A Companhia Virginia

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Em alto mar, Uma continuava sua busca por Harry. Ela parava em várias cidades e pequenas vilas, buscando mais pistas sobre o Lobo Vermelho. Suas semanas de pesquisa constataram que ele era um selvagem que protegia os nativos. Antes da barreira ser derrubada, Pocahontas e sua tribo possuíam um bom relacionamento com os demais locais do reino de Auradon. Atualmente, ninguém conseguia se aproximar do território. Uma descobriu que Gaston e o Governador Ratcliffe estavam tentando invadir a terra dos nativos a todo custo, mas misteriosamente todas suas tentativas fracassavam quando entravam no território de Pocahontas. Viajava com John Smith e Thomas no navio da antiga Companhia Virginia até o local mais próximo possível da tribo de Pocahontas. Uma sabia que seria perigoso adentrar o local, mas precisava ir. Tinha que encontrar Harry.

Numa noite de sua viagem, Uma conduzia o navio. John Smith a ajudava com a navegação que Uma não sabia fazer. Por mais que tivesse crescido em um navio na Ilha dos Perdidos, nunca tinha aprendido a navegar.

– Quando vai desistir? – John perguntou, subindo para a popa do navio. Em sua mão, carregava um copo cheio de cerveja.

– Desista de me fazer desistir. Vou encontrar Harry.

– Argh. – John resmungou. – O rapaz quis ir embora. Você é jovem e bonita. Encontre um homem para casar, seja feliz.

– Você veio aqui só para isso? Já concordou com a busca.

– Não concordei. Você roubou o meu navio. Estou cansado dessa viagem.

– Você não estava fazendo nada mesmo. Pelo menos assim é útil, velho. – Uma respondeu de mau humor. John ficou em silêncio por um momento, assistindo o mar.

– Vai vir uma tempestade. Das grandes. – John comentou e começou a descer.

– Ele é o que tenho mais próximo de uma família. – A mulher falou e logo de imediato se arrependeu.

– Mas ele não quer ficar com você. Se quisesse, teria levado você.

– É complicado demais para o seu cérebro embriagado entender

– Talvez você que esteja com medo de admitir que o rapaz não quer você perto. – John falou irritado.

– Acha que só porque a sua vida é triste e solitária, a minha será do mesmo jeito?

– Bem, você está sozinha.

– Eu queria estar. – Uma retrucou. – O que aconteceu com o grande explorador John Smith que Thomas sempre conta as histórias? Você é muito mais legal quando Thomas fala de você no passado.

– Ah, é? – John falou sarcástico. – Qual parte você acha interessante? A que eu luto bravamente contra selvagens e mato todos? A parte que me apaixono pela filha do líder da tribo e quase causamos uma guerra pelo amor? Ou quem sabe a parte que eu a deixo para trás e volto para Londres? Não, a melhor é que ela eventualmente vai para Londres e se casa com outro.

Com essa fala, John foi embora e desapareceu no interior do navio, deixando Uma sozinha e irritada. Aquele John Smith era diferente das histórias contadas por Thomas. A filha de Úrsula conheceu um John Smith arrependido de ter caçado os índios que a única mulher que havia amado. O tempo passou e John envelheceu amargurado com aquilo e sem um propósito para sua vida.

Sozinha agora, admirando o mar naquela noite, Uma lembrou das várias noites que passou no navio da Ilha dos Perdidos. Trabalhava durante o dia no restaurante da mãe que não se importava com ela e ia no final do dia para o navio brincar. Muitas vezes ficava lá em sua própria companhia, sonhando velejar pelos sete mares com Harry e Gil. Tinha inveja dos dois amigos por terem irmãos, assim sempre tinham alguém com que brincar. Uma não. Sua única real família era a mãe que apenas a queria por perto para trabalhar de graça no restaurante.

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