O corpo esguio de Giana me abraça mais forte enquanto estamos deitados no sofá, as gotas de chuva lá fora fazem pequenos barulhos satisfatórios, e na TV, um dos seus programas de reality show rodam, mas não é nesse som que estou concentrado, e sim na risada da minha mãe que vem da cozinha enquanto conversa com meu pai. Posso ouvir daqui ele falando algo à ela vez ou outra enquanto tomam do seu vinho e ela ri de praticamente tudo que ele diz.
Parece tão errado não querer estar vivo quando você vinha de um lar como esse.
Meus pensamentos se mudam para Estella, em como ela têm me feito bem nos últimos meses em que estamos juntos e vivendo nossas melhores experiências um com o outro, é loucura pensar que eu nem mesmo a notava e, agora, era com ela que eu tinha uma conexão mais forte do que jamais tive com outra pessoa.
Ela ainda está preocupada depois da nossa última briga, há dias atrás, quando a mesma encontrou as drogas na minha jaqueta. Eu não menti. Eu não usava há meses, desde que nós nos aproximamos, Estella tem trazido algo novo para mim, uma luz, uma nova perspectiva de vida e a única coisa que eu quero é ser um bom homem para ela. Quero conquistá-la todos os dias e ser seu confidente cada vez mais, Estella mudou minha vida, quero melhorar por ela e ser alguém por quem ela vai se orgulhar um dia.
Um sorriso bobo surge em meus lábios quando meu celular brilha com sua mensagem, avisando que daria para nos vermos hoje à noite e tento me esgueirar do bichinho preguiça colado em mim, me agarrando com tanta força que parecia com medo de que eu fugisse.
— Para onde você vai? – Giana reclama, seus braços ainda ao meu redor quando eu nos coloco sentados no sofá e coloco uma mecha do seu cabelo atrás da sua orelha.
— Eu tenho que ir, feiosa. Tem algo no qual eu preciso resolver, amanhã eu volto aqui e assisto mais um pouco do reality com você.
Ela franze seu cenho, seu nariz bonito que facilmente poderia se comparar ao de uma princesa se enruga, os cílios grossos e longos e a boca rosada, seu cabelo preto longo e liso, como o meu, caem em cascatas brilhantes por seus ombros, e seus olhos escuros como o de meu pai me fitam em análise, diferente de mim, que puxei os azuis da minha mãe.
Não é preciso dizer nada para notar a chateação em seu rosto.
— Diga de uma vez – falo, recolhendo minha jaqueta e meus pertences, ela me assiste em silêncio e com o semblante triste.
— Você anda sumido, apenas isso. Eu sinto falta de você as vezes, antes você sempre voltava para casa durante à noite e passávamos um tempo juntos, agora você vem apenas as vezes e quando vem, é com o tempo curto para mim.
Sorri, negando com a cabeça e batendo com meu dedo indicador na sua testa.
— Você está ficando muito carente, não acha que já está grandinha demais para isso? – brinco, mas ela não esboça nenhum sorriso e suspiro pesadamente, colocando minhas coisas de volta nos lugares — Aconteceu alguma coisa fora isso?
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HERDEIROS #5 - Second Chance
عاطفيةSegunda chance trata-se sobre um livro cheio de feridas e mágoas jamais ditas. Personagens que irão crescer e evoluir com o tempo e saber entender que às vezes, nem tudo sai conforme nós queremos. Que nem mesmo amando alguém imensamente, é o suficie...