Cavando mais até o fundo

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Com o sangue fervendo, tomado pela fúria, Jay saiu da sala de jantar sem dizer mais nada. Ele tentou ir para os jardins, mas os guardas o barraram formando um X com suas lanças.

– Se está chateado, vá para o seu quarto. – Kalila disse calmamente, antes de dar um breve gole em sua bebida. – Você só vai sair do palácio quando eu puder confiar que não fará algo estúpido. O mesmo vale para você. – Ela acrescentou lançando um olhar de alerta para Saphira.

Jay não abriu a boca para retrucar. Olhou em volta com os punhos fechados, avaliando os adversários armados. Percebendo que não conseguiria vencê-los, subiu as escadas de volta para o quarto, trêmulo de raiva. Saphira, tão irritada quanto Jay, largou a comida de volta à mesa com brutalidade e seguiu pelo mesmo caminho de Jay.

– Você não podia ter esperado mais um pouco? – A Rainha Kida perguntou com um ar de tristeza.

– Eu odeio ter que mentir para eles. – Kalila respondeu seca. Soltou então um longo suspiro. – Eu vou falar com eles. Mais tarde.

Dito isso, Kalila também se retirou da mesa e foi para o próprio quarto.

Jay se trancou no quarto, acreditando que Kalila viria conversar com ele, o que não aconteceu naquela noite. Teve dificuldades para dormir, perturbado com o que havia acontecido no jantar. Sentia como se Kalila tivesse o traído, o tornou prisioneiro e estava o mantendo longe dos amigos que precisavam dele. Foi dormir com a cabeça latejando, por causa de todo o estresse que Kalila havia lhe causado.

Na manhã seguinte, ele acordou ouvindo uma grande discussão. Não conseguia distinguir as palavras, mas o som da voz que gritava era de Saphira, abafada pelas camadas de paredes entre eles.

Jay se aproximou da porta e a abriu, para ouvir melhor. No momento em que puxou a maçaneta, viu a porta do quarto de Saphira abrir e Kalila sendo empurrada para o corredor pela dona do quarto. Saphira bateu a porta do quarto com tanta brutalidade que o som da pancada ecoou por todo o corredor.

– Eu preciso muito que vocês confiem em mim. – Kalila disse, soltando um suspiro de exaustão e apoiando as mãos na cintura.

– Eu pensei que podia. – Jay respondeu com os braços cruzados, repousando o ombro na porta.

– Eu sou sua irmã. – Kalila retrucou, firmando os olhos nos de Jay.

– Você me prendeu aqui enquanto meus amigos precisam de mim.

– É para o seu bem, meu irmão.

– Como você saberia? – Jay perguntou, desencostando da porta. – A única coisa que fez todos esses anos foi se esconder de mim e andar com aqueles três. Se soubesse o que é para o meu bem teria aparecido em Auradon assim que sai daquela ilha.

– As coisas não são tão simples, Jay. – Kalila disse, assumindo uma posição mais autoritária. – Eu tive que fazer muitas escolhas difíceis, mas todas baseadas no meu amor por você.

– É isso o que você tem para dizer? – Jay olhava Kalila em reprovação, soltando uma baixa risada de deboche. – Parabéns, Kalila. Você soa como uma verdadeira vilã.

– Eu não vou ter essa discussão com você. – Kalila finalizou, antes de cobrir a boca com a mão e tossir forte.

A princesa de Atlântida foi embora e desapareceu do corredor ao entrar no próprio quarto. Jay cruzou os braços, pensativo. Estava preso em Atlântida, mas seria um problema que ele resolveria depois. Não tinha como fugir do palácio sem conhecer o local. Por hora, iria focar na missão dada por Mal. Investigaria mais a fundo sobre a ligação da cidade perdida e o mapa de Heitor que estava na posse dos filhos de Elsa.

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