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- Vitória, acorda. - Abri os olhos e me deparei com a imagem embaçada de meu pai me sacudindo. - Anda, se não você vai perder o voo. - Ele dizia naturalmente, como se eu fosse fazer uma viagem básica para a Disney. Afundei meu rosto no travesseiro e me recusei à ir.

- Não quero ir. - Minha voz saiu abafada. - Me deixe ficar, por favor e assim que o ano letivo começar novamente me deixe ir para a Universidade de Montreal. - Implorei. - É meu sonho. Você está acabando com a minha vida. - Falei ficando sentada na cama.

- Apenas se arrume. - Ele ignorou o que eu tinha dito. - Estou te esperando lá embaixo.

Levantei-me da cama e fui para o banheiro, tomei um banho e fiz toda a higiene necessária coloquei uma roupa horrível, pois eu costumava me vestir de acordo com o meu humor... e ele estava horrível.

Saí do banheiro e minhas malas já não estavam mais ali, parei e fiquei observando meu quarto, eu amava ele mais do que tudo, em seguida, as lágrimas já se formavam novamente, várias cenas passaram pela minha cabeça, inclusive de Gavira invadindo minha sacada, um riso escapou, mas logo cessou, assim que ouvi os gritos de meu pai me chamando.

Saí do quarto e no momento seguinte eu estava descendo as escadas, vi Koundé e Balde ali e estranhei.

- Por que eles estão aqui?

- Para levar suas malas.

- Você bateu em Gavira, deve ser forte o suficiente para levar minhas malas. - O alfinetei.

- Vamos de uma vez. - Meu pai disse. - E eles estão aqui para você não tentar dar uma de espertinha comigo. - Dei uma gargalhada falsa.

- Patético. - Murmurei indo até o carro, em seguida, estávamos no aeroporto. Cheguei e a primeira coisa que eu lembrei foi de quando eu fiz de tudo para impedir que Ansu voltasse para Madrid, senti falta de alguém me impedindo de viajar também.

- Fique só do meu lado. - Meu pai disse autoritário, Koundé e Balde vinham logo atrás, enquanto íamos fazer a porra do check-in.

- Posso ir pelo menos no banheiro antes? - Eu queria sair dali, eu queria ficar longe de meu pai, eu queria poder respirar. Meu pai ficou pensativo por um tempo, mas logo deu sua resposta: - Vá, mas Balde vai com você. - Ele disse e eu revirei os olhos, em seguida saí caminhando.

Passei pelo banheiro que havia no andar que nós estávamos e Balde perguntou porque eu não havia ido naquele.

- Não gosto desse, prefiro o outro que tem lá embaixo. - Eu queria ir no banheiro mais distante, assim eu mataria tempo, se eu perdesse o voo seria a melhor coisa da minha vida.

Entrei no banheiro e Balde ficou do lado de fora me esperando, isso porque eu pedi, se não ele iria entrar junto. A primeira coisa que fiz foi me olhar no espelho, meus olhos estavam inchados de tanto chorar, eu havia sido aceita em uma das melhores universidades de Madrid e não iria poder cursá-la, sem contar que eu estava sem a pessoa que eu mais amava no mundo e ficaria longe da minha melhor amiga, meu futuro nem começara e já fora destruído. Tudo o que eu consegui fazer perante à todos aqueles pensamentos foi me apoiar na pia do banheiro e começar à chorar novamente.

- Você está bem? - Uma mulher perguntou ao entrar no banheiro e me avistar nesse estado. Assenti limpando as lágrimas em seguida.
Lavei meu rosto e tentei melhorar ao máximo minha aparência, não queria que todo mundo naquele aeroporto visse que eu estava sofrendo.

Saí daquele banheiro inútil que ficava num local quase vazio daquele aeroporto, não havia ninguém, apenas uma mulher que logo desapareceu, nem Balde estava mais lá, estranhei e olhei para os lados tentando encontrá-lo, com certeza ele estava tramando uma armadilha, ele veria se eu tentaria fugir para depois aparecer e falar algo do tipo ''não foi dessa vez'' muito engraçado.

