Capítulo 65 - Penúltimo

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"Estou lhe escrevendo essa carta não porque não confio que você possa conseguir sair dessa amargura sozinho, mas sim porque precisava de tempo para dizer-lhe algumas coisas que não tive tempo

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"Estou lhe escrevendo essa carta não porque não confio que você possa conseguir sair dessa amargura sozinho, mas sim porque precisava de tempo para dizer-lhe algumas coisas que não tive tempo..."

Amasso o papel em minhas mãos trêmulas, as lágrimas molhando a caligrafia de Carlos e respiro fundo, voltando a ler suas últimas palavras deixadas para mim.

"Quando lembrar de mim, não quero que você chore e fique triste, não pense em minha morte como algo ruim, querido filho. Eu sabia que meu momento estava chegando e, falo sério, estou feliz, estou bem, Riven, finalmente posso descansar ao lado de minha querida esposa sabendo que fizemos um ótimo trabalho...

Cuide de Estella, cuide de seu relacionamento e cuide dos seus laços, os agarre firme e siga em frente, deixe o amor transbordar em sua vida meu pequeno guerreiro, faça as pazes com David, volte a ver Michael mais vezes e ame sua mãe, eles ainda sentem falta de você...

Sei que está com medo e, principalmente, com dor em seu coração, mas lembre-se da frase que falei para você uma vez...

Regressão à média.. significa que a vida não pode ser só ruim ou só boa, as coisas sempre voltam ao eixo e encontram um equilíbrio novamente, tudo sempre volta para o meio.

Então, respire fundo.. eu estou cuidando de você daqui, eu fiz o que pude dentro do curto tempo que eu tinha, filho.. mas agora deixo tudo em suas mãos.. mas saiba, se ainda não estiver pronto para seguir em frente e quiser ficar sozinho, tudo bem.

eu sempre vou te amar."

Fecho meus olhos, abraçando a folha de papel contra o meu peito e soluçando, não conseguindo controlar a dor e nem as minhas lágrimas. Minha mão toca a sua lápide pela última vez e respiro fundo, deixando as lágrimas caírem no chão, eu dobro o pedaço de papel e o guardo em meu bolso, me ajoelhando até conseguir tocar em seu nome escrito na lápide e depois no de Marina, enterrada ao seu lado.

— Obrigado por tudo – sussurro aos dois, o bolo se formando em minha garganta e com a vista embaçada pelo choro — Eu prometo ser alguém melhor, você vai se orgulhar de mim, eu sei que vai..

Encaro o céu azul, totalmente limpo e o sol escaldante me faz fechar os olhos, o ar está fresco, as chuvas finalmente acabaram. Os pássaros cantam em cima das árvores do cemitério, assim como as folhas voam quando o vento as fazem chacoalhar.

Me coloco de pé encarando uma última vez suas lápides e engulo o gosto amargo em minha boca, girando em meus calcanhares para sair do cemitério, caminho até a minha moto. Lá fora, eu deixo outra lágrima cair sem o meu consentimento e pego meu capacete, negando com a cabeça enquanto choro e subo na moto, dirigindo para longe do cemitério antes que eu me fizesse voltar para suas lápides e cavar com as minhas próprias mãos até forçá-los a voltarem para mim, para nós.

Eu dirijo por horas, sem rumo nenhum para seguir e em alta velocidade, desviando dos carros e das motos que aparecem em meu caminho e tentando enxergar por debaixo da névoa em meus olhos, tudo dói, até mesmo respirar é difícil.

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