Segunda chance trata-se sobre um livro cheio de feridas e mágoas jamais ditas. Personagens que irão crescer e evoluir com o tempo e saber entender que às vezes, nem tudo sai conforme nós queremos. Que nem mesmo amando alguém imensamente, é o suficie...
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A garrafa de cerveja em minha mão parece um pouco amarga quando toca a minha língua. Não sei se é porque meu coração está doendo enquanto assisto meus amigos sorrindo e jogando cartas. Eu mantenho todas as minhas dores por trás da máscara que uso todos os dias que, às vezes, a corda parece estar prestes a arrebentar.
Como pode alguém fingir tão bem enquanto sente sua alma ser sugada aos poucos?
Merlia ri de algo que Michael está contando, sua cabeça está apoiada em seu ombro e Emma conversa com Emily e Giana. David está checando algo em seu telefone, e de grande certeza é algo sobre a sua empresa.
Eu olho para o canto onde ela estava sentada e me faço mudar o foco quando me pego fazendo isso. Definitivamente não.
Pedindo licença à eles por alguns instantes, eu beijo o topo da cabeça de Giana, vendo seu sorriso lindo exposto em seu rosto e caminho pelos corredores da minha mansão soltando todo o ar preso.
Meu peito dói e isso me sufoca tanto que não consigo respirar direito. Quero enfiar uma faca em meu peito para parar com isso, com essa dor que me persegue todos os dias, com esse vazio que me machuca tanto.
Depois de chegar ao último andar da casa, onde eu já não podia mais ouvir as vozes lá em embaixo, e também virar algumas esquerdas e direitas, eu finalmente chego no terraço. Era uma área espaçosa e com espreguiçadeiras com almofadas brancas, espalhadas e colocadas em direção à vista, alguns vasos de plantas decoravam os cantos e somente a luz da cidade iluminava aqui em cima.
Paro diante da porta, minha mão se mantém na maçaneta quando vejo Estella sentada em uma das espreguiçadeiras, suas pernas estão juntas uma na outra e ela as abraça por conta do frio. O cabelo está preso em um rabo de cavalo, a blusa é simples, lisa e sem detalhes, na cor preta, ela usa uma bermuda jeans também. Em grande parte do seu tempo ela está de bermuda, na verdade.
Penso em recuar e deixá-la sozinha, talvez ela precise disso, mas eu também. E não vejo tanto problema em dividirmos a área, já que estamos aqui.
— Parece que alguém achou meu lugar preferido da casa.. – comento, Estella abre seus olhos virando apenas o rosto para me encarar e ri sem mostrar seus dentes.
— Desculpe, eu precisava de um pouco de ar.
— Posso encontrar outro lugar se você quiser ficar sozinha.
Ela nega.
— Você pode ficar... não há problema algum em dividir o seu espaço preferido – diz humorada — Deixo você ficar.
— Estou começando a adorar esse seu senso de humor, loirinha.
— Aproveite, já que é você quem o vê.
Me sento na espreguiçadeira, esticando minhas pernas em cima dela e cruzando meus braços atrás da cabeça, encarando o céu estrelado.
