Capítulo 51 - Bônus

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Archie Ballard

Meus pés tocam o chão de madeira frio e bocejo, coçando meu bumbum enquanto caminho até o banheiro na ponta dos pés para não acordar nenhum dos meus irmãos durante a madrugada. Me estico até alcançar o interruptor e ligo a luz, coçando meus olhos e fazendo minhas necessidades em silêncio.

Olho para a pequena janela no banheiro, vendo que ainda era noite e isso me chateia. Amanhã é dia de surfar com tio Riven e estou ansioso por isso, eu estava com raiva dele porque achei que não queria mais ser meu tio e que estava tentando ir embora das nossas vidas, mas ele disse que me ama, e isso deve significar algo grande já que minha mãe sempre fica meio boba quando meu pai diz isso pra ela, então deixei para lá a minha raiva.

Quer dizer, quase.

Dou descarga na privada, subindo no banquinho para lavar as minhas mãos na pia e encaro meu reflexo no espelho, vendo que meu cabelo precisava de uma penteada urgente, mas não entendo o porquê dos cabelos não tomarem conta de si sozinhos, eu não pedi para tê-los, por que tenho que pentear e lavar minha cabeça por algo que eu nem sei por que eu tenho?

Eu seco minhas mãos na toalha e pulo do banco, caminhando para fora do banheiro depois de apagar a luz. Susie está sentada na cama onde estamos dormindo, esfregando seus pés um no outro e abraçando seu urso.

— O que você tá fazendo? – pergunto, ainda parado no meio do quarto.

— Eu tô com frio no pé – ela tira uma mecha do seu cabelo do rosto e suspiro, caminhando até a nossa cômoda e usando outro banquinho para abrir a primeira gaveta, pegando suas meias rosas e voltando para a cama para por em seus pés.

— Você sabe que aqui faz frio, Susu. Não pode dormir sem meia, a mamãe avisou a gente antes de virmos para cá.

— É, mas eu me esqueci – ela estica suas pernas e me sento, cruzando minhas pernas e colocando as meias em seus pés gelados.

— Nossa, você vai congelar! – ela ri com meu susto — Você não pode adoecer, Susie.

— Por quê?

— Porque senão a gente vai embora, e nós acabamos de chegar – explico — O que mais você acha?

— Eu.. pensei que você quisesse ir embora, você disse que não queria ficar aqui.

Balanço meus ombros, descontraído.

— Eu estava com raiva, mas agora mudei de ideia.

— Você assustou a gente! eu vou contar tudo para a nossa mãe quando voltarmos para casa!

— Você é uma dedo duro – reclamo — Não se pode denunciar seus irmãos, o vovô ensinou isso!

— Mas você machucou a gente, e ele disse que isso também não pode!

Bato minha mão na minha testa, suspirando e encarando minha irmã.

— Tudo bem, Susie! me desculpa ter sumido e assustado você! mas eu não vou pedir desculpas para os meninos.

— Mas eles..

— Você é a única chorona aqui – digo, engatinhando até o meu lado na cama e me embrulhando com os lençóis.

Ela faz uma careta, igualzinha a que a mamãe faz quando está com raiva do meu pai. Meu Deus. Mulheres são tão difíceis.

— Eu tô com saudade do papai – ela sussurra, piscando quando começa a chorar.

Susie sempre chorava com facilidade, e é por isso que os meninos e eu tentávamos não fazê-la chorar, o que era difícil já que ela chorava por causa de tudo. Eu nunca ia entender isso.

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