Segunda chance trata-se sobre um livro cheio de feridas e mágoas jamais ditas. Personagens que irão crescer e evoluir com o tempo e saber entender que às vezes, nem tudo sai conforme nós queremos. Que nem mesmo amando alguém imensamente, é o suficie...
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— Eu avisei sobre os riscos, avisei mil vezes – Duth se queixa, e mais uma vez eu o ignoro, concentrando minha atenção no saco de pancadas e descontando toda a raiva que fervia em meu sangue agora.
— Tinha tudo parar dar certo! – Owen se defende, alterado também.
— Dar certo como, Owen? Você queria que eu voltasse e continuasse no mesmo lugar que aquela velha estúpida? – pergunto, retirando as luvas e as jogando no chão, eu desço do ringue e caminho até eles, enxugando meu suor com uma toalha — Ela começou essa guerra.
— Não, você começou quando agiu daquela forma, não era para você fugir.
— Ele é a porra de um menino – Duth ruge — O que diabos você queria?
— Eu ainda estou aqui, treinador.
— Eu não dou a mínima se você está aqui, show business.
— Me deixe ler isso, não pode ser tão ruim – eu pego o tablet da sua mão em um puxão rápido, Owen, que já está zangado, me lança um olhar de desaprovação.
— É bom que você leia e saiba em qual merda nos enfiamos agora.
“Na sexta-feira passada, O garoto Riven O’Connell, mais conhecido como o anjo da morte por seus fãs, compareceu no programa “de olho nas celebridades” onde foi acusado de ser grosseiro com a apresentadora do programa, quando a mesma só pergutara sobre as informações de sua família, testemunhas alegam também que Riven O’Connell não passa de uma criança mimada, já que foi embora no meio do programa por não gostar das simples perguntas que a...”
Jogo o tablet na mão de Owen, entediado.
— Desculpe, eu só vejo merdas.
— Sim, e são sobre você. Será que não entende isso? A proporção que isso pode levar?
— O que eu não entendo é porque estamos dando tanta atenção à um site de fofoca quando deveríamos focar no campeonato.
Duth esfrega as mãos em seu rosto, completamente impaciente.
— Estão ofendendo a sua honra, garoto. Esse é o momento em que eles vão usar para derrubar você e sua fama.
— Aquela mulher menosprezou o que eu faço, treinador. Como acha que eu me senti?
— E o que diabos isso tem haver, afinal? Você precisa mesmo da aprovação de todo mundo? Há maneiras de se defender sem que seja atacando de volta, moleque show business.
— Eu não podia ficar parado enquanto ela me humilhava em meio à toda a cidade e plateia. Você vai me desculpar, mas meu pai me ensinou a não levar desaforo para casa e se por acaso alguém vier me diminuir, eu não devo abaixar a cabeça!
— Oh, merda.. – Owen resmunga entre os dentes — Acho que estamos ficando com problemas maiores.
— Diga de uma vez, a merda já está feita – Duth diz.
— “O adolescente Riven O’Connell está sendo atacado nas redes sociais depois de sua fala machista contra a apresentadora Claire Morgan, de “De olho em celebridades”...
— Machista, mas que inferno é esse? – coloco a mão no peito, realmente ofendido.
— Riven machista está no top um do Twitter – Owen fala, rolando os olhos apressado em seu aparelho — Foda-me! isso virou uma bola de neve do caralho.
— O Twitter é um lugar para pessoas amargas e que simplesmente não tem absolutamente nada para fazer do que seguir o bonde como um monte de vacas sem cérebro – digo, sentindo meu sangue ferver em minhas veias.
— Ainda bem que ninguém está ouvindo você.
— Estou mentindo? As pessoas adoram falar mal e julgar as pessoas sem saber de fato o que está acontecendo.
— Mas afinal – Duth diz, com suas sobrancelhas franzidas em confusão — O que ele disse que foi algo para se considerar uma fala machista?
— Algo sobre cada um faz o que pode – Owen explica, rolando o dedo na tela do seu aparelho.
Um gemido de frustração escapa de mim e reviro meus olhos, cansado dessa chatice.
— Isso é sério? Isso nem foi uma fala machista. Eu só quis dizer que a única coisa que ela é capaz de fazer é cuidar e acabar com a vida dos outros em vez de cuidar da própria vida.
— Não é isso que os adolescentes estão falando.
— Foda-se eles – esbravejo — Um monte de mente vazia e cheia de merda que procura qualquer coisa para militar em troca de like.
— Eis o que nós vamos fazer – Duth troca um olhar entre nós dois e suspira, tentando manter a calma, mas acredito que todos nós estávamos falhando nisso — Você Owen, vai fazer o que sabe fazer de melhor, limpar a merda dessa internet e derrubar essas notícias antes que cheguem longe demais, e eu, vou contatar um advogado para calar a boca dessa mulherzinha mimizenta.
— Está bem, e lá vamos nós – Owen fala, fingindo animação.
— E quanto à mim?
— Você sumirá da internet até que tudo esteja resolvido, foque em seu treino e nada mais além disso.
— Estão me deixando de fora da diversão?
— Você já causou problemas demais – Owen diz, virando-se para sair — Vamos lá, Duth, vamos virar esse jogo e colocar essa mulher em seu devido lugar.
— Boa time! – eu olho para Duth, que ainda está parado em seu lugar, me olhando — Alguma outra ordem?
— Eu entendo, eu realmente entendo que você não gosta de ser menosprezado. Mas precisa saber jogar nesse novo mundo, garoto, o jogo dos holofotes é arriscado e exige paciência antes de mover quaisquer peça.
Eu abro e fecho a boca várias vezes, só agora tomando noção da complexidade das suas palavras e do que ele queria me ensinar. Meu celular toca uma, duas e diversas vezes, meus parentes e amigos me ligam desesperadamente.
A notícia não havia se espalhado tanto, segundo Owen ainda dava para me recuperar, mas Miguel sempre está de olho em tudo, provavelmente já sabe o que está acontecendo e, sem que eu precise pedir, vai me ajudar com essa bagunça.
No minuto seguinte, meu celular se ascende com uma mensagem dele, avisando que as coisas já estavam indo para debaixo do pano e meu corpo relaxa um pouco. Mas acho completamente difícil que fique por isso, Duth estava certo, eu havia feito um mero movimento estúpido e teria que arcar com essa porra.
Caminhando até o bar do outro lado da academia, eu pego uma garrafa de whisky que já está guardada há meses e a encaro, hesitante demais em dar meu primeiro gole. Eu nunca fui tanto de beber, mas agora preciso de algo que faça essa dor de cabeça parar.
Respiro profundamente tomando coragem e tomo um gole, seguido de vários outros e tentando me acostumar com o gosto ruim na minha boca, aos poucos, meu corpo parece perder os sentidos e ficar mais lento, minhas pálpebras pesarem, meu corpo parece.. flutuar, e eu realmente gosto disso. Eu gosto dessa sensação.