Descendentes 4

Zero a herói

Mal não acreditou nos seus olhos. Se abaixou para ficar mais perto de Célia.

– Por que? – Mal sussurrou. Uma mão tocou sem ombro. Sua reação instantânea foi afastar a mão com brutalidade. Ela puxou o corpo da morena desacordada para si. A pele de Célia era fria. – Célia, por favor, volta. Eu vim te buscar. Volta! – Ela implorou em vão. Seu choro foi abafado quando Mal abraçou o corpo da menina.

– Tente se acalmar, Mal. – Dr. Facilier pediu com pena.

– Cala a boca! É culpa sua que Célia está aqui! – Todos assistiam a cena em silêncio. Por um tempo, apenas o choro de Mal era escutado. – Eu não fui capaz de salvar Carlos. Também não consegui salvar Célia. Eu treinei tão duro no Tártaro, mas nada mudou.

Mal deixou que Altair pegasse o corpo sem vida de Célia nos braços para que tivesse seu momento de luto. Ela levantou e permitiu que Ben a abraçasse. Dr. Facilier puxou a bengala, apontou para Célia e começou a murmurar algo em um idioma desconhecido para Mal.

– Dr. Facilier... Essa magia... – Oni falou. – Dr. Facilier, pare. Célia veio até aqui para te salvar.

– Eu não entendo o que está acontecendo. – Mal disse. – Deixa ela em paz. O que pensa que está fazendo? – Ela tentou se aproximar. Oni estendeu o braço para impedir que avançasse.

– Vai ficar tudo bem, Mal. Ele está a trazendo de volta.

Com exceção do homem mais velhos, todos os rostos viraram para Oni.

– Isso é realmente possível?

Oni confirmou com a cabeça. O rosto de Mal tinha uma mistura de dúvida e esperança. A esfera de vidro na ponta da bengala de Dr. Facilier brilhava. Mal reparou que ele começava a ficar fraco. A magia que usava parecia drenar sua energia.

– Mal. – Dr. Facilier chamou. – Célia costumava te olhar de longe na Ilha dos Perdidos. Sempre te admirou muito. Eu disse para ela se aproximar de você. Sabia que seria uma boa amizade para minha filha. – Ele sorriu. – Obrigado por cuidar dela como uma irmã. Por favor, continue. E vença essa guerra. Eu sei que você consegue mudar esse mundo destruído por adultos cheios de raiva.

Ao pronunciar tais palavras, ele fechou os olhos. Teria caído no chão se Ben não o tivesse segurado.

Célia abriu os olhos devagar. Mal soltou um suspiro de alívio.

– Você me deixou tão preocupada. – Mal se abaixou para tocar o rosto de Célia. Viu a mão tremendo. A menina realmente tinha voltado.

– Mal? Altair? – Célia perguntou confusa. – Por que vocês estão aqui?

– Viemos te buscar. – Altair respondeu.

– Pai?

– Acho que ele ficou cansado demais e desmaiou. – Mal deduziu.

– Não. – Oni respondeu com pesar na voz. – Ele usou uma magia vodu de ressuscitação. Ele trocou a própria vida pela de Célia.

– O que? Não. – Célia tentou ir até o pai, mas sentiu uma forte dor do corpo e gemeu.

Mal olhou para o corpo sem vida de Dr. Facilier, ainda segurado por Ben. Seus olhos encontraram com o do marido. Ela não entendeu. Dr. Facilier tinha dado a própria vida pela filha.

– Célia, vamos levar você para casa. – Ben falou. – O sacrifício do seu pai não foi em vão. Oni, abra o véu.

Sem esperar outro comando, Oni abriu a passagem de volta para o reino de Hades e todos atravessaram. Ben trouxe consigo o corpo de Dr. Facilier, para que Célia pudesse enterrar o pai e lhe dar um adeus digno de seu sacrifício.

– Parece que conseguiram. – Hades disse animado, antes de seu olhar cair sobre Dr. Facilier nos braços de Ben e assumir uma posição mais séria. – Acho que seu pai era uma das poucas pessoas decentes daquela ilha, Célia.

Hades ordenou que Agonia e Pânico ajudassem Célia. A menina estava muito fraca após ter passado tanto tempo no Outro Lado.

– A alma dele virá para cá? – Mal perguntou.

– Receio que não. – Hades respondeu sério. Ele viu as armas nas mãos de Ben e Arkin. – Eles apareceram para ajudar, é? Um arco solar e um escudo lunar. Sabem que eles retraem, não? – Hades explicou. – A sua espada também, Mal. É só querer. – Dito isso, os três olharam para suas respectivas armas. As três viraram braceletes. – O que farão agora que salvaram Célia?

Mal olhou para Ben. Não tinham alternativa. Iriam vencer aquela guerra.

– Pode nos levar para qualquer local? – Mal perguntou e Hades confirmou com a cabeça. – A primeira visão de Bruno era de Malévola destruindo a vila dos Madrigal. Pensei em irmos para lá e nos juntar a eles para enfrentarmos Malévola.

– E quantos às outras visões? – Arkin perguntou.

– Não sei onde estão nenhuma das pessoas da segunda visão. Vamos confiar que Uma dará um jeito.

– E vamos impedir a terceira visão de ser realizada. – Ben concluiu.

– Senhor Hades. – Altair chamou. – Pode enviar Oni, Célia e Dr. Facilier para Agrabah? Meus pais cuidarão do restante. – Hades confirmou e fez o que foi pedido. – Mal, obrigado.

– Não conseguimos salvar Facilier. Mas vamos impedir Malévola.

– Fizemos o melhor. – Altair falou. – Obrigado. Infelizmente vou precisar me separar de vocês agora.

– Do que você está falando?

– Faz tempo que tenho escutado uma voz me chamando. A ignorei por causa de Célia, mas agora que a salvamos preciso ir.

– A gente precisa de você para enfrentar Malévola e depois Maligno. – Ben insistiu.

– Eu sinto que vou ajudar muito mais se seguir essa voz. Eu sei que não faz sentido, mas é o que minha intuição diz.

– Altair, eu não sei do que você está falando. – Mal disse. – Porém aprendi que tenho que seguir mais a minha intuição.

– Ainda vamos nos ver antes do final dessa guerra. Eu vou estar com vocês. Não se preocupem. Vamos acabar com a guerra. Eu devo isso ao Dr. Facilier.

Com isso, Altair pediu para ser enviado para um conhecido país ao norte. Hades o enviou para Arendelle. Para aproveitar a viagem, Arkin pediu para que ele encontrasse com sua família e avisasse que estava bem. Altair lhe garantiu que passaria o recado e foi enviado por Hades.

– Como vocês estão? – Mal perguntou, observando as feridas externas de Ben e Arkin.

– Bem. – Respondeu o marido, meio perdido nos próprios pensamentos. Não estava focado nos diversos ferimentos abertos em seu corpo. – Célia ficará bem?

– Não é como se ela tivesse outra opção. – Mal respondeu. – Será difícil, mas ela vai ficar bem. Arkin, e você?

– Posso fazer isso o dia todo. – Arkin brincou. Socou o ar algumas vezes para demonstrar força. O movimento seu ombro doer e ele gemeu de dor. – Nem doeu.

– Não sabemos quanto tempo vai demorar para Malévola aparecer. Precisamos estar preparados.

– Posso ajudar. – Hades disse. – Agonia! Pânico! Tragam néctar para os três.

O consumo do néctar ajudou a curar as feridas de todos e recuperar suas energias. Com os três prontos para partir, Hades os enviou para encontrar Mirabel Madrigal.