Capítulo 38

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Descendo pela escada em seu vestido de princesa branco, parando o mundo inteiro para que somente ela fosse apreciada, Giana sorriu docemente para as meninas com seu vestido de noiva

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Descendo pela escada em seu vestido de princesa branco, parando o mundo inteiro para que somente ela fosse apreciada, Giana sorriu docemente para as meninas com seu vestido de noiva. Quando seu olhar se cruzou com o meu, meu coração despencou, assumindo um ritmo frenético quando notei o brilho em seu olhar, o mesmo brilho de inocência que eu vira durante anos, agora me fazia querer caminhar até ela em passos longos e dizer o quanto estou genuinamente feliz por vê-la feliz.

Sei que não sou digno de ter a irmã que eu tenho, mas somente por hoje, quero esquecer as coisas ruins que me rodeiam e apreciar o dia mais importante da sua vida, o dia do seu casamento.

Olho cada detalhe em seu rosto, admirado com a sua imagem. Giana sempre foi bonita como a nossa mãe, mas hoje, algo nela está definitivamente mais bonito do que o comum de todos os dias.

David Steele era um homem de sorte.

Toco sua mão delicadamente, com medo de que algo pudesse quebrá-la no momento em que a tocasse, ou que eu poderia contagiar a sua luz com toda a minha escuridão. Suspiro, pensando em diversas formas de demonstrar todas as emoções que estava sentindo em vê-la tão bem e feliz, eu estava à mil por hora.

— Você está incrível, Giana – digo, mesmo sabendo que para ela, chamá-la de incrível não seria o suficiente para descrever a sua beleza estonteante.

— Obrigada – sua voz sai baixa e melancólica, seus olhos se inundam em lágrimas e forço um sorriso sem mostrar os dentes, não querendo vê-la chorar agora.

— É melhor irmos, não quero que se atrase – corto o nosso momento, acompanhando-a até o carro em silêncio, as lembranças de quando éramos apenas dois garotos que aprontavam o tempo inteiro juntos me deixa nostálgico e também triste.

Como eu queria que as coisas fossem como antes.

Quando chegamos na casa de Marina e Carlos, onde seria o casamento de ambos por um significado importante, eu me certifico de cumprimentar brevemente toda a família antes de sair rumo ao jardim, um lado onde não estava acontecendo a festa para poder tomar um pouco de ar.

Era estranho. Hoje, meu ex-melhor amigo, o homem no qual eu confiava a minha vida, vai se casar com a mulher que ele sempre amou, a minha irmã. É um dia marcante na sua vida, um dia no qual eu não vou participar, um dia no qual eu estarei apenas assistindo-o de fora, não vou poder abraçá-lo e dizer que estou feliz por ele, nao vou poder gritar à todos os pulmões que estou orgulhoso.

Meus olhos se enchem de lágrimas, que eu rapidamente as seco, brincando com uma folha do arbusto para me distrair quando as lembranças daquela noite me cercam. A noite na qual eu queria que ele acabasse com a minha vida. A noite onde o fim da nossa amizade foi selado por minha causa.

Ouço um pigarro atrás de mim e me viro, trocando um olhar com Carlos antes de me virar de volta, dando-lhe as costas, não querendo quebrar o meu momento.

— Algum problema, velhote? – pergunto.

Seus passos se aproximam de mim até que ele se coloca ao meu lado, e o olho de esguelha. Os anos estão se passando e Carlos e Marina perdendo seus traços juvenis aos poucos, é notório perceber que a idade já está deixando-os mais cansados, mas, ainda sim, o velhote consegue ficar bonito em um terno feito sob medida para o seu corpo pequeno e seus cabelos grisalhos.

— Como você está, criança? – ele enfia suas mãos nos bolsos da calça social e eu imito seu gesto, encarando alguns pássaros descascando uma árvore logo mais à frente, o cheiro fresco das plantas, do lago e do jardim é um calmante para a minha mente agitada.

— Não se preocupe, não irei causar problemas no casamento da minha irmã.

— Essa não é a resposta que eu quero.

Mantenho minha boca fechada, incapaz de respondê-lo agora. Carlos entende o recado, respeitando meu silêncio e admirando as folhas ricochetiando uma na outra por causa do vento.

— Sabe.. – ele ri rouco, fechando os olhos para aproveitar a brisa fresca — Toda essa situação me faz lembrar do meu falecido melhor amigo.

Arqueio as sobrancelhas, ainda sem responder.

— Nós dois brigávamos feito cão e gato.

— É uma situação completamente diferente agora – retruco mal-humorado — Você não entende.

— É... talvez você tenha razão, talvez eu realmente não entenda o que se passa no seu coração, filho. Não dê atenção para esse velho falador aqui – ele continua sorrindo, se divertindo com a minha carranca quando se vira para sair — Laços não se quebram tão facilmente, garoto. Ainda mais um tão forte quanto o seu e de David, e principalmente um laço de irmãos.

Cerro meus punhos por dentro dos bolsos da calça e travo meu maxilar, encarando-o dentro dos olhos.

— Talvez o meu caso seja uma exceção.

— Você o deu uma surra, o que esperava? – Carlos argumenta, humorado — Você é jovem, e ainda por cima é tolo se pensa que está tudo acabado.

Engulo em seco, desviando meu olhar e virando para sair de perto dele antes que começasse a falar bobagens. Eu paro um pouco mais à frente, as folhas voam na minha frente, caindo sobre a grama e um sorriso se forma em meus lábios.

— Para tudo se há um fim, velhote – digo, sentindo o choro entalado em minha garganta — As coisas se iniciam com o propósito de acabar um dia, aprendemos isso quando crescermos, tudo que há vida um dia acaba... e nos resta aceitar..

Eu caminho para fora quando ouço o sino anunciando para que todos se coloquem em seus lugares para darmos início à cerimônia. Sentando no fundo do jardim, eu assisto toda o casamento em silêncio, quando o padre autoriza para que o noivo beije a noiva e David anuncia que agora ela era a sua garota, meu estômago se contrai.

Troco um olhar com Michael, que também parece genuinamente feliz por ele e acena para mim, nós ainda conversamos, mas não com a frequência que gostaria. Sinto falta dos meus amigos, dos caras que um dia considerei como irmãos e que eu podia contar para tudo.

E só agora, observando a felicidade de todos e as vezes a mulher que tem meu coração para todo sempre. Percebo o quanto estou sozinho, percebo que tudo que fiz durante anos foi afastá-los, e agora era tarde demais para mim, eu já não tinha mais volta, e a única coisa que se passava em meu coração, era que eles entendessem isso.

Entendessem que acabou.

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Boa leitura! ❤

bora de preparar o coração? 🫂

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