034

2.5K 131 20
                                    

Bati a porta do banheiro com toda a força do mundo e a tranquei, me apoiei na pia e fechei os olhos com força, eu estava morrendo de raiva, abri meus olhos me deparando com a minha imagem no espelho que ali havia, eles estavam vermelhos, sinal de lágrimas de pura raiva vindo. E então, desabei, comecei a chorar baixinho. Não queria que o causador de tudo isso ouvisse.

Meu subconsciente sussurrava-me que eu não deveria chorar por Gavi, ele era um idiota, eu já deveria estar acostumada a ser tratada assim, por ele, como um nada. Nenhuma garota gosta de se sentir apenas mais uma, nenhuma garota gosta de se sentir uma vadia. Com exceção de Anita, claro.

Enxuguei minhas lágrimas com força, machucando um pouco meu rosto, eu estava com muita raiva, eu poderia matar Gavi com sua própria arma, eu odiava o que aquele babaca fazia comigo, simplesmente odiava.

E ele ainda deixava bem claro que eu era somente dele, mas não como alguém que ele goste e sim, como uma marionete, com a qual ele podia fazer tudo o que quisesse, uma marionete idiota. E o pior... Sabe o pior? Eu era totalmente apaixonada por ele, eu não entendia o porquê.

Como eu podia me apaixonar logo por ele? A verdade era, que eu podia ver algo a mais em Gavi, algo a mais em seus olhos, podia sentir que ele era mais do que isso, mais do que esse idiota que ele aparenta ser. Ou eu apenas estivesse errada, e pelo visto, eu estava.

Eu caí na dele, eu deixei me envolver por ele, eu deixei ele me seduzir, ele não era o total culpado, ou era, por não deixar eu me afastar dele, por não deixar eu tomar meu rumo, por simplesmente querer que eu fosse sua. Ok, eu também me culpo, pois apesar de tudo, ele nunca escondeu esse jeito ordinário dele, e mesmo assim, eu deixei me levar. Eu me apaixonei.

Já estava naquele banheiro tentando conter minha raiva havia mais ou menos trinta minutos, estava sentada no chão, envolvendo meus braços em meu joelho e com a cabeça baixa, até que ouvi fortes batidas na porta.

- Abre essa porra, Vitória. - Gavira ordenava tentando manter a calma.

- Isso não é uma porra, é uma porta, você é uma porra. - Gritei.

- Sem gracinhas e abre isto de uma vez, garota. - Ele dizia autoritário do lado de fora.

- Por que?

- Porque eu quero.

- Querer não é poder, me deixe. - Falei.

- Eu vou arrombar essa porta, igualzinho eu fiz com você. - Ele era ridículo.

-Abre, Vitória. Eu quero falar com você. - Ele estava quase derrotado.

- Que droga, Gavi. Me deixa, vai lá foder suas vadias. Me larga de mão, poxa. Depois ainda vem dizer que eu fico no seu pé. - Eu gritava dentro daquele banheiro. - E aliás, me esquece, eu não sou sua. Não quero essa vidinha, minha vida já está ruim o suficiente. Obrigada.- Falei e logo as batidas na porta cessaram, o silêncio pairou, respirei fundo a fim de afastar as lágrimas, mas elas vieram mais uma vez e dessa vez, o motivo era minha droga de vida.

Eu já estava há uma hora e meia dentro daquele banheiro, até que eu cansei, já estava um pouco mais aliviada, mas ainda bem magoada em relação à Gavira, porém eu não podia me afastar, evitá-lo ou algo do tipo, eu estava em seu território por completo agora.

Destranquei a porta do banheiro com cuidado, respirei fundo mais uma vez, olhei-me rapidamente no espelho para ver meu estado e abri.

A casa estava silenciosa, como se não houvesse ninguém e acho que realmente não tinha. Talvez eles tivessem havido outro imprevisto ou coisa para resolver, o que me deixou mais aliviada ainda.

- Já acabou o show? - Ouvi aquela rouquidão atrás de mim. Virei-me. Ele estava lá. O ignorei e abri a porta do quarto de hóspedes, quando fui fechar a porta, senti sua força contra a minha. - Você acha que é quem garota? Me ignora e ainda quer fechar a porta na minha cara. Até parece que tem alguma moral. - Eu não aguentava mais ouvir os xingamentos cruéis de Gavi.

