Capítulo 3

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Abri os olhos fitando o teto branco.

Meu corpo estava bem, por outro lado minha mente ainda estava cansada. Tentei empurrar as imagens do dia anterior para o fundo da minha memória, mas elas se repetiram enquanto me levantava devagar. Passei a mão pela minha cabeça e encarei o chão onde havia um amontoado de lençóis e um colchonete. Fui até o banheiro e fechei a porta atrás de mim.

Encarei meu reflexo no espelho e não poderia estar mais horrorizada. Meu cabelo estava uma bagunça terrível, a blusa estava um trapo e eu podia ver os pontos através do tecido rasgado. Levantei o pano e com a mão livre toquei o local sentindo como se ainda tivesse uma faca ali. Estremeci. Balancei a cabeça afugentando os pensamentos e lavei meu rosto, prendi o cabelo em um coque e deixei o banheiro logo depois o quarto. Escutei uma movimentação e segui o som, cheguei na cozinha encontrando o homem gentil de ontem.

— Oh, acordou. — Sorriu na minha direção. — Como está se sentindo?

— Estou bem. — Devolvi o sorriso. Ele me indicou a cadeira e estendeu uma xícara. — Obrigada.

— Espero não ter sido muito inconveniente ao deixar Taeyeon dormir no quarto com você, achei que seria melhor para o caso de sentir alguma dor de madrugada.

— Não foi — Respondi rapidamente, não iria conseguir dormir sozinha completei mentalmente — Muito obrigada Sr. Kim, por me deixar ficar e por cuidar de mim.

O Sr. Kim assentiu e se levantou, pegou uma bandeja que estava no balcão e colocou na minha frente.

— Não precisa agradecer. Eu estava planejando levar até o quarto, mas você acordou antes.

— Não precisava se incomodar. — Disse o mais gentilmente que pude.

— Minha esposa preparou para você, ela saiu cedo com Taeyeon para deixá-la na escola e seguir para o trabalho. Eu só tenho plantão pela parte da tarde, então lhe farei companhia.

Comecei a comer em silêncio e após alguns minutos ele puxou assunto sobre a escola. Perguntou como eu conhecia Taeyeon e eu tive de explicar que nunca havia falado com ela, muito menos sabia o seu nome. Depois de comer eu pedi que ele me emprestasse o telefone para que pudesse fazer uma ligação. O mais velho rapidamente me entregou o aparelho e eu disquei o número.

— Minho?

Tiffany! — A voz dele parecia aliviada. — Digo, senhorita Tiffany. Onde está? Fiquei muito preocupado quando não a encontrei no colégio. Alguém falou com você? Tentou algo? Onde a senhorita está?

— Eles me sequestraram Minho. — Eu disse baixando o tom de voz. — Mas estou bem, pode vir me buscar?

Estou saindo agora mesmo. Me passe a localização.

Desliguei a chamada e mandei a localização para o meu motorista. Entreguei o aparelho para o Sr. Kim.

— Tudo certo?

Assenti.

— Pedi ao meu motorista para me buscar.

— Eu posso levá-la.

— Não precisa se incomodar, o senhor já fez muito.

Ele franziu a testa, mas ficou calado. Ficamos assim pelos próximos vinte minutos até eu escutar a buzina do carro, com certeza era Minho. Me levantei e o mais velho fez o mesmo, me acompanhando porta a fora. Minho veio correndo até mim e notei algumas manchas roxas pelo seu rosto.

— Senhorita deixe-me ajudá-la.

Ele quase me carregou no colo até o carro. Me acomodei melhor no banco e então vi o rosto do Sr. Kim através da janela.

Once in a lifetimeOnde histórias criam vida. Descubra agora