No interior do castelo, Evie caminhava de volta para a sala, mas notou que a iluminação do sol diminuiu estranhamente. Sem entender, se aproximou da janela e viu o céu, que há pouco tempo era limpo, fechado com nuvens de chuva pesadas.
As primeiras gotas molharam o vidro da janela, até que a chuva se intensificou e a visão dela ficou comprometida. Ainda assim, conseguiu ver algo espantoso. Rachaduras apareciam no chão e de lá saiam figuras esqueléticas, andando como zumbis, com espadas e capacetes.
– Heitor. – Evie murmurou para si.
Correu pelos corredores, avisando aos guardas e pegando uma espada para lutar. Tinham que proteger o castelo, por mais impossível que fosse. Seus guerreiros mais fortes haviam acabado de partir. Por mais que Evie soubesse lutar, não seriam o bastante, não contra o enorme exército de esqueletos queria invadir o castelo.
Vários esqueletos forçavam passagem para o castelo, mas a filha da Rainha Má, ao lado da guarda real, lutava contra eles. Eram muitos e estavam conseguindo entrar sem muita dificuldade. O fato de ter sido um ataque surpresa foi uma tremenda desvantagem.
Percebendo que não conseguiria detê-los para sempre, decidiu encontrar e fugir com Bela e o rei Fera. Procurava por todo o castelo, mas nenhum sinal dos dois. Não estavam em nenhum dos cômodos daquele imenso castelo. Então a primeira pista veio: um rugido. Ela seguiu o som emitido pelo rei Fera. Preocupou-se com os rugidos de dor que vieram a seguir e apressou o passo.
Ela chegou no telhado do castelo. Lá estava o trio que causava tanto problema com o rei ajoelhado na frente de Heitor. A chuva forte e os trovões atrapalhavam o som, mas pela leitura que fizeram da cena, eles estavam conversando. Até que Heitor chutou a face do rei e Evie denunciou a sua chegada.
Pisou mais na frente para o telhado. Ficou encharcada em poucos segundos por causa da forte chuva. Quando viram a garota se aproximando, Helena e Will ficaram entre ela e Heitor, que conversava com o rei. Mais de perto, Evie pôde ver o estado deplorável em que o rei se encontrava. Cheio de feridas pelo corpo, rasgos de espada, o lábio sangrando.
– Você não faz ideia do quanto sonhei com esse momento. – Heitor falava calmo, mas o ódio era evidente. Ele tossiu forte. – O seu erro foi trancar a gente lá e nos transformado em vilões. Por sua causa, a gente cresceu com medo, com o mundo nos odiando sem ao menos ter um motivo. Essa destruição do reino não é culpa da Mal. Você que nos transformou em monstros. A culpa é sua, Fera.
– Eu errei com vocês. Não devia ter tratado vocês assim. Me desculpa. – O rei pediu de joelhos para Heitor.
– Viu? Agora você me respeita. Enquanto a gente apodrecia lá naquela ilha, você não se importava. Estava muito ocupado com seus banquetes de luxo.
Heitor pegou o rei pelo pescoço e o ergueu. O rei Fera tentou lutar, agarrou o braço de Heitor com as duas mãos, mas ele estava ferido demais. Ciente disso, Heitor carregou o homem para a ponta do telhado. Evie tentou ajudar, mas Will apontou a arma para ela e Helena levantou a espada melada de sangue.
– É muito tarde para desculpas. – Heitor esticou o braço e o tirou do telhado, o segurando pelo pescoço. Os pés do homem não tinham mais como alcançar o telhado. Se Heitor o soltasse, o rei cairia há uma distância de mais de cinquenta metros. – Vinte anos de atraso.
– Heitor, eu... – O rei tentou falar, mas Heitor apertou o seu pescoço e o impediu.
– Auradon será governado por alguém digno.
– Você? – O rei Fera perguntou e Heitor sorriu com malevolência.
– Vida longa ao rei. – Heitor abriu os dedos da mão e deixou o rei cair em uma queda livre até o chão.
Evie gritou em protesto, mas nada pôde fazer. Ela correu até a ponta do telhado e viu o corpo estendido do rei. O sangue do rei Fera se misturava com a água da incessante chuva. O pai de Ben estava morto.
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Descendentes 4
AdventureApós a destruição da barreira e reconstrução da ponte, alguns vilões e descendentes encontraram seu lugar no mundo e tentaram viver em paz. Porém nem todos ficaram felizes com os vilões a solta e com razão. A maioria dos vilões não quis um "felizes...