Capítulo 32

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A ardência do líquido âmbar era a única coisa que me fazia se sentir vivo

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A ardência do líquido âmbar era a única coisa que me fazia se sentir vivo. Com uma mão no volante e outra na minha garrafa de whisky, eu dirijo cautelosamente pela chuva até a casa dos meus pais, que é onde tenho passados os meus dias desde que Estella se foi.

“Apenas o amor não é o suficiente”.

Bobagem. Ao mesmo tempo que quero gritar de raiva e confrontá-la por estar seguindo sua vida, vivendo tão bem e feliz que nem parece estar sofrendo por nós, pelo o que um dia vivemos, também quero parabenizá-la. Ouvi dizer que ela está dançando balé e fará disso sua forma de viver, que está passeando por lugares com a companhia de balé e conhecendo pessoas novas, Estella está vivendo sua vida e recorrendo ao amor da sua família para se manter de pé, eu sei que é egoísmo da minha parte sentir falta de quando era à mim a quem ela recorria para se manter firme, mas sei aceitar uma perda.

Ela está lá, feliz e radiante como nunca esteve antes, e eu estou aqui, cada vez mais estilhaçado após sua partida, cada vez mais obscuro quando acordo e percebo que é mais um dia longe dela, mais um dia que ela não voltou para mim.

Penso em correr atrás dela, pedir para que volte e me ajude a consertar as coisas entre nós, mas aí eu a vejo sorrindo com as meninas, contando suas novas aventuras para elas e mostrando sua confiança conquistada ao longo do tempo e desisto, ela está melhor sem mim.

Por mais que ela não tenha contado à David sobre sua escolha, ainda é de me admirar que ela tenha mudado tanto. E eu não quero atrapalhar a sua vida com os meus problemas e todo o fardo que eu carrego comigo. Minha reputação no boxe caiu, assim como o aumento da mídia sobre mim e toda a pressão dos meus fãs, e também há Duth e Owen, que me lançam olhares de desapontamento durante os treinos sempre que podem, por mais que sejam discretos e tentam de toda maneira me incentivar.

Eu não os culpo, o problema não está em ninguém além de mim mesmo. Mas acontece que eu já mergulhei profundo demais para conseguir me reerguer agora, para conseguir voltar para o meu caminho e recuperar o homem que um dia eu já fui. O homem presente com seus amigos, o homem que sempre arrancava risadas por aí e cuidava de quem o amava. Eu não sou mais esse homem, ele está morto assim como a minha persistência.

Eu estaciono o carro na garagem da casa e desço com a garrafa em mãos, cambaleando em meus próprios pés enquanto caminho pela chuva, não me importando quando começo a me molhar e a roupa gruda em meu corpo. Engolindo o choro em minha garganta, eu passo meu peso de um lado para o outro, evitando me analisar para não sentir nojo de mim mesmo.

Entro em casa, indo em direção à cozinha e paro abruptamente quando meus olhos encontram os de minha mãe, seu olhar avalia minha atual aparência, para depois cair em minha mão e a garrafa de bebida. Seu rosto está suavemente vermelho e inchado pelo choro desde a nossa última discussão, e esse é o motivo pelo qual estou bebendo agora. Porque sou um babaca, não só com ela, mas com todo mundo.

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