de Will cair sobre o seu corpo. A mulher chorava tentando manter Will levantado em vão. O filho de Clayton tossia forte, a cada esforço gotas de sangue saiam de sua boca. Ele caiu em na poça de seu próprio sangue.

– Will! – Evie chamava com a voz tremida.

– Minha... bolsa. – Ele pediu fraco.

Evie puxou a bolsa do rapaz e a abriu. Sem esperar instruções, puxou diversos ingredientes que Will tinha coletado. Misturava rapidamente alguns que selecionou, entre os soluços do choro, e formou um líquido claro que servia para estancar o sangramento. Virou o corpo de Will e passou a pasta na grande ferida aberta pelo dragão. Assim que sentiu o contato, o rapaz gritou de dor por conta da ardência da solução de Evie e desmaiou.

– Fica acordado! – Evie pediu, balançando o peito do rapaz.

A filha da Rainha Má continuou chamando por Will, mas ele não respondeu. Ela gritava seu nome até perder a voz. Sua esperança de salvar o rapaz ia diminuindo e ela não sabia o que mais fazer.

Uma fumaça vermelha surgiu do nada ao seu lado. Quando se esvaiu, revelou a figura de Kalila. Evie sequer teve tempo de reagir, pois a princesa de Atlântida bateu o cajado no chão e uma força invisível lançou o corpo da mais nova para vários metros de distância. Kalila se abaixou para examinar o amigo desacordado. Evie observou a mulher aproximar o cristal em seu colar da ferida de Will. Aos poucos, o sangue ia parando de jorrar e a ferida ia se fechando.

– O que aconteceu? – Kalila perguntou sem tirar os olhos do amigo.

– Estávamos indo até Cruella. – A voz de Evie, assim como seu corpo, tremia muito. – Os dragões... Ele matou, mas... – Evie se calou, sem conseguir terminar a explicação.

A mulher reparou Kalila olhando uma espécie de rósario em sua mão, mas logo desviou o olhar para Will que começava a acordar. Evie chorou ainda mais, agora de alegria por ver o rapaz se recuperando. Por outro lado, Kalila não pareceu tão feliz.

– Como você faz uma coisa dessas? – Kalila perguntou ríspida, se levantando.

– Foi um imprevisto. Aconteceu. – Will respondeu fraco.

– Imprevisto? Você perdeu o braço. – Kalila retrucou. Evie percebia pelo seu tom de voz a raiva que sentia, mas a princesa de Atlântida mantinha a postura equilibrada. Will tentou levantar, porém estava muito fraco e voltou ao chão.

Kalila soltou um suspiro ao ver a cena do amigo. Ela bateu o cajado no chão e a névoa vermelha novamente surgiu, envolvendo os três ali. Evie apenas viu a névoa na sua frente e quando se dissipou, estava com Will em uma floresta. Kalila não estava mais com eles.

Will tentou novamente se levantar e dessa vez Evie correu para ajudar.

– Devagar. – Evie pediu segurando o corpo do rapaz, mas ele foi ao chão novamente. – Fica aqui, Will. Eu ajeito o acampamento.

Will concordou com um simples aceno da cabeça. Evie colocou em prática tudo o que tinha aprendido com o rapaz nas últimas semanas e em pouco tempo acendeu a fogueira. Enquanto terminava, percebeu Will adormecido.

Observou ao redor da floresta escura que desconhecia. O mais seguro seria esperar amanhecer para reconhecer o local. Puxou os dois mantos que havia costurado e colocou um sobre o corpo de Will. Sentou ao seu lado, sem saber exatamente o que deveria fazer. Por longas horas, apenas assistia as chamas queimando as toras de madeira que tinha juntado, repassando em sua mente todos os momentos desde que Will a salvara da sua mãe até o instante atual.

Sem que esperasse, notou o corpo de Will se mexendo e ao virar o rosto viu o rapaz acordando.

– Por quanto tempo eu dormi?

Descendentes 4Onde histórias criam vida. Descubra agora