MARATONA 1/3
Continuei sentada no sofá e percebi que meu pai foi até a cozinha me olhando estranhamente, como se desconfiasse de algo.- Tudo bem? - Perguntei.
- Tudo ótimo. - Ele disse e eu fui até a cozinha novamente. - Tirando o fato de que você estava falando com ele. - Meu pai me olhou friamente e eu estremeci.
- Ele quem? - Tentei me fazer de boba.
- Você sabe, Vitória. Não se faça, não minta. - Sua voz era firme. - Sabe, você disse que tinha medo que eu restringisse sua liberdade e eu estou prestes à fazer isso, estou vendo que não posso confiar em você. - Ele bateu a porta da geladeira com força.
- Você é exagerado demais. - Abri o jogo. - Gavira não vai me fazer nenhum mal.
- Você que acha, não quero que minha filha acabe sofrendo por causa de um gangster de meia-tigela.
- Não fala assim dele. - Quase gritei. - Você acha que foi quem que pagou aquela droga de hospital? Porque do seu bolso não saiu nada e o senhor ficou bem quietinho. - Falei brava e meu pai
- Não me diga que...
- Sim, eu te digo, pai. Gavira pagou tudo, ele se preocupou comigo.
- É só uma maneira de te comprar minha filha. - Não acredito que eu ouvi aquilo. - Vou devolver todo o dinheiro para ele, vou mandar Belen perguntar quanto que foi o custo. - Ele disse. - Mas quanto à vocês dois, mantenham distância um do outro, ou você sabe, eu te mando para o Texas.
- Você fala isso numa naturalidade, como se eu fosse algo sem importância, o qual você pode embrulhar e mandar para outro lugar. Não caia no meu conceito, pai. Só isso que eu te peço. - Saí dali apoiando meu corpo nas muletas, demorei para chegar em meu quarto, mas o importante foi que eu consegui.
[...]
- Olaaaaa amiga linda. - Aurora praticamente cantou. - Como você está com a patinha quebrada e não pode dirigir e também ficou sem carro, mas não quero ficar pisando nos seus sentimentos, eu vim te buscar. - Ela abriu os braços super feliz e o nervosismo me percorreu.
- Aurora, amiga. - Sorri para ela. - não quero sofrer outro acidente de carro.
- Af, você colocou na cabeça que eu não dirijo bem.
- Ok, vamos Aurora. - Falei saindo de casa e fechando a porta.
- Coloque suas muletas aqui. - Ela disse pedindo para que eu as colocasse no banco de trás. - Prontinho. Entrei no carro com uma dificuldade mínima.
Resolvi contar tudo para Aurora, ela pensava em tudo como se calculasse cada coisa que iria me falar.
- Namore escondida. - Sim, ela me deu esse conselho inteligentíssimo.
- Eu já pensei nisso, isso não é o problema, eu tenho medo que meu pai descubra e me afaste de Gavira.
- Nunca vi um namoro com tantos obstáculos, puta que pariu. - Aurora revirou os olhos. - Mas você sabe, não tem outro conselho bom, à não ser...
- Não vou me separar dele, eu o amo pra caralho. Vou voltar para ele hoje mesmo. - Falei decidida. - Só vou pedir para que tenhamos cuidado. Meu pai soube que Gavira trabalhava na escola, mas ele soube também que ele havia saído, acho que ele não faz ideia que Gavira voltou, porque se fizesse, era capaz de me tirar da escola e sim, logo agora que estamos perto da formatura... Sem contar que ele...
- Quer te mandar para o Texas? - Assenti triste.
Entramos na escola e eu olhava para todos os lados como se estivesse procurando algo, mas na verdade eu estava procurando alguém. Eu andava por aqueles corredores nervosamente com Aurora ao meu lado, eu precisava ir até meu armário para pegar dois livros, um de história e outro de biologia. Avistamos Paulo que vinha até nós todo sorridente, nos cumprimentou e logo seguimos juntos.- Fiquei sabendo do seu acidente, Aurora me disse. - Paulo disse olhando para mim. - Pensei que você ia ser mais cuidadosa e ficar em casa. - Ele meio que me repreendeu, bom, eu estava com atestado de uma semana em casa por causa do acidente, mas eu briguei com meu pai para que eu pudesse ir para a escola, porque eu queria estudar, claro. Não tem nada a ver com o fato que era o lugar mais seguro onde eu poderia falar com Pablo, absolutamente nada a ver.
- Eu não queria ficar em casa, eu nem estou mais sentindo tanta dor, o único problema é que essas escadarias enormes não combinam com minha perna quebrada. - Falei. - Mas graças à Deus, tem um elevador nessa escola que serve para alunos com problemas físicos, tipo aquele aluno de uma turma do primeiro ano que anda de cadeira de rodas.
