Jun Wu - A Terceira Face do Príncipe • Livro 3

Chapter 413 O junco consumido pelas chamas imperdoáveis do ciúme parte 1

Capítulo 413 O junco consumido pelas chamas imperdoáveis do ciúme parte 1

Quando se debruçou na lateral do junco, tocou a madeira robusta e não sentiu nada mágico ou místico nela, Jun Wu não sabia que Huan Shui estava tão atento a sua expressão sombria, porque o deus menor estava totalmente absorto nas próprias conjecturas.

— Daozhang... Não era o que esperava? Parece francamente decepcionado.

Jun Wu foi arrancado de seus pensamentos e esfregou o indicador no polegar como se quisesse sentir algo deixado pela madeira, qualquer mínima impressão anormal.

— Eu devia saber... Que um Demônio Devastação como Bai Wu Xiang teria seria cauteloso em esconder o que há por trás desse barco, à bordo dele não se percebe que está encantado, exceto pelo fato de que nem você ou eu está segurando o manche.

— Você quer ver o casario, a cabine de descanso, o porão, a proa e a popa?... Podia me dizer o que está buscando exatamente.

Não era apenas o barco que Jun Wu vasculhava com o olhar, também analisava Huan Shui, o fato de que a Calamidade Vestida de Branco tinha ensinado a ele o nome das partes do junco, provavelmente outros tipos de linguagem náutica e através de sua postura, o junco era um lugar onde o jovem deus se sentia bem apesar dos percalços atravessados nele.

— Mesmo que eu vá com A-Shui a cada recanto da embarcação, não creio que eu vá encontrar algum segredo nele... Considerando que Bai Wu Xiang te conhece bem, ele deve ter considerado que você seria imprudente trazendo ao convés quem não devia.

Huan Shui preferia continuar ali na beira da lateral do convés, fitando o mar obscurecido pela noite, às vezes não conseguia evitar de suspirar, Jun Wu parecia estar tão inacessível, tão sistemático, parecendo um militar prestes a sair em guerra.

— Ouça o que está dizendo, Jun Wu... Foi você que tentou manipular a situação para pisar no convés e depois, eu que sou imprudente?

— Eu aceito que me conduza pelo junco... De proa à popa. Depois disso, lhe direi o que estou pensando, A-Shui.

Não era como se estivesse plenamente de acordo, mas Huan Shui queria muito entender o que se passava com seu marido naquela noite. Por conta disso, assentiu e deu de ombros, levando Jun Wu a cada parte do junco que navegava sem rumo, suavemente mar à dentro.

O junco não era um barco luxuoso, tinha o mínimo conforto para viagens curtas e nem havia nada demais no porão, nenhum tipo de carga, além de tipo de cordas diferentes, algumas ferramentas, algo destinado a manutenção, assim como uma inusitada adega de vinhos.

Após terem inspecionado cada parte com minúcia, os dois pararam no último lugar que entraram: a cabine de descanso.

Havia uma única escotilha oval, um baú e uma cama, embora tudo remetesse ao rústico, a única cama inspirava conforto.

O baú de madeira escura não estava trancado, Jun Wu abriu a tampa côncava e encontrou roupa de cama, algumas vestes em tom neutro, almofadas extras.

Huan Shui se sentou na beira da cama a observá-lo, até que Jun Wu se ergueu e tornou a fechar o baú, tão calado e talvez, mais sombrio do que antes.

— Suas considerações finais... Quais seriam? — O rapaz perguntou, quando Jun Wu estava de costas.

— Embora esse barco esteja disfarçado de algo comum, Bai Wu Xiang gosta dele e não somente por memórias afetivas... Penso que tenha um significado maior.

Huan Shui retirou as sandálias dos pés, subiu as pernas sobre a cama em uma descuidada posição de lótus, tentando entrever algo mais naquelas palavras.