028

2.5K 124 21
                                    

Peguei meu celular com as mãos super trêmulas, eu estava mais do que fodida, Gavi nem precisaria se dar o trabalho de me matar, meu pai já faria isso. Ele não tirava os olhos de mim em nenhum momento, apenas esperando eu fazer a tal ligação. Liguei, chamou. Mas só chamava mesmo, ela não me atendia.

- Atendeu? - ele perguntou

- Você ouviu algum alô? - o cortei

Liguei novamente, e ela não atendia, liguei mais uma vez e nada. Amém senhor.

- Pai, ela deve estar dormindo. Dê um tempo, por favor - senti um alívio me percorrer

- Ligue de novo - Valentina disse, incrível como ela só queria ferrar com minha vida.

- Não se meta, mas que droga mesmo - disse irritada com tudo

- Ok Vitória... - meu pai falou - Eu vou dormir, estou super cansado, mas amanhã é outro dia - aquilo soou como uma ameaça

Deitei em minha cama perdida em pensamentos bons ou ruins, eu estava exausta, então adormeci

Mais um dia que eu não estava nem um pouco a fim de enfrentar. Levantei-me quase caindo de tanto sono, e o pior era que aquela escola era turno integral, eu não merecia tudo isso. Fiz minhas higienes, vesti-me, peguei minhas coisas as quais eu lembrei que eu havia deixado em algum lugar da sala no terrível dia anterior.

Peguei uma maçã de leve na cozinha, pois eu não havia tempo e nem pique para um café da manhã reforçado. Logo lembrei-me que meu carro não estava na garagem, estava com Gavi. Merda, será que meu pai havia visto? Claro que havia, até porque ele sempre saía antes de mim, seria mais outra coisa da qual ele me cobraria a noite. Eu desejava não voltar.

Mas agora a questão era: como eu iria para a merda da escola? Eu só me fodo nessa vida, era impressionante isso, eu poderia ser uma adolescente normal, mas não, parecia que isso não era possível. Depois que eu conheci Gavi tudo virou do avesso, tudo mesmo.

A escola era longe, realmente longe, só de carro dava uns 30 minutos, imagina se eu pegasse um ônibus, chegaria lá em minha formatura. Comecei a caminhar pela rua, pensando numa possibilidade de ir para aquela escola, óbvio que eu ia ter que ir até o apartamento de Gavi e talvez pegar uma carona com ele, era o jeito.

Ouvi um barulho de uma buzina e quase não acreditei quando vi o humilde carro de Gavi

- Você não acha que vai chegar naquela escola indo a pé né? - ele disse sarcástico, como sempre

- Se uma bicha raivosa não tivesse arranhado meu carro, talvez eu não tivesse nessa situação - disse brava

- Sabe, Vitoriazinha - odiava quando ele me chamava assim - Se você tivesse me respeitado, eu até te dava uma carona. Mas... - ele disse coçando o queixo - Por que você não pede para Guilherme? - ele riu - Ah não, esse já está morto - gelei

- O que? - gritei apavorada - Como assim Gavira? Qual o seu problema? - Gavi deu uma risada para trás, rindo do meu pavor, colocou os óculos escuros e disse: - Minha, Vitória... somente minha. - Ele realmente levava aquilo muito a sério, Gavi arrancou o carro e me deixou ali sem reação alguma, sem acreditar no que eu estava vivendo, ele havia matado Guilherme, ele não brincava em serviço, ele era um filho da puta. Joguei uma pedra em direção de onde Gavi havia acabado de arrancar com o carro.

Sentei no meio fio da calçada e comecei a chorar desesperada, eu não acreditava que aquilo estava acontecendo, não acreditava.

- Ele tirou o arranhão de seu carro - ouvi uma voz nada estranha, olhei e vi Ansu com o meu carro.

Ele logo saiu e me entregou as chaves, me levantei com certa dificuldade, os olhos ainda ardendo em lágrimas, o coração apertado, a falta de querer enfrentar as coisas. Dei um sorriso super falso para Ansu e tentei entrar em meu carro, mas ele me impediu.

- Olha, eu mesmo vou pedir desculpas por Aidan por ele ser tão assim... Impulsivo, controlador, sabe, por querer que as coisas sempre sejam do jeito dele, mas talvez ele tenha seus motivos

- Ou só tenha nascido errado mesmo - falei com a voz chorosa e Ansu deu um sorriso - Acontece, Ansu - respirei fundo, limpando as lágrimas - eu não sou qualquer uma, eu não mereço isso e ele não deveria ter matado Guilherme - falei ainda incrédula

- Guilherme já estava na nossa mira há muito tempo, ele não tão limpo quanto você pensava, o roubo não foi a única merda que ele nos fez, ele fazia parte de nenhuma gangue, apenas trabalhava para elas ou algo do tipo, mas ele apenas trabalhava para gangues que queriam atingir a gente, um dia ele armou uma tão foda, que os tiras quase descobriram quem eram The Barcelonas, quase nos fodemos Vitória. E o fato de você ter ficado com ele, foi um empurrão bem grande para completar a vingança de Gavi, isso deixou ele mais irritado do que qualquer merda que Guilherme já tenha feito.

- Mas Ansu... - tentei procurar algum argumento

- Não fique assim tão traumatizada - Ansu disse - Ele era sujo também, tão sujo quanto Gavi - Ansu riu - Ah e só mais uma coisa - olhei - Acho que Gavi é apaixonado por você, meus pêsames.

POSSESSIVE - PABLO GAVIOnde histórias criam vida. Descubra agora