Jun Wu - A Terceira Face do Príncipe • Livro 3

Prólogo capítulo 440

Prólogo capítulo 440

Um pesadelo com a minha pior versão

A urze estava coberta por um manto vasto, branco e gélido.

Era como os invernos na montanha, mas por alguma razão, sabia que aquele lugar não era a montanha onde tinha nascido.

As flores de urze estavam cobertas pela geada, como queimadas pelo frio.

O sol era uma mancha fraca e amarela no céu parcialmente encoberto pelo cinza.

E quando olhava para os lados, estava sozinho.

O cenário imerso numa calmaria anestesiante, absolutamente imóvel e silencioso.

Apenas sua figura se movia deixando pegadas na neve, seus pés parecendo saber o caminho, quando ele mesmo não sabia.

Até que no meio daquele vasto branco, no vasto nada estava a cabana da solidão.

Sentiu seu rosto duro e corado de frio se mover num sorriso, as maçãs do rosto doeram.

E quando se aproximou da cabana naquele cenário ermo, a janela que costumava pular estava coberta por uma barreira transparente que seus dedos enluvados tocaram estupefatos.

Havia alguém dentro da cabana, não... Mais de uma pessoa.

E no jogo de luzes e sombras que faziam os candeeiros acesos, viu Jun Wu muito próximo de outro alguém... Que reconheceu de pronto das memórias antigas de Bai Wu Xiang.

Não era outro, se não Hai Lang que o abraçava de volta e o fitava sensualmente.

Suas mãos socaram a barreira invisível e inquebrável que revestia a janela, seu coração disparou diante daquela visão tão insensata.

Por que estava tudo bem para Jun Wu ter Hai Lang em seus braços? Os dois se beijaram entre as luzes das chamas incapazes de ouvirem seus socos na janela.

Não usou apenas os punhos, mas parte de seu braço e cotovelo, esmurrou com força e ofegando no frio intenso, sua respiração agoniada escapando de sua boca e narinas como a névoa, sem que uma mínima parte daquela barreira houvesse cedido, testemunhou Jun Wu beijar o pescoço de Hai Lang enquanto sua mão deslizava para desatar a faixa do hanfu, o gesto repleto de luxúria.

Foi nesse momento que Hai Lang olhou na direção da janela, tendo a carne fina e sensível do pescoço sendo preenchida por beijos quentes, ele viu seu reflexo preso na neve e sorriu uma mistura de erótico macio e perverso e algo infantil.

Quando Jun Wu apertou sua lombar, unindo mais seus corpos, Hai Lang fechou os olhos e entreabriu os lábios úmidos num gemido inaudível.

Era como estar separado por dois mundos.

Huan Shui estava preso naquele cenário branco invernal e a cabana era como uma miragem aconchegante à meia luz, um mundo fechado e exclusivo de seus dois únicos habitantes.

O rapaz do lado de fora esmurrou a porta, a madeira tremeu de leve, mas a porta não abriu, ninguém se importou.

E quando tentou vislumbrar qualquer imagem degradante pela janela, as persianas de bambu haviam desabado por dentro, tornando inescrutável o cenário interno daquele pequeno mundo privado.

Seus dedos enluvados tocaram aquela barreira, trêmulos e desolados.

E quando seus olhos se fecharam num suspiro congelante, sentiu que seus braços não podiam mais se mover.

Ouviu o som de correntes.

Seus ombros doíam, sua cabeça pendia e assim que subiu as pálpebras, entreviu por seu cabelo solto um lugar úmido e mal iluminado, com cheiro de morte.