Família

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Evie e Arkin iam juntos em uma moto até a floresta dos anões para, mais uma vez, tentar convencer os homens a irem para um local mais seguro. Evie havia tentado inúmeras vezes, após a morte de Doug, todas em vão. Dentro dela, havia um forte sentimento de culpa. Sentia isto por não ter sido capaz de proteger os sete anões, ou até mesmo Doug. O sentimento a consumia por dentro e ela já não o aguentava mais. Torcia para que desta vez, com o auxílio de Arkin, convencesse os anões a irem embora de vez.

Quando a floresta ficou densa demais para avançarem de moto, esconderam o veículo nos arbustos e seguiram a pé.

– Esse lugar parece um filme de terror. – Arkin comentou.

Aquela parte da floresta situações normais já era horripilante. Por causa da magia misteriosa que deteriorava tudo, a floresta estava pior. Os galhos enganchavam em suas roupas e peles, que chegou a arranhar o braço de Arkin. Morcegos que aproveitavam a escuridão que as árvores proporcionavam pareciam estar seguindo os dois com os olhares. Arkin, com medo de se separarem, segurou a mão de Evie e a seguiu pelo caminho que a filha da Rainha Má conhecia.

Pareceu uma eternidade, mas conseguiram sair daquela parte da floresta. Evie, que havia visitado o local inúmeras vezes, notou a ausência dos animais que ficavam perto da casa dos anões. Ela procurou por eles, porém nenhum sinal de vida. A floresta naquela área que costumava ser muito mais cheia de vida, estava morta.

– Nós temos que tirar eles daqui, Arkin. – Evie disse angustiada, já imaginando a dificuldade que seria convencer os sete anões a deixar a floresta.

– Não se preocupa. Vamos conseguir. – Arkin apertou a mão de Evie e sorriu. A mulher o observou sorrir e teve a estranha sensação de que a floresta ficou iluminada por um momento.

– Você está bem confiante. Espero que esteja certo. – Evie falou, com um sorriso fraco, mas com um pouco mais de esperança.

Como já tinham passado da parte mais medonha da floresta, Arkin soltou a mão de Evie. Ela ia na frente e o loiro a seguia. Enquanto se aproximavam do destino, a mulher começou a refletir sobre o rapaz. Ele tinha abandonado o reino de Arendelle, o qual ele era herdeiro do trono, para partir com Mal e Bem e enfrentar a guerra na linha de frente, ao contrário da decisão da família real do seu reino.

– Arkin... Por que você está aqui? Digo, por que abandonou Arendelle para se juntar a nós?

– Ah, sei lá.

– Eu vivi minha vida inteira com mentirosos. Você vai precisar se esforçar mais. – A mulher de cabelo azul comentou com um leve sorriso, olhando o rapaz por cima do ombro antes de voltar a olhar para frente.

– Você já sentiu como se não pertencesse a algum lugar? – Evie imediatamente se identificou com a frase proferida pelo filho de Anna. Podia dizer que sim, mas não interrompeu o rapaz. – É esquisito, mas eu nunca achei que Arendelle fosse meu lugar. O que não deveria acontecer, porque sou o príncipe. É o meu reino. Eu sempre senti que meu lugar era em outro canto. Eu sei que não faz sentido.

– Acho que faz total sentido. – Evie afirmou. – E agora entendi. Mal aparecendo em Arendelle foi sua chance de achar seu lugar.

– Acho que sim. E sinceramente, não me sinto mal por ter deixado o reino. Claro que sinto falta da minha família, mas eu não estava sendo útil para enfrentar Hilda e Festo. Minha tia tem superpoderes, minha mãe é a rainha, meu pai cuida da população, meu primo tem um supercérebro. Eu estava sobrando. Agora com vocês eu posso tentar ser útil.

Evie se sentia exatamente como Arkin. Desde o início da guerra, não sabia qual era sua exata função. Era como se estivesse sobrando. Após confessar sua angústia para Mal, a amiga havia lhe dito que sua função era a de unir o grupo. Mas que tipo de função insignificante era esta? Não era algo útil. Não para uma guerra. Não para impedir as mortes das pessoas que amava.

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