meses depois...
Respiro fundo novamente, a mão na maçaneta da porta e repetindo as mesmas palavras desde os últimos meses como se fosse um mantra para mim.
Não desista, não se afaste, cada um sofre o luto de uma forma diferente.
Eu tinha plena consciência disso, ainda estávamos sofrendo com a perda de Marina e Carlos, estávamos. Os jantares haviam sido cancelados, as famílias estavam quietas e tentando se recuperar do baque dentro desses dois meses, mas eu não estava preparada para ver Riven quebrar novamente.
Ele estava diferente, ainda era atencioso comigo mas seu comportamento mudou e ele se fechou para todos nós enquanto se afundava em seu luto. Eu sabia que ele sentiria muito por ter se aproximado muito de Carlos durante os últimos meses, ele não passava uma semana sem ir vê-lo, mas nada me preparou para a imagem que vi quando abri a porta de seu quarto.
Riven estava sentado no chão, o litro de cachaça aberto estava ao seu lado, quase vazio. O cigarro em sua mão, ele respirava tão devagar que parecia estar desistindo aos poucos, eu chorei silenciosamente, assistindo o momento em que ele se encarou pelo espelho e em seus olhos eu vi nojo, nojo de si mesmo por estar passando por isso de novo, por se entregar ao álcool outra vez.
Enxugo minhas lágrimas e caminho até ele, sentando ao seu lado e tomando o copo de sua mão, em seguida, faço o mesmo com o cigarro e o jogo dentro da garrafa para apagar, nós ficamos em silêncio, e depois do que se parecem horas, ele fala.
— Por que você ainda está aqui, Estella? – ele pergunta, sem me olhar.
— O que disse?
— Você me ouviu, apenas.. me responda. Por que?
— Riven, não vou abandoná-lo.
Ele ri, sem emoção nenhuma e se volta para mim, seus olhos azuis cheio de lágrimas me encaram com intensidade e dor que me faz prender o ar.
— Você é tão bonita, Estella. Porra, você é linda demais.
— Levante, é melhor você tirar essa roupa e..
— Você não merece isso, princesa – sussurra, amargamente — Olha só para mim..
— Pare de falar isso, Riven, estou dizendo para se por de pé.
— Parece que eu nunca vou deixar de ser egoísta, não é? – ele ri, levantando-se e ficando frente à frente para mim, ele agarra minha mão, entrelaçando nossos dedos e beijando o dorso dela segurando seu olhar no meu — Você também está sofrendo e tudo que faço é me afogar sozinho em minhas mágoas, sem perguntar como você está se sentindo com isso.
— Você pretende voltar para mim? – pergunto, mas não havia nada em seu olhar, ele estava exatamente como anos atrás, e aquilo me deixou em pedaços.
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HERDEIROS #5 - Second Chance
RomanceSegunda chance trata-se sobre um livro cheio de feridas e mágoas jamais ditas. Personagens que irão crescer e evoluir com o tempo e saber entender que às vezes, nem tudo sai conforme nós queremos. Que nem mesmo amando alguém imensamente, é o suficie...