Segunda chance trata-se sobre um livro cheio de feridas e mágoas jamais ditas. Personagens que irão crescer e evoluir com o tempo e saber entender que às vezes, nem tudo sai conforme nós queremos. Que nem mesmo amando alguém imensamente, é o suficie...
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— MINHA NOSSA SENHORAAA! – o locutor grita como um louco em seu microfone, fazendo a plateia ir à loucura com seu entusiasmo — Senhoras... Senhores... isso é uma guerra!
A plateia grita desesperadamente e fecho meus olhos, tentando enxergar apenas com um olho bom, o outro, estava fechado e inchado, completamente coberto de sangue.
Eu olho para o placar e a esperança cai sobre os meus pés, eu estava perdendo de um round de diferença para o meu oponente. Nada parecia certo, eu não me sentia mais em meu lugar, o pânico me abraçava toda vez que eu ouvia o barulho dos sinos anunciando um novo round, a ansiedade estava me corroendo por completo.
E mesmo com todas as pessoas gritando pelo meu nome, mostrando o seu total apoio sobre mim, eu me sentia incapaz de continuar aqui em cima do octógono, as palavras de Carlos não saíam da minha mente desde o primeiro momento.
"O ringue é o seu lar, O’Connell"
Então porque eu me sentia assim? Por que não parecia certo?
Estou tão perdido em meus pensamentos que não ouço o sino tocando, autorizando o início de mais um round, e a única coisa que me traz de volta é o punho do meu adversário em meu queixo, tudo parece em câmera lenta, o sangue saindo da minha boca, as pessoas ao meu redor ficando embaçadas, tudo parecia um caos, e eu não podia fazer absolutamente nada além de assistir meu corpo cair no chão. Eu perdi.
Os gritos, as vozes, tudo parecia tão distante agora. Carlos, você ainda está olhando por mim? Você se orgulha de mim?
O locutor sobe no ringue para contar até dez, eu posso ouvir o grito e o desespero da minha torcida enquanto conta junto à ele e torce desesperadamente para que eu me levante do chão. Todos pareciam desapontados comigo, e eu também estava.
Carlos, você sente a minha falta como eu sinto a sua? – penso, sentindo as lágrimas em meus olhos.
— Cinco, seis.. sete.. oito.. – ouço a plateia contar.
Meus olhos rolam pela plateia lotada, que está encarando meu rosto ensanguentado e a única coisa que eu noto é a minha estrela, a minha luz no fim do túnel que sempre se destaca no meio deles, seu semblante está preocupado, mas posso ouvi-la gritando meu nome mesmo com toda a gritaria, e isso me dá a força e o gás que eu preciso para terminar mais um round.
Me coloco de pé, ainda com meus olhos em Estella. A multidão vai à loucura quando vê que ainda estou pronto para lutar pela vitória, o sorriso estampado no rosto de Estella me faz sorrir também, respiro fundo buscando forças em minha família, que está sentada nas primeiras fileiras torcendo por mim.
Eu vou até o canto do octógono, trocando algumas palavras rápidas com Duth, onde o mesmo me auxilia enquanto Owen me ajuda a tomar água e limpa o sangue que escorre no meu peito.
— Você está pronto? – Duth agarra firme o meu queixo, me fazendo encará-lo dentro dos olhos — Esse momento é seu, porra! você está pronto?
— Estou – respondo, voltando para o ringue para terminar o round e tentar empatar com o placar do meu adversário.
