Capítulo 55

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Folheio o livro de romance em minhas mãos e arqueio as sobrancelhas quando a personagem principal troca farpas com o seu par romântico, sorrindo da forma como ela o narra como o ser mais desprezível da terra e ainda sim, irá se apaixonar por ele d...

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Folheio o livro de romance em minhas mãos e arqueio as sobrancelhas quando a personagem principal troca farpas com o seu par romântico, sorrindo da forma como ela o narra como o ser mais desprezível da terra e ainda sim, irá se apaixonar por ele daqui alguns capítulos. Então era isso que Michael e David tanto insistiam para que eu começasse a ler? um casal que se odeia e em seguida se apaixonam?

Um tremendo clichê, mas não podia negar que a tensão sexual realmente podia ser sentida apenas com simples palavras transportadas por um livro, é como viajar na aventura do casal e em seus sentimentos como se fossem nossos. Eu não havia lido esse tipo de livro antes, apenas livros sobre histórias antepassadas me interessavam, mas, acho que entendi o que a galera tanto gosta nesse tal de enemies to lovers.

A madeira estala no fogo da lareira e faz com que o calor aumente na pequena sala, aquecendo meus pés da noite fria que estava congelando meus dedos. Os dias se passaram tão rápido durante o tempo em que estivemos aqui, longe de todo o caos da cidade, que parecia loucura pensar que havia outra vida lá fora me esperando para voltar, juntamente com o caos que estava a minha carreira e o trabalho que eu teria para reerguer minha reputação, fora os elefantes que eu estava ignorando por agora.

As coisas entre mim e Estella estavam se resolvendo devagar, em nossa maneira e com bastante sexo. Eu a fodi em todos os lugares dessa casa, me certificando de não esquecer a dispensa e área da varanda, mas no final de tudo, não era somente o sexo bom que fazíamos que estava diferente, algo havia mudado em nossa relação que a deixava ainda mais intensa e pacífica, as sombras do passado não nos cercavam mais e Estella estava pronta para seguir em frente comigo.

Um pigarro baixo chama a minha atenção, quase como um resmungo e me puxa dos meus devaneios, olho para Archie que havia chegado em algum momento em que estive fora e agora estava sentado no sofá, seus olhos atentos me assistiam com atenção e seus pés balançavam no ar.

— Você não deveria estar dormindo com a sua tia agora? – pergunto, encarando as palavras do livro mesmo sabendo que não iria ler realmente.

— Eu sei, mas não consigo dormir.

— Você teve pesadelos, Archie?

— Não, não foi isso!

— Hum.. então por que você está fazendo essa careta? – olho para ele, vendo-o assistir ao fogo da lareira e suspirando com os estalos da madeira queimando.

— Que careta? – seus olhos atentos se voltam para mim.

— Essa – o imito, sorrindo quando ele franze seu cenho em confusão.

— Eu não faço essa careta!

— Você faz sim, está fazendo agora mesmo.

— NÃO ESTOU! – grita, respirando com dificuldade e encarando o chão, ainda mantendo sua cara de emburrado.

Suspiro, eu definitivamente não sabia como lidar bem com crianças e seus sentimentos confusos.

Deixo o livro em minhas mãos acima da mesinha do centro da sala e abro um espaço em meu cobertor para ele se enfiar ali, seus olhos me encaram, e ele hesita alguns segundos antes de engatinhar no sofá e deslizar para debaixo do cobertor, suspirando quando o cerco com meus braços e beijo o topo da sua cabeça.

— Assim está melhor? – murmuro.

— Sim.. – sussurra, passando seus braços em minha cintura.

— Archie.. por que não me diz o que está deixando você chateado?

— Bom... hum.. – ele torce os lábios, brincando com um fio solto do cobertor e suspira pesadamente como se quisesse chorar.

— Pode falar sobre tudo comigo, Archie..

— Amanhã nós já vamos embora! – ele diz de uma vez, escondendo seu rosto em meu peito e seus ombros tremem — Eu não quero ir embora mais!

— Pensei que estivesse com saudade dos seus pais...

— Não estou! – resmunga fungando baixinho e enxugando suas lágrimas em minha camisa de frio.

— Não está? tem certeza que não quer ver sua mamãe e ganhar beijinhos?

— Cala a boca! – gargalho com sua voz trêmula e ele tenta se soltar dos meus braços com birra, mas é uma luta perdida já que ele não tem força o suficiente para isso — Você é o tio mais chato que existe!

— Nossa, Archie – me finjo de ofendido — Assim você machuca o meu pobre coração!

— Eu não quero te ver! – faz bico, se contradizendo quando ele deita com a cabeça em meu peito novamente e chora baixinho, afago suas costas, beijando o topo da sua cabeça até que sua respiração desregulada se acalmasse e ele pudesse tomar seu controle novamente.

— Se sente pronto para falar?

Ele assente sem me olhar, brincando com meu dedo indicador e apertando sua mão pequena ao redor dele.

— Se formos embora, você vai sumir de novo... – ele trava, aumentando mais o seu aperto em meu dedo — E se você dormir para sempre outra vez, tio Riven?

— Eu não vou abandonar você, Archie – digo tranquilo — Me desculpa por assustar você daquela maneira, eu prometo que nunca mais vou fazer aquilo de novo.. prometo que não vou sumir.

— Eu tenho medo – sussurra choroso — Não quero perder o meu tio preferido.

Meu coração se aperta em meu peito, engolindo o nó em minha garganta e buscando forças para não demonstrar o quanto Archie me deixou afetado com suas palavras inocentes, esboço um sorriso maroto e aperto sua bochecha.

— É difícil se livrar de mim, líder demônio – provoco, vendo-o sorrir do seu apelido e gargalhar.

Estella surge na sala sem que a gente perceba sua presença, seu cabelo preso com alguns cachos soltos e meu moletom preto que mais parecia um vestido em suas curvas e em seu corpo esguio me fazem suspirar baixinho, querendo puxá-la para mim e beijá-la até que a mesma não me suporte mais por perto. Se ela soubesse os efeitos que causa em mim... que nem mesmo as minhas palavras poderiam descrever o meu amor por ela... Estella nunca duvidaria do meu amor.

Ela ri fogosa para Archie, e de trás de suas pernas, Susie, Brandon e Leandro surgem e correm até o sofá, subindo em cima dele e engatinhando até mim para se deitar ao meu lado.

— Que isso? um ataque de mini demônios?

— Riven! – ela repreende vindo até nós e se deitando no sofá também, logo, Archie sai dos meus braços e vai até ela para se deitar com a cabeça no meio dos seus seios — Os meninos queriam ficar aqui no sofá.

— Cuidado para onde você olha.. moleque! – rosno irritado, e sua risada sapeca faz Estella gargalhar.

— Tive um pesadelo, tia Estella... – ele choraminga, me encarando com um olhar provocador e abraçando.

Era possível uma criança ser tão demoníaca?

— Está tudo bem agora, Archie..

— Acho que... acho que quero dormir abraçado com você, tia Estella – ele pisca para os seus irmãos, que gargalham e piscam de volta para ele.

— Oras seus...

— Riven!

— MINI DEMÔNIOS!

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Boa leitura! ❤

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