Capítulo 47

99 8 0
                                    

Tiffany



A sensação era terrível. Parecia que meu corpo estava muito mais pesado que o normal e além disso minha cabeça doía um pouco. Tentei lembrar de onde estava quando algumas imagens dos últimos acontecimentos inundaram minha mente. O som seco do tiro pareceu ecoar no meu ouvido como se tivesse acontecido nesse exato momento.

O desespero que senti de não ter sido rápida o suficiente para puxar Taeyeon e protegê-la com meu corpo. Então a imagem mudou e estávamos na ambulância, mas minha mente já estava lenta e eu via borrões. A única coisa de que tinha consciência era da mão de Taeyeon segurando a minha.

Abri os olhos devagar me acostumando com a pouca claridade. Encarei o teto branco e em seguida baixei a vista notando que era um quarto. Estava um pouco escuro, pois apenas a luz próxima da porta estava acesa. Foi quando notei um aperto em minha mão e um calor conhecido. Desviei minha atenção para a direita e encontrei Taeyeon me encarando.

Ela havia puxado a poltrona para perto da minha cama e seus antebraços estavam apoiados no colchão. Suas mãos cobriam a minha em um aperto firme como se a qualquer momento eu pudesse sumir. Seus olhinhos castanhos tinham um brilho especial e me peguei apaixonada por ela novamente. Ficamos naquela troca de olhares por algum tempo e eu sentia como se não precisássemos dizer nada.

Uma lágrima caiu de seus olhos fazendo um caminho único em sua bochecha e acompanhei com o olhar logo notando que havia uma mancha escura. Lembrei-me de quando aquele imbecil a acertou no rosto. Ergui minha mão para acariciar o local, porém acabei contraindo minha barriga e foi impossível ignorar o desconforto e o gemido de dor.

— Devagar. — Pediu suavemente.

Pisquei os olhos tentando me acostumar com a dor e aos poucos ela foi diminuindo. Voltei a ergueu meu braço, mas lentamente dessa vez e toquei seu rosto.

— Não chore. — Minha voz saiu meio rouca. — Sabe que não sei o que fazer quando vejo seus olhinhos vermelhos.

Vi o esforço que ela fez para tentar esboçar um sorriso, mas foi sem sucesso.

— Eu.. eu fiquei com tanto medo. — Confessou colocando sua mão sobre a minha em seu rosto.

— Sinto muito.

— Você estava sangrando na minha frente e eu não podia fazer nada. — Murmurou triste deixando mais lágrimas caírem. — Foi desesperador ficar naquela sala de espera sem ter notícias suas por horas. Achei que fosse... — Buscou ar antes de continuar. —... realmente achei que fosse te perder.

— Você não vai me perder. — Disse tentando dar ênfase, porém minha voz soava rouca ainda. — Não vai ser essa coisinha que fará com que se livre de mim.

— Coisinha, Tiffany? — Questionou com um fio de voz.

— Como prefere que eu chame?

Escutei ela suspirar e então seus olhos faiscaram na minha direção.

— Deixe-me pensar.. pode ser estupidez, insensatez, um ato puramente insano sem pensar em nenhuma consequência?

— Fiz o que fiz completamente consciente de minhas ações. Não tire isso de mim.

Sua postura mudou. Os ombros pareciam tensos e qualquer um diria que ela estava pronta para me bater.

— Você é uma estúpida! — Acusou-me.

— Estúpida? — Repeti com a voz falha por ter subido o tom devido a surpresa. — Eu ter salvo sua vida foi estúpido para você?

— Não pedi para que me salvasse.

Once in a lifetimeOnde histórias criam vida. Descubra agora