Capítulo 2

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Tiffany


O veículo começou a se mover.

Engoli em seco diversas vezes tentando tirar o nó que se formava na minha garganta. Meus olhos ardiam e uma vontade enorme de chorar crescia dentro de mim. Fiz um grande esforço para desgrudar as mãos do assento e tentar encontrar meu telefone dentro da mochila. O que deveria ser uma tarefa fácil estava se tornando uma missão impossível por causa das minhas mãos trêmulas. E quando finalmente encontrei o aparelho fui interrompida antes que pudesse pedir ajuda.

— Se fosse você não faria isso. — O carro parou de se mover o que possibilitou ao desconhecido que se virasse na minha direção. — Não quero te machucar então entregue o telefone.

Ele estendeu a mão para mim, mas eu não conseguia me mover. Vi ele curvar o corpo e tomar o aparelho das minhas mãos e voltar a direção. O carro seguiu caminho e olhei pela janela em desespero. Vi uma família passar na calçada e eu reprimi um grito assim que fitei os olhos do sequestrador pelo espelho retrovisor, decidi ficar quieta até que chegasse onde quer que fosse. Sabia que ele não iria me matar, pelo menos não antes de tirar dinheiro suficiente do meu pai.

Fechei os olhos tentando me concentrar na minha respiração. Eu não poderia ficar sem ar naquele momento. Me imaginei no meu quarto enquanto tocava uma música, depois pensei no lanche que a Ahjumma sempre fazia para mim. O carro parou bruscamente fazendo meu corpo ir para frente. Abri os olhos assustada tentando me situar de onde estava, a porta foi aberta.

— Pode sair.

Não me movi um centímetro. Eu queria correr, fugir, gritar, mas não conseguia. Senti tocarem meu ombro e recuei. Prendi a respiração quando me tocaram novamente e desta vez me puxaram para fora do veículo com força me fazendo tropeçar. Olhei para frente observando a casa velha.

— Finalmente você chegou. — Alguém abriu a porta. — Pensei que tinha se perdido.

— Não foi tão fácil me livrar do segurança dela. — O homem que me puxou empurrou meu corpo na direção da casa. — Precisei de cinco para apagá-lo.

Estremeci ao pensar em Minho.

— Entre logo, não quero que ninguém a veja.

Eles me levaram até a sala e me forçaram a sentar em um sofá sujo. Segurei minhas mãos sobre meu colo e me recusei a olhar para aqueles dois. Podia escutar eles conversando sobre o que fazer comigo e me encolhi contra o sofá quando vi uma sombra se aproximar. Ele parou na minha frente e me chamou, mas não respondi.

— Você é surda garota? — Gritou.

— Ela está abalada cara, não precisa gritar.

— Que isso? Com pena dela agora?

— Não é isso...

— Cala a boca então.

Ele se sentou e se inclinou na minha direção. Sua mão foi parar no meu queixo e me forçou a olhá-lo. Vi quando ele ergueu meu telefone.

— Se você cooperar, não vai sofrer nada. Se não for boazinha, as coisas só vão piorar. Entendeu? — Balancei a cabeça incapaz de falar. — Ótimo. Agora preciso de você ligue para o seu pai e diga exatamente o que eu disser.

— E-eu não p-posso

— O que?

— N-não posso ligar...

Senti meu rosto arder com o tapa que ele me deu. As lágrimas escaparam dos meus olhos e tentei reprimir os soluços.

— Por que não pode? — Questionou irritado. — RESPONDA!

Once in a lifetimeOnde histórias criam vida. Descubra agora