Jun Wu - A Terceira Face do Príncipe • Livro 3

Chapter 379 Como um passo de cada vez nesse sonho breve à beira mar

Capítulo 379 Como um passo de cada vez nesse sonho breve à beira mar

Baobei tinha dormido junto de Tian Shu, no estábulo ao lado da pousada.

A única que tinha ficado escondida dentro do chapéu de palha e havia ficado no quarto da estalagem, era a borboleta fantasma.

Os dois deuses, os dois animais e o inseto translúcido, partiram ainda cedo.

Mas, pela posição dos raios de sol chegando nas beiras do vilarejo, Huan Shui sabia que Shu Rong e seu filho, já haviam voltado do mar com a pesca da madrugada.

Foi Shui quem conduziu o cavalo negro, Jun Wu logo atrás dele, já que o rapaz é quem sabia o caminho e o percurso não era longo.

Ainda trotando pelo caminho, Jun Wu que segurava de leve no condutor da sua montaria, levantou uma das questões em aberto no quarto daquela pousada, deixada para trás:

— A-Shui comentou que tem uma dívida com a família Shu... Mas, não acho que a família Shu pense o mesmo, eles tem muita consideração por você.

— É que... Talvez, o Daozhang não saiba de todos os detalhes. Eu disse que estava doente por ter aberto duas orbes de memória, foi a Nai nai Yu Lu que cuidou de mim e quando o chefe da família, Shu Rong, descobriu... Ele se mostrou naturalmente contra, o que é bastante razoável. Afinal... Eu era um forasteiro com uma doença desconhecida, ninguém sabia se podia ser contagioso.

— Como Yu Lu convenceu Shu Rong? Não é por nada, A-Shui... Mas, o homem Shu parece ter um temperamento forte.

Estando de costas para Jun Wu, Huan Shui sorriu um pouco, segurando firme as rédeas.

— Acredite... Nai nai ao seu modo, tinha mais temperamento, apesar de ser idosa. Ela praticamente baixou um decreto, disse que eu era o segundo neto dela. Mas... Eu apenas consegui quebrar a barreira da intolerância com Shu Rong quando Nai nai morreu... Foi mês passado.

A voz de Huan Shui tornou-se muito baixa nas últimas palavras, o trotar do casco quase abafando a última sentença.

— Shu Rong... — Jun Wu replicou, meditativo. — Ele não devia estar à espera de algo assim, eu suponho.

— Não... Nai nai era uma senhora saudável, foi de repente... Ela morreu dormindo, se foi como um passarinho. Eu... Bem, eu ajudei pai e filho com os preparos fúnebres, foi quando o senhor Shu e eu nos aproximamos e Qing Song já havia me ensinado algo acerca da linguagem de sinais... Qing Song é muito mais esperto do que pode aparentar, ele não tem na verdade um sotaque tão carregado... Acho que ele somente não quer esquecer a Nai nai, por isso tenta falar como ela.

Jun Wu contabilizou rapidamente em mente, Huan Shui devia estar há quase três meses com essa família e apesar das desavenças iniciais, tanto Qing Song quanto Shu Rong se importavam demasiado com a segurança dele.

O que Huan Shui tinha contado sobre ele? Nem seu nome verdadeiro havia revelado, ou talvez... O jovem deus estivesse mais uma vez cansado de ser Shui, era mais fácil ser o pescador Xing Ye, sem passado e sem uma história para contar.

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Já era de costume, deixava Qing Song cochilar assim que chegavam do mar e mesmo tendo passado a madrugada em claro, Shu Rong ainda preparava um pequeno almoço e quando Huan Shui ia pescar com eles, costuma tomar um banho demorado no quartinho ao lado da residência.

Qing Song era acordado pelo pai quando a comida ficasse pronta, os três comiam juntos e somente iam descansar após repassarem aos comerciantes locais, o pescado durante a madrugada.