Chapter 468 Uma relação como flores miúdas nascendo entre rochedos áridos

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Arco final Capítulo 468 Uma relação como flores miúdas nascendo entre rochedos áridos

Não se lembrava da última coisa que tinham falado, o vinho podia ser mais fraco, mas nada impedia certas sensações etílicas sobre o corpo.

Seu corpo estava tão relaxado e placidamente aquecido, que adormeceu no meio da conversa, sem mesmo se dar conta... Sob o teto infinito de estrelas.

No entanto, apenas se deu conta disso quando a madrugada já estava se fazendo uma pretensa manhã.

A claridade pálida que precedia o nascer do sol fez com que Fu Yan despertasse um pouco perdido.

Principalmente, porque... A primeira coisa que viu assim que ergueu as pálpebras ensonadas, foi o rosto de Hulang.

Quando desperto, Hulang conservava sempre um olhar afiado, era como se tivesse uma espada desembainhada nas íris frias, o que tornava seu rosto um aviso, uma ameaça.

Contudo, ele ainda dormia naquele instante.

E de olhos fechados, a visão era tão adversa... Ele tinha as maçãs do rosto fortes, bem marcadas, os lábios finos e sua expressão exalava a tranquilidade que nunca demonstrava, era a primeira vez que via as sobrancelhas dele relaxadas e mesmo que ele tivesse uma mecha grisalha em seu cabelo, Fu Yan pensou que Hulang parecia tão mais jovem do que ele... Ou seria o cultivador trajando azul escuro que andava se sentindo velho?

Algo formoso em sua quietude, não era de se admirar que sua ex-mulher o desejasse.

Fu Yan esticou um pouco o corpo sobre a vegetação que amparava seu peso e percebeu que o cardigã de Hulang cobria os dois e que tinham dormido um de frente para o outro, sem ter sentido frio em nenhum momento, mesmo depois de adormecerem ao ar livre... No ponto mais alto de Zhen Yan.

O que o cultivador mais velho percebeu em seguida, tendo a mente cada vez mais desperta, é que ao tentar se mover para talvez levantar, o braço daquele homem estava passando por sua cintura... Como que... Numa atitude protetora?

De pronto, Fu Yan retesou-se na posição que estava, todos os seus sentidos despertaram de uma vez como num golpe preciso e atordoante.

Estremecendo por dentro ao considerar que tinha feito algo indevido sob o efeito do vinho.

Mas, como? Ele não se lembrava de ter feito nada de extravagante, nem tinha tomado vinho o suficiente para ter amnésia alcoólica ou algo do tipo.

Então, entre seus pensamentos agitados, Hulang se moveu sutilmente e ele recolheu o braço num movimento suave e preguiçoso, levando-o junto ao próprio peitoral, a mão perto de seu rosto e a respiração de quem ainda dormia quase profundamente.

A brisa soprou parte do cabelo de Fu Yan e ele se permitiu respirar mais tranquilo, deduzindo que provavelmente Hulang nem tinha percebido que havia abraçado sua cintura.

Com certeza se tratava de uma atitude inconsciente e tomando esse pensamento como verdade, Fu Yan se sentiu tão tolo por ter antes o coração pulsando na garganta, o alarde que esse pequeno toque tinha causado em seu corpo.

Sem notar que tinha desistido de levantar, permanecendo ao lado dele, observando-o longamente.

O sol já estava nascendo quando Hulang abriu os olhos, subitamente, não precisou de dois segundos para suas sobrancelhas tornarem a posição fria e ameaçadora de antes... Fitando Fu Yan, piscando até que o rosto dele se transformasse numa visão clara.

— Devia ter me acordado... Parece que despertou há algum tempo. — Ele se adiantou em dizer rouco, muito baixo, em tom de censura.

Fu Yan estava virado de bruços, o rosto apoiado em seus braços feito um travesseiro:

Jun Wu - A Terceira Face do Príncipe • Livro 3Onde histórias criam vida. Descubra agora