Capítulo 7

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Pisquei algumas vezes quando senti algo molhar meu rosto, resmungando, eu esfrego as minhas mãos tentando assimilar se é apenas um sonho louco onde estou me afogando ou de fato está acontecendo

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Pisquei algumas vezes quando senti algo molhar meu rosto, resmungando, eu esfrego as minhas mãos tentando assimilar se é apenas um sonho louco onde estou me afogando ou de fato está acontecendo.

Me sento abruptamente, ofegando e engasgando sem parar. Meus pulmões se comprimem entre si enquanto tento respirar, mas a água parece não acabar.

— Acha que já é o suficiente? – ouço uma voz ao fundo, quase a porra de um sussurro, e penso que talvez possa estar ficando louco.

Eu tento forçar meus olhos para abri-los e praguejo quando outra onda de água me inunda, entrando à força pelo meu nariz e minha boca.

Expirando duramente no ar, acreditando que meus pulmões estavam prestes a queimar eu me sufoco mais, erguendo minhas mãos para cima, eu tento puxar ou tocar a pessoa que está prestes a morrer, mas sou impedido quando sinto mais água cair sobre mim e molhar o meu corpo já encharcado.

— OK! Acho que agora é o suficiente – outra voz diz.

— Ele está péssimo.

Começo a tossir e cuspir toda a minha alma para fora, totalmente sem fôlego. Meu cérebro parece começar a processar novamente e agora eu tenho certeza absoluta de que são David e Michael.

— Que porra foi essa? – eu limpo meus olhos, abrindo-os e esperando até que minha visão fique nítida, observando os dois homens na minha frente com seus braços cruzados.

— Você não compareceu no almoço, e também não atendeu as nossas ligações desde ontem quando a bomba explodiu – David diz, pondo-me de pé e dando dois tapinhas na minha cabeça.

Eu estralo meu pescoço duro e olho ao redor, ainda estou na academia e com a mesma bermuda de ontem.

— Espera, espera! – Michael balança suas mãos, pedindo tempo — Você bebeu quantos litros de whisky?

— Honestamente, não é bem com isso que estou me importando agora.

— Desde que horas você bebeu?

— Que horas são? – pergunto à David, que espera a minha resposta com o semblante incrédulo.

— Uma hora da tarde.

— Bom, então provavelmente esse foi o horário que eu comecei a beber ontem.

— Cristo – ele responde — Ficamos todos preocupados com você, cara. Giana não parava de ligar para nós pedindo para achar seu paradeiro.

— Eu estou bem – afirmo.

— Não, você não está – David fala — Você não bebe desse jeito quando está bom da cabeça, cara. Você mal toca em bebida.

— Você nem gosta, na verdade – Michael completa e bufo, ignorando os dois quando caminho até o bar em busca de água para tomar.

— Você ainda não viu as notícias? – Michael é quem pergunta.

— Prefiro não me encher com isso no momento.

— Cara, aquela mulher, Claire. Está dizendo à toda a cidade que você a processou.

— Sim, eu sei – esfrego as minhas têmporas, saindo da academia com o martelar forte em minha cabeça — Duth cuidou disso, eu acho. Eu não sei o que pensar no momento, preciso de um tempo.

— Miguel também deu seu jeito, mas você sabe que vai demorar um pouco para as notícias se acalmarem – David explica.

Eu paro em frente à piscina, lançando um olhar de pedido de desculpas antes de pular de uma vez, mergulhando e deixando a água fria me acordar. Eles praguejam quando eu os molho, lançando maldições para mim, que estou sorrindo e nadando de costas, deixando a água me refrescar.

— Não precisam se preocupar tanto com isso, não é bem um alerta vermelho, Miguel disse que resolveu antes de tudo se transformar em um alarde total.

— O problema são as pessoas que ainda estão falando sobre você ser machista – Michael diz e reviro meus olhos, nadando até a borda em grandes mergulhos.

— Machista – resmungo — Já não me bastava o título de homem rude e arrogante, agora ainda tem mais um machista na minha lista.

— É o mundo da fama, cara – Michael retira seu terno, sentando-se na espreguiçadeira em minha frente — Você está ficando cada vez mais famoso, seja pelos bons ou maus motivos.

— O importante é ficar – brinco.

— Você acha que pode lidar com isso?

— Sim, David – digo, mesmo sabendo a verdade, eu não iria preocupar ninguém com essa merda.

Eu não fazia ideia de como lidar com toda essa porra, acontece que eu abracei o mundo da fama e todas as coisas boas que ela me trouxe, mergulhei na glória totalmente inconsciente de que por mais que eu estivesse fazendo o que gosto, haveriam pessoas no mundo que me julgariam sem entender meu estilo de vida, a forma como me sinto bem. Por mais banal que seja, eu duvido muito que alguém não ligaria para várias pessoas julgando você.

Talvez, só talvez, Claire esteja certa em alguns pontos sobre mim. Eu penso em todo o meu breve caminho no mundo do auge e me questiono se, quando chegar um dia em que eu não atendesse as expectativas deles e não fosse mais tão bom, as pessoas ainda me amariam? Tudo seria passageiro e daqui alguns meses ninguém mais tocaria no meu nome?

David e Michael engatam em uma conversa sobre negócios e engulo em seco quando algo entala em minha garganta, é quente e faz o meu estômago revirar, e pior ainda, meu peito doer. Eu os olhos com apreço e, pela primeira vez em toda a minha vida, insegurança, incerteza e medo surgem dentro de mim.

Um dia eu seria como todos eles? Um dia eu orgulharia o mundo lá fora como eles? Afinal, eu estou no caminho certo ou apenas me dando o luxo de me sentir adorado?

Talvez se eu tivesse a sabedoria de Michael e a calmaria de David.. Talvez as pessoas pudessem gostar mais de mim assim.

Talvez eu seja mesmo um homem vazio, um homem sem um objetivo futuro e que nunca foi capaz de sentir o amor por alguém que não seja a sua família e seus dois amigos. Alguém fora eles seria capaz de me amar dessa forma?

Sem o luxo, sem todas as mulheres que aquecem a minha cama somente pelo que elas acham que eu sou, sem as pessoas que me veneram mas não sabem nada sobre mim. O que eu seria sem tudo isso?

Nada. Riven O’Connell não seria nada além do amigo que tenta transparecer imaturidade o tempo inteiro, com medo de que as pessoas conheçam o seu eu mais profundo e seus verdadeiros medos, seus conflitos internos e suas fraquezas.

 — Riven, você está bem? – Michael indaga, me olhando atento, e só então noto que passei tempo demais fora.

— É claro que estou, cara – sorri, mergulhando para conter a ardência em meus olhos — Não transforme essa porra toda em um bicho de sete cabeças, meu negão.

— Você tem certeza? – David pergunta.

— Tenho, pare de ser uma dor na bunda.

Ele revira os olhos com a minha resposta e respiro fundo, colocando a minha camada de proteção, a única que deve ser mostrada, a única que deve ser conhecida.

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Boa leitura! ❤

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