Seu lugar

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Com o pergaminho aberto sobre a mesa, o ambiente era carregado de tensão. Os jovens observavam atentamente o mapa de Arendelle, onde um "X" vermelho marcava um local próximo às montanhas. A presença do rei Fera e de Bela na sala não trazia conforto, mas uma pressão ainda maior. Bela mantinha os olhos fixos em Mal, o coração apertado pela preocupação de mãe, enquanto o antigo monarca falava de maneira firme, como se sua voz pudesse resolver tudo. Entretanto, apenas Bela parecia realmente ouvir.

Mal não desviava o olhar do pergaminho. A localização escolhida por Heitor não era um mero capricho. Ele havia enviado Ben para um território onde Auradon não tinha influência alguma. Arendelle, governada pela rainha Anna, era uma nação neutra, envolvida em sua própria guerra contra o príncipe Hans. Anos antes, Ben tentara estabelecer uma aliança, mas fora rejeitado. Agora, a frieza daquela decisão se mostrava cruel.

— E então, Mal? — A voz grave do rei Fera a trouxe de volta de seus pensamentos tumultuados. — O que você vai fazer?

Mal ergueu os olhos lentamente, encarando o sogro. Ela não respondeu. Sabia que sua hesitação era evidente para todos na sala. Bela estava ao lado do marido, as mãos juntas, a expressão de desespero mal contida. Em um canto da sala, Harry estava próximo à janela quebrada, o punho ainda sangrando do golpe que dera momentos antes, em um surto de raiva causado pelas provocações de Heitor e Helena. Uma o observava de longe, querendo acalmá-lo, mas sem saber como.

Evie, por sua vez, mantinha o olhar distante, perdida em pensamentos que Mal podia adivinhar. Jay estava em silêncio absoluto, algo que não combinava com ele. Conhecido por sua coragem e confiança, o filho de Jafar parecia despedaçado pela visão da irmã.

A mente de Mal era um campo de batalha. A pressão era avassaladora: precisava salvar Ben, apoiar seus amigos, lutar contra os vilões e ainda lidar com as intrincadas questões políticas que ameaçavam Auradon. A ironia de sua situação era amarga. Desde criança, sonhara em reinar sobre Auradon, corrigir as injustiças do decreto de Fera que condenara as crianças da Ilha por crimes de seus pais. Agora que tinha a chance, sentia que estava falhando em todas as frentes.

— Mal — insistiu o rei Fera, desta vez mais impaciente. — O que você vai fazer?

Ela respirou fundo, lutando para manter a calma.

— Vou encontrar Ben.

— Quem são esses que sequestraram meu filho? — ele perguntou, com a voz grave.

Antes que Mal pudesse responder, Evie tomou a palavra, como se sentisse que a amiga precisava de apoio.

— Eles nos treinaram — disse, com a voz firme. — Heitor, Will e Helena nos tornaram os vilões que éramos. Eles eram os líderes da Ilha antes de desaparecerem.

— Ninguém fugiu da ilha.

— Seus guardas que não contaram.

— Nem vocês. — rebateu Fera, estreitando os olhos.

— Achávamos que estavam mortos. — Mal retrucou levantando a voz para o rei.

A sala mergulhou em um silêncio desconfortável. Bela olhou para Mal, os olhos marejados, como se quisesse acalmar os ânimos. Mas antes que a conversa pudesse continuar, Uma deu um passo à frente, determinada.

— Não importa mais — disse ela, a voz firme. — Vamos enfrentá-los.

— Eles sempre ganham. — murmurou Harry, com o olhar fixo na janela quebrada, a raiva transbordando.

Foi nesse momento que uma lembrança iluminou a mente de Mal, como um relâmpago na escuridão.

Sob o céu claro e o calor abrasador de uma tarde na Ilha dos Perdidos, Mal, com apenas sete anos, reunia o grupo em um círculo improvisado no pátio principal. A pequena líder comandava com firmeza, embora sua voz jovem ainda carregasse a inocência infantil.

Descendentes 4Onde histórias criam vida. Descubra agora