Jun Wu - A Terceira Face do Príncipe • Livro 3

Chapter Capítulo 449 Um raro e sombrio feitiço de Empatia parte 3

Capítulo 449 Um raro e sombrio feitiço de Empatia parte 3

Estar sob o feitiço de Empatia deixava Shu Rong vulnerável, o pescador percebeu esse fato do pior jeito.

O que ele tinha acabado de dizer? Tinha usado o termo “apaixonar”?

Shu Rong não estava crendo na própria estupidez, porque ele tinha prometido para si mesmo que não abriria mais seu coração para questões românticas.

Do mesmo modo, Fu Sheng arregalou o olhar, tirando devagarinho as mãos do ombro do pescador que evitava olhar em sua direção.

O cultivador não sabia mais se sua ousadia em tentar cativá-lo era uma boa coisa, naquele instante, claramente fazia o efeito contrário.

— Shu Rong-shi... — Fu Sheng disse mais calmamente, guardando seu tom amoroso. — Eu não sou como as pessoas que te magoaram e te feriram, me deixa provar que é verdade.

O pescador ajeitou sua postura, tornando a encarar Fu Sheng, pensando interiormente que, se pudesse, anularia esse feitiço que unia suas mentes.

“Você não percebe... É assim que começa, eu me importo demais e eu quero proteger, sempre que eu me entrego por inteiro... Eu sou abandonado um tempo depois.”

Não era como escrever no caderno, quando Shu Rong escrevia, ele pensava muito antes de escrever e ele nunca revelava demais sobre o que sentia.

Todavia, os pensamentos que entregava para Fu Sheng eram sem qualquer filtro, dolorosamente autênticos e a voz de seu pensamento era tão passional.

De súbito, Shu Rong se perguntou se sua pessoa sempre foi assim, ou será que ele tinha esquecido ao perder a língua? Ele odiava os grunhidos que escapavam de seus lábios, os sons tão deformados, por isso ele não ouvia a sua própria voz há quase dez anos.

Mas, ter consciência de seus pensamentos compartilhados, era como a prévia da ruína.

Fu Sheng tornava-se consciente que apenas palavras e argumentos não eram o bastante para quem tinha sido traído duas vezes, ainda mais considerando que Shu Rong devia ter perdido a língua e ter sido cruelmente açoitado por conta dessas pessoas que ele confiava.

— Eu estou disposto a ficar ao seu lado... Até provar que sou digno, não importa o tempo que leve.

“Não faça isso, vai se cansar e perder seu tempo... Vai deixar eu fazer sua barba, ou não?”

O cultivador fez menção de sorrir de leve... Esse não era Shu Rong querendo cuidar e proteger? O Shu Rong que começava a se apaixonar.

— Por mim... Pode fazer minha barba sempre... Cada momento com você, é precioso para mim.

Shu Rong quase sorriu sem mostrar os dentes, lavando a lâmina de ferro com um pouco da água da cuia, seus gestos contidos.

“Trate de ficar quieto, espertinho... Não quero ver seu rosto sangrar.”

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Estava começando a anoitecer.

Mas, não era uma noite para pescar.

Apesar disso, Fu Sheng de modo algum imaginou que Shu Rong o convidaria para navegar na traineira He Tun.

Foi logo em seguida, quando estavam saindo do quarto de banho, a casinha que ficava separada da residência principal.

Na verdade, enquanto Shu Rong estava fazendo sua barba, os dois tiveram um instante quase longo de silêncio, apenas mantendo-se conectados com o toque e os olhares, os gestos fluidos, o calor que havia neles e suas respirações.