Capítulo 498 Nem bom, nem mau... Cada qual defende seu ideal
Aquele quatro de junho
Cidade de Hangzhou, vizinha a Shanghai
Era o dia seguinte ao massacre do clã Can Yue¹, vulgo clã de assassinos que sempre cometiam seus atos de violência furtiva na Lua Minguante.
A fortaleza do clã ficava no topo de uma das colinas do local, cercadas de verde intocado.
Pessoas comuns que antes nunca haviam se atrevido a se aproximar da Fortaleza Si Shen², circulavam em torno dela ofertando incensos e frutas para a entidade executora do massacre, algumas delas realizavam preces silenciosas.
Dentre todos os transeuntes que passavam pela colina, Jun Wu estava entre eles vestido com a simplicidade de um Daozhang errante, sendo um dos poucos que teve a ousadia maior de penetrar o âmago da fortaleza.
Não era para menos.
Quem em sã consciência iria querer se expor ao odor pungente da morte, aos corpos dos inúmeros homens retalhados, cada um assassinado com requintes precisos de crueldade?
Fincadas no chão estavam duas espadas no ponto central daquele imenso salão, o sangue no chão era a continuação das espadas encharcadas de carmesim, pouco se via das lâminas.
Jun Wu estreitou o olhar sobre aquelas espadas, ele nem precisava se aproximar muito para sentir a energia demoníaca de quem as tinha empunhado.
Ele engoliu à seco, uma nota de angústia oprimindo o peito.
Huan Shui matara cada um deles usando a máscara, era um sentimento ruim difícil de descrever.
Porque, mais do que ninguém, Jun Wu sabia o peso que significava usar a máscara, ser Bai Wu Xiang.
O Daozhang seguiu para o corredor que deixava o salão, encontrou mais alguns corpos no caminho, cabeças decepadas com expressões de horror e dor indiscerníveis e, de súbito, seus pés se fixaram, incapazes de se moverem sobre uma trilha de sangue respingado.
Numa parede cercada por pilastras de mármore, encontrou ideogramas escritos em carmesim:
对不起³
Um tremor estranho se alastrou dentro de si, porque seguindo a trilha de sangue respingado com o olhar, num dado local ela simplesmente sumia.
O autor desse pedido de desculpas na parede, havia sido o próprio Huan Shui.
Ele não tinha certeza se o sangue usado para escrever na parede era apenas dos assassinos, se em algum instante, confrontando um clã inteiro de assassinos ele poderia ter se ferido.
A trilha de respingos de sangue poderia ser das vestes ou de um ferimento.
Anestesiado por seus pensamentos, Jun Wu não esperava ouvir outra voz, outra respiração que não fosse a dele.
- Divino Imper... - A pessoa pigarreou de leve, logo se corrigindo. - Meu senhor... Não pensei que fosse encontrá-lo por aqui.
A voz retirou Jun Wu de seu transe angustiante, mas ele ainda mirou-se apático no interlocutor ao seu lado, a cerca de dois passos.
- Vossa Alteza Tai Hua... - O Daozhang cumprimentou discreto. - Eu que pensei que este não era um assunto para o Reino Celeste intervir.
Lang Qian Qiu ainda tinha pensamentos contraditórios sobre aquele que tinha sido o Divino Imperador número um dos céus, era difícil não agir com certo respeito, mesmo que este deus menor estivesse vestido como Daozhang, era impossível apagar a imagem brilhante e intimidadora que Jun Wu deixara em seus tempos de glória e mentiras no Reino Celeste.
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Jun Wu - A Terceira Face do Príncipe • Livro 3
Fanfic⚠️ Aviso importante ⚠️ Fanfic com temas sensíveis como abuso, gore e tortura psicológica. ◇ Essa é a continuação da Fanfic "Jun Wu A Terceira Face do Príncipe", aqui começamos o último livro dela, o livro 3. Aqui pretendo concluir essa imens...