Por que ele diz AU

426 12 145
                                    

Chegar na Terra do Nunca era um dos maiores sonhos do filho mais novo do Capitão Gancho. Inúmeras foram as noites que ele se imaginou em um navio voador no local de diversas aventuras encaradas pelo pai. Infelizmente, Harry só acordou quando o navio de John Smith já estava na água do novo mundo. Deitado na cama, Harry tinha o raciocínio lento. Ele ergueu o tronco e olhou as mãos. Ou mão. Seu punho esquerdo tinha uma costura fechando o ferimento recém-feito por Helena. Na mesa de cabeceira, a luz do sol refletia sobre o gancho do pai. O rapaz pegou o gancho e encaixou no braço. Encaixe perfeito.

Harry saiu para o convés do navio. A primeira cena que viu foi Uma de costas, perto do parapeito assistindo a ilha. O vento forte sacudia suas tranças. Harry respirou fundo. Até o ar na Terra do Nunca parecia diferente. Mais fresco. Uma virou como se pudesse sentir sua presença. Ela acenou com um sorriso.

– Chegamos. – Ela disse. Harry andou até seu lado e parou a mão no ombro da mulher. – Como se sente?

Harry olhou ao redor da ilha. Seu coração bateu forte. Nem em sua imaginação a Terra do Nunca era tão bonita.

– Não parece real. – Harry falou baixo.

– John e Thomas foram explorar um pouco. O que me preocupa é Zarina. Ela sumiu. – Harry concordou com a cabeça. Deviam deduzir que Helena tinha vindo para a Terra do Nunca e feito amigos. – Audrey e Helena estão presas lá embaixo. O que você quer fazer? – Uma virou o rosto para Harry. Os olhos do rapaz estavam marejados. – O que houve?

– Eu não sei porque estou chorando. – Harry ria enquanto enxugava o rosto. – A gente tá aqui! A gente tá aqui! – Ele abraçou uma com força. Não conseguia conter nem o riso e nem o choro. – Obrigado. – A voz agora saiu quase num sussurro. Com Uma em seus braços, Harry conseguia sentir o coração da mulher batendo forte contra seu peito.

Cheio de euforia, Harry a beijou.

Uma foi pega de surpresa, mas logo se entregou ao rapaz. Os dois estavam ofegantes quando encerraram o beijo. Harry a pegou nos braços e pulou do navio para o mar. O casal caiu na água quente da Terra do Nunca. Uma jogou água no rosto de Harry em brincadeira. Eles estavam finalmente reunidos.

Ao voltarem para o navio, decidiram esperar a volta de John Smith e Thomas. Passou um dia inteiro sem a volta deles, o que preocupou o casal. Harry relembrou as histórias do pai sobre o local. Existiam diversas possibilidades. Eles poderiam ter sido pegos pelos índios, sereias, crocodilo ou até mesmo Peter Pan e os meninos perdidos. Uma julgou ser melhor irem buscar os dois, mas para isso seria mais seguro levarem quem conhecia a ilha.

– E se Helena atacar a gente? – Harry perguntou.

– Meu feitiço em Audrey continua. Helena não está oferecendo resistência para não machucarmos Audrey. Vamos ficar bem. Só as prendemos por precaução.

Harry sentiu raiva subindo para seu peito. Helena se deixou ser presa para proteger Audrey. Se quer parecia uma real possibilidade. Não fazia sentido na cabeça de Harry.

– Uma, Helena se entregou por causa de Audrey. Não acha estranho?

– Passou pela minha cabeça ela estar fingindo. Confesso que estou com medo de ser uma armadilha e Helena queria a gente na Terra do Nunca desde o começo.

– Por que não prende ela no seu feitiço?

– Pensei nisso, mas só consigo prender uma por vez. Entre as duas, prender Audrey me pareceu mais sensato. Audrey teria mais... – Uma hesitou por um momento. – Proteção.

– Por que você se importa? – Harry perguntou claramente chateado.

– Ela sempre nos ajudou, Harry. O cetro claramente mexe com ela. Não pensou que Audrey pode estar com a Vanguarda Vermelha por vontade do cetro e não dela? Ela foi nossa amiga. Acho que podemos traze-la de volta.

Descendentes 4Onde histórias criam vida. Descubra agora