- Aquele que uma vez passou por você e apertou sua bunda?. - Ela lembrou.
- Quem apertou sua bunda? - Uma quarta voz falou atrás de mim e eu me virei lentamente, meu coração disparou. Gavira me olhava com uma cara interrogativa. - E aí, vai me responder? - Paulo e Aurora se entreolharam.
- Calma, Gavira. - Aurora revirou os olhos, eu estava intacta, praticamente vidrada nos lábios de Gavira, era incrível como ele me deixava boba. - Só estávamos relembrando algo que aconteceu ano passado.
- Não aconteceu nada demais, Gavira. - Consegui dizer algo.
- É, pegou o o ônibus lotado e ainda quis sentar na janelinha. - Aurora metaforizou e Gavira a fuzilou com os olhos.
- Esse cara já sabe da gente, não sabe? - Gavi perguntou em relação à Paulo.
- Sim. - Disse simples.
- Quero falar com você depois. - Ele disse. - Tem como você sair comigo depois da sua aula?
- Acho que sim. - Sorri e em seguida bateu o sinal. Ele chegou mais perto com cuidado e sussurrou um "eu te amo" que fez meu corpo inteiro estremecer, em seguida ele deu as costas e saiu.
- Garoto chato. - Aurora disse. - Por que você não fica com Ansu? Ele é legal. - Ela dizia enquanto íamos em direção ao elevador.
- Esse cara é sinistro. - Paulo falou. - Me dá medo.
- Inofensivo. - Falei.
- Tudo, menos inofensivo. - Aurora me corrigiu.
- Concordo com Aurora, ele parece ser do tipo que te mata com um simples olhar. - Paulo disse e riu.
- E sinceramente, isso me excita pra caralho. - Falei.
- Hm... Acho que alguém não teve um bom final de semana. - Anita disse e riu enquanto eu entrava apoiada em minhas muletas, a sala inteira me observava..
- O que aconteceu, Vitória? - O professor de história quis saber.
- Acidente de carro. - Disse simples e fui para a minha classe.
- Bem feito. - Anita disse baixo achando que eu não havia ouvido.
- Como é que é? - Falei.
- Ué, você quebrou meu braço uma vez, lembra?
- Mas você é uma vadia, você merece. - Falei e sentei antes que aquelas muletas fossem parar em lugar errado.
Era incrível como as aulas demoravam para acabar, eu estava ansiosa para falar com Gavira, eu precisava ficar à sós com ele, mas quanto mais forte é a ansiedade, mais devagar o tempo passa. Eu não fiz exatamente nada do que o professor solicitou, minha mente voava longe.
- Senhor. - Gavira entrou na sala, era estranho ver ele daquele jeito todo formal. Olhei para o lado e os cus alheios já estava piscando. - A senhora Abigail mandou lhe entregar isso. - Gavi deu ao professor uma pasta cheia de papeladas, ele olhou rapidamente para mim e saiu.
- Ele é muito gostoso. - uma garota atrás de mim disse. - Alguém sabe o endereço dele? - As outras riram.
- Se eu soubesse... já estaria grávida. - Elas riram novamente e eu queria matá-las.
- Como você se sente com o fato de ter garotas atrás de você falando que querem dar para o seu namorado? - Aurora inclinou-se e falou isso em meu ouvido.
- Me sinto completamente normal, quer dizer, se isso significar: me sinto com vontade de fuzilar todas elas.
Finalmente.
Finalmente.
Finalmente acabou aquela porra.
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POSSESSIVE - PABLO GAVI
Ficção Adolescente"𝚅𝚘𝚌𝚎 𝚎 𝚖𝚒𝚗𝚑𝚊 𝚚𝚞𝚎𝚛𝚎𝚗𝚍𝚘 𝚘𝚞 𝚗𝚊𝚘, 𝚙𝚘𝚛𝚚𝚞𝚎 𝚎𝚞 𝚜𝚒𝚖𝚙𝚕𝚎𝚜𝚖𝚎𝚗𝚝𝚎 𝚊𝚗𝚜𝚎𝚒𝚘 𝚚𝚞𝚎 𝚜𝚎𝚓𝚊 𝚊𝚜𝚜𝚒𝚖 𝚟𝚘𝚌𝚎 𝚗𝚊𝚘 𝚝𝚎𝚖 𝚎𝚜𝚌𝚘𝚕𝚑𝚊."- Pablo Gavira 𝙴 𝚜𝚎 𝚎𝚕𝚊 𝚏𝚘𝚜𝚜𝚎 𝚍𝚎𝚕𝚎? 𝚂𝚘𝚖𝚎𝚗𝚝𝚎 𝚍𝚎𝚕�...