Vejo uma porta abrir

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Durante uma semana, Saphira ajudou Jay a conhecer o dialeto de Atlântida. Ele não tinha qualquer domínio, mas começava a identificar alguns símbolos, o que era um grande avanço. Os dois estavam se dando muito bem, e eram vistos andando juntos o tempo inteiro. Por outro lado, nenhum dos dois falava com Kalila.

A princesa de Atlântida não fez qualquer menção de dar o braço a torcer e ir falar com eles. Jay percebeu que assim como ele a irmã estava infeliz com a situação. Mas sentia que a conversa entre os dois estava próxima. Jay já havia aprendido muito sobre Atlântida, devia voltar o quanto antes para Auradon para repassar as informações aos amigos.

Jay e Saphira estavam na sala de pesquisa, bem tarde da noite. Continuavam a vasculhar por qualquer pista que Heitor pudesse ter deixado para trás na sala de pesquisa, mas nada tinha sido encontrado até então.

– Já passou uma semana e nada. – Jay resmungou em frustração.

– Eu falei. – Saphira disse, ajeitando o cabelo para o lado. – Você é quase tão teimoso quanto Heitor.

– Sempre que você menciona ele parece que gosta dele. – Jay falou, sem se importar em esconder o tom de inveja.

– Está com ciúmes? – Saphira debochou. – Você também não gostava dele com Kalila, não é?

– Ah, não enche. – Jay disse, sentando de costas para Saphira e mexendo no diário do Rei Milo.

– Que? – Saphira riu. – Foi você quem começou o assunto.

– Você que o mencionou.

– Eu sei que ele é um vilão, traiu Atlântida, invadiu Auradon e tudo mais. Mas... ele sempre foi gentil comigo. Eu tinha nove anos quando eles chegaram aqui. Durante três anos eles ajudaram nas pesquisas, viajaram pelo mundo encontrando pistas. Todos os adoravam, eram tratados como heróis. Helena me ensinou a lutar, era incrível. Will não falava muito, mas foi a pessoa mais doce que conheci. – Saphira contava nostálgica. – Heitor era um pouco mais distante, mas ele sempre foi gentil. Costumava dizer que eu o lembrava da irmã dele e desejava que eu um dia a conhecesse, pois seriámos grandes amigas. Ele e Kalila viviam juntos. Kalila sempre foi uma pessoa alegre, mas quando ela estava com Heitor... Ela dizia que sentia que com ele teria o seu final feliz. – Jay se mexeu em desconforto com aquelas palavras de Saphira. – Era incrível quando voltaram de viagem, o reino fazia uma festa para ele. Até que... fizeram o que os vilões fazem. Roubaram os mapas e as pesquisas. Foi horrível aquele dia. – Saphira fez uma pequena pausa, tentando lidar com as lembranças. – Eles destruíram tudo, mas o que mais me incomoda é que quebraram Kalila. Quando ela voltou no ano passado... ela não era a mesma. Kalila foi minha melhor amiga durante a infância, era cheia de alegria. Quando voltou... não sei explicar. Ela parecia triste, seus olhos não tinham mais vida. Ela sorria para todos, mas eu via que não eram sorrisos verdadeiros. Tentei falar com ela, mas ela negou qualquer problema.

– Qual é o ponto da história?

– Não percebe o quanto tudo isso é confuso? – Saphira disse. – Eles não eram maus, Jay. Eu tenho certeza. E Kalila... algo aconteceu durante a viagem dela. Algo ruim.

– Saphira, eles são vilões. Eles parecem legais quando querem. É o que vilões fazem.

– Eles não estavam fingindo. – Saphira disse, mas em sua mente estava tudo confuso. Ela não tinha mais certeza. Era frustrante demais para a garota não saber a verdade.

– E se... e se meu pai encontrou Kalila?

– Como assim?

– Meu pai pode ter encontrado Kalila, mas e se Heitor o matou? Tudo faria sentido. Foi o que quebrou Kalila.

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