Nas masmorras do enorme castelo de Auradon, entravam duas figuras. O único som além das dos passos e batida ritmada do cajado tocando o chão a cada segundo era das chamas estalando, a única fonte de luz do ambiente subterrâneo. Os dois caminharam até uma das celas, onde a prisioneira segurava as grades de ferro.
– Bom dia, princesa. – Cumprimentou Heitor, em seu típico ar esnobe. – Espero que tenha passado a noite bem.
– O que você quer? – Resmungou Melody.
– Te apresentar alguém. Esta aqui é Kalila. – Indicou a morena de cabelos brancos que segurava o cajado de serpente. Kalila trajava um manto azul claro e abaixou o capuz que cobria o rosto para Melody enxerga-la.
– E por que eu me importaria? – Melody debochou.
– Imagino que esteja familiarizada com a história da sua mãe, certo? Úrsula precisou da voz de Ariel para encantar o seu pai. Preciso que você ceda a sua voz para mim.
– Você deve ser muito idiota se acha que te darei qualquer coisa. – Melody respondeu.
– A única razão para você estar presa é minha necessidade de ter sua voz de sereia. Me dê e você estará livre. Me parece um bom acordo, visto que ninguém vai te tirar daqui.
Melody ficou quieta, considerando a oferta. Ela sabia que não devia confiar na palavra de um vilão, mas duvidava que saísse dali sem que Heitor deixasse. O rapaz de cabelo azul, por outro lado, esperava paciente com um sorriso esnobe, ciente de que era o lado mais forte da negociação.
– Posso esperar você pensar no assunto, se assim desejar. – Sugeriu Heitor.
– Eu troco minha voz pela minha liberdade... E sua promessa de que não atacará meu povo.
– Ah. – Heitor riu. – Uma monarca se sacrificando pelo povo. Algo que faltou na geração passada. Mas Melody, você não está em posição de negociar.
– Você precisa da minha voz e eu preciso garantir a segurança do meu povo e da minha família. – Melody retrucou, segurando as barras de ferro com mais força.
– Existe mais de um jeito ter sua voz. – Heitor sorriu em silêncio por alguns instantes. Então levou a mão ao pescoço da princesa e o puxou para perto, contraindo o rosto de Melody contra as grades. A princesa grunhiu de dor, enquanto Heitor observava quieto, aproximando o próprio rosto devagar. – Eu posso ser bem persuasivo. Você me vai dar sua voz, Melody. Tenha certeza disso. Só quero saber se vai fazer isso agora ou depois que eu quebrar cada um dos seus ossos.
Heitor liberou o pescoço de Melody, agora marcado com seus dedos. A mulher se afastou, tossindo forte. O rosto latejava por ter sido forçado contra as frias grades da cela. Heitor e Kalila a encaravam, os olhos de Heitor brilhavam em um verde claro. Pela primeira vez, Melody sentiu medo por estar na presença de um vilão e entendeu que Heitor era diferente dos outros que já havia enfrentado. Ele não pegaria leve ou cometeria o erro de subestimar os heróis.
– Melody... – Kalila falou, tocando o ombro de Heitor para ele recuar e deixar que ela falasse. – Você é inocente. Não queremos que você se machuque. Nós vamos conseguir o que queremos, de um jeito ou de outro. Então por que se machucar? Também não precisamos de você aqui, assim que nos der sua voz, você poderá ir embora. – A mesma determinação que Melody viu em Heitor, ela via em Kalila. As abordagens eram diferentes, mas o olhar de Kalila era igualmente intimidador. – Temos um acordo?
– Não vou dar nada para vocês. – Melody respondeu firme, massageando o pescoço. A princesa faria de tudo para manter os vilões longe de qualquer que fosse o objetivo deles.
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Descendentes 4
AdventureApós a destruição da barreira e reconstrução da ponte, alguns vilões e descendentes encontraram seu lugar no mundo e tentaram viver em paz. Porém nem todos ficaram felizes com os vilões a solta e com razão. A maioria dos vilões não quis um "felizes...