- Balde, pode aparecer. - Falei em voz alta, enquanto dava alguns passos e nada, não sei se eu fiquei feliz ou intrigada com aquilo. - Ok, estou indo, tchau. - Comecei á caminhar em uma direção qualquer, menos na direção que eu realmente deveria ir. Eu fazia tudo com cuidado, até que comecei á ouvir uma voz atrás de mim.

- Ei, princesa... - Ouvi uma voz reconhecível, mas continuei andando, pois só poderia ser coisa da minha cabeça. - Pô, vai ignorar seus melhores amigos? - Nessa parte eu parei e respirei fundo, eu estava meio receosa de olhar para trás e descobrir que era só algo da minha cabeça. - Vick... - Disseram meu apelido e eu me virei e fiquei estática por algum tempo, até voltar à realidade.

- FERRAN? - Gritei. - ANSU? - Eu não acreditava que eles estavam ali, saí correndo e os abracei com toda a força do mundo, enchi eles de beijos e abraços até os coitados se cansarem. - Senti tanta falta de vocês. - Dei um sorriso meio triste. - E vou sentir mais ainda.

- Por que? - Ansu perguntou.

- Estou indo para o Texas. - Falei. - Meu voo sai daqui à pouco minutos. - Justifiquei. - Que bom que vocês vieram me ver. - Olhei em volta. - Só vocês. - Falei ao concluir que Gavira não estava aqui.

- Não viemos apenas te ver, Vick.. - Ferran piscou para mim.

- Viemos te raptar.

- O que? - Achei aquilo estranho. - Não, garotos, é sério, muito obrigada, mas...

- Isso é uma afirmativa. - Ansu disse se aproximando de mim. - Já ouviu falar na palavra ''fugir''?

- Para onde, Ferran? Se eu for para o apartamento de vocês meu pai vai nos encontrar. - Falei e ele me mostrou três passagens, estranhei um pouco. - E Gavi, onde ele está? Por que ele não veio atrás de mim? Ele não me ama mais, é isso, não é?

- Nossa, como você é chata. - Ferran bocejou. - Vista isso. - Ele me atirou algumas roupas e... Uma peruca.

- O que...

- Sem perguntas, Vitória. Meu Deus, que garota chata. - Ansu disse me empurrando para dentro do banheiro, peguei as roupas e as analisei com cara de nojo, não combinava nada comigo, mas sorri, uma adrenalina começou à percorrer meu sangue e eu decidi que eu não iria deixar meu futuro ser destruído desse jeito, pelo menos se eu fugisse com os garotos, eu estaria livre e então poderia ligar para a Universidade de Montreal confirmando minha matrícula e então, eu iria para lá, tenho certeza que Ansu e Ferran me ajudariam com algum dinheiro para eu poder ir para Madrid, quando eu chegasse lá, faria de tudo para arrumar um emprego e eu e Aurora realizaríamos o nosso sonho de morar juntas. Aquilo era brilhante, porém eu lembrei de Gavira, lembrei que ele não estava ali, talvez ele só tivesse mandado os garotos para me ajudar á fugir como uma ajudazinha qualquer, para não ficar tão na cara que ele não queria mais ficar comigo, mas pode apostar que ele estava naquele casarão dando atenção ao que ele mais havia de importante nesse mundo: The Barcelonars. Aquilo doeu profundamente, pensar aquilo quase me fez desistir de fugir, quase que eu larguei aquelas roupas e voltei lá com o meu pai, alias, tenho certeza que já estavam anunciando o voo. Porém vesti as roupas, qualquer merda de vida era melhor do que a vida que me esperava.

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Tá perfeito esse EP.

POSSESSIVE - PABLO GAVIOnde histórias criam vida. Descubra agora