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Dean e eu pegamos o carro do Bobby e fizemos o trajeto até o velho galpão, em completo silêncio. Meu estômago revirava com tamanha ansiedade. Pela proximidade com Dean ou talvez pelo que estávamos prestes a fazer.

Assim que entramos no galpão, começamos a cobrir as paredes até o teto, com sigilos, armadilhas do diabo e símbolos de todas as culturas, que talvez pudessem nos proteger. Sei que isso não deteria um anjo, o sigilo para eles é mais específico, mas preferi garantir, caso eu estivesse enganada.

- Vamos ficar assim? - Dean quebra o silêncio enquanto continuávamos a fazer os desenhos - Como se fossemos completos desconhecidos?

Era assim que ambos nos sentíamos, como dois estranhos. Mas agora não era o momento para conversarmos e tentar resolver o que nos incomodava.

- Acho que isso deve dar! - falo me referindo aos sigilos enquanto dou as costas ignorando-o.

- Tá! Então vai ser assim mesmo? - ele diz se aproximando e se pondo na minha frente, alheio a confusão de emoções em que eu me encontro no momento - Sabe qual foi o meu primeiro pensamento quando saí daquela cova? Ver você! Poder sentir seu cheiro, o gosto da sua boca outra vez... Eu só precisava de você! - ele faz uma pausa analisando se suas palavras causou algum efeito em mim, mas dou as costas a ele novamente. - Sei que isso deve ser assustador, mas Porra, eu tô aqui! E parece que para você, tanto faz! Eu só queria o seu abraço, mas você se quer consegue me olhar.

Eu queria gritar, queria dizer tudo que guardo para mim, explicar a ele que, na verdade, eu não passava de uma covarde, uma garotinha traumatizada que só estava marcada pela dor de ter perdido alguém de novo. E que agora só está cansada e com medo de ter entrado em um ciclo sem fim de perdas e amores fracassados.

Inspiro fundo virando-me para olhá-lo enquanto meus olhos inundados, lutam para segurar as lágrimas. Nenhum de nós faz qualquer movimento em direção ao outro. Eu estava machucada e ele magoado.

- Vamos começar logo! - digo antes de passar por ele e começar o ritual. Me ponho frente a pequena mesa com uma bacia de bronze e velas, e logo começo a recitar - Amate spiritum obscura / Te quaerimus / Oramus nobiscum colloquere / nn circita Apud

20 minutos depois...

Dean estava sentado sobre uma mesa e eu sentada sobre algumas caixas em frente a ele em completo e absoluto silêncio. Às vezes nossos olhos se cruzavam, mas nenhum dos dois abria a boca para falar qualquer palavra.

- Vem cá, você tem certeza que fez o ritual certo? - ele por fim quebra o silêncio, mas de mim, só recebe um olhar mortífero - Ah, desculpa, você não fala com ex condenados recém tirados do inferno.

- Sabe! A impressão que eu tive até agora é que você voltou ainda mais irritante - Por fim deixo a ansiedade me levar pelo pior caminho.

- Olha, ela tá falando! - ele diz sorrindo debochado - Que engradado! Resolveu abrir a boca para falar comigo, mas só para me criticar

- E você está me elogiando né?! - digo enquanto cruzo meus braços na defensiva - Ritual errado, era só o que me faltava - resmungo para mim mesma.

Derrepente, o vento começa, se tornando cada vez mais forte. Sacudindo as telhas de zinco do velho galpão. Dean e eu nos pomos de pé, preparados - ou não - para o que estivesse se aproximando.

- Eu queria muito, mas talvez não seja só o vento - ele diz ao meu lado, segurando um rifle enquanto eu empunho minha adaga

As telhas ondulam, as lâmpadas explodem sobre nossas cabeças, fazendo faíscas saltarem.

O grande portão a nossa frente, se abre sozinho. E mesmo protegendo meu rosto das faíscas, eu pude ver o exato momento em que um homem vestindo sobretudo, adentrava o lugar com passos firmes e confiantes.

A Nefilim e os winchesters Livro 1Onde histórias criam vida. Descubra agora