- Para, Pablo. - Estourei. - Chega, para de me tratar como uma merda porque eu sei muito bem que eu não sou, eu só quero um pouco mais de respeito da sua parte, não sou nenhuma das suas vadias, por mais que eu me entregue a você como uma, quero que você saiba que isso é só idiotice da minha parte, porque se eu soubesse as consequências desse envolvimento eu nunca mais tinha olhado em sua cara.E eu também não deveria ter feito porra nenhuma por Jude, deveria ter deixado ele apanhar isso sim, você e ele são dois idiotas, dois podres, não sei porque vocês são inimigos, deveriam ser amigos, irmãos, isso sim. - Ele segurou meu braço com extrema firmeza e eu o olhei com tamanha raiva. - Me solta. - Gritei.

- Quem é que manda? - Ele dizia friamente. - Hein, Vitória? Quem é que realmente manda aqui? Eu ou você? Quem pode matar quem? Eu ou você? Quem realmente possui poder? Eu ou você? - Continuei o olhando, enquanto ele dizia aquilo com ódio no olhar, mas pode ter certeza, ele não estava com mais ódio do que eu. - Isso mesmo, Vitória. Resposta mais do que certa. Eu. - Ele disse e deu um sorriso torto. - A única pessoa que realmente merece respeito aqui, sou eu. - Ele disse e eu dei um sorriso irônico. Logo Gavira me soltou e eu acariciei meu braço onde ele havia deixado dolorido.

Sentei-me na cama sem dizer nada, percebi que o que mais incomodava Gavi era o meu silêncio, ele ficou parado olhando-me, pensei até em ter visto certo arrependimento em seus olhos.

Gavi sentou-se em uma poltrona que havia em uma certa distância da cama, apoiou os cotovelos em seu joelho escondendo sua cabeça entre as mãos. Eu apenas o olhava, com um olhar frio e vazio, eu sentia muita raiva, muita raiva mesmo.

Olhei para o lado e avistei algo tentador na cabeceira da cama, olhei para frente e Gavi ainda estava sentado lá, com a cabeça entre as mãos sem ver nada.

Eu estava fora do normal, eu nunca faria aquilo em sã consciência, pois eu sabia que se eu matasse Gavi, seria cem loucos contra mim depois. Peguei o revólver que havia na cabeceira, era pesada para alguém como eu, alguém que nunca havia tocado em um antes, eu não sabia o que fazer, até que vagas memórias de Gavira usando um revólver vieram em minha cabeça, apontei a arma para Gavi que ainda continuava com a cabeça entre as mãos sem se ligar no que eu estava fazendo, pus meu indicador no gatilho.

Gavi logo levantou a cabeça, como se houvesse sentido algo diferente e ao fazer isso me olhou sem entender ao ver uma arma apontada para ele, com certa distância, pois eu continuava sentada na cama. Ele não demonstrou nenhum medo, me olhava seriamente, desafiador. Na cabeça dele, eu falharia, e talvez ele estivesse certo. Mas por enquanto, eu me mantinha firme, os olhos transbordando raiva. Ele naquela poltrona, há uns 8 metros de distância e eu sentada naquela cama.

- Atira, Vitória. Vamos ver do que você é capaz. - Quanto mais ele duvidava, com mais raiva eu ficava. - Vamos, Vitória. - Ele disse levantando-se e vindo me minha direção, levantei-me também.

Nós caminhávamos um em direção ao outro, como se ele fosse me pegar para dançar tango, a única diferença era que eu estava mirando uma arma para ele, mas tirando esse pequeno detalhe...

Pela primeira vez, eu me sentia forte e confiante perante à Gavira, o que nunca havia acontecido, pois eu era sempre a fraca.

Paramos de andar, a única distância entre nós, era a da arma apontada em seu peito. Gavira me olhava profundamente, sem nenhuma expressão.

- Atira. - Ele disse com a voz suavemente rouca, e então, eu resolvi fazer o que ele mandou, quando fui apertar o gatilho, Gavi viu que eu não estava brincando e puxou meu braço para cima, fazendo eu dar um tiro no teto. Em um movimento rápido, ele tirou a arma de minha mão e atirou para um canto qualquer daquele quarto.

Pensei que ele pegaria a porra daquele revólver e atiraria em mim, mas não, a única coisa que ele fez foi... me puxar para perto me lascando um beijo, fazendo-me flutuar. Não resisti, eu precisava daquilo. O puxei mais ainda, enquanto ele me dava um beijo lento, segurando minha cintura com extrema força.

Puxei os cabelos de sua nuca fortemente e senti Gavi dar um sorriso entre nosso beijo. Enquanto ele sorria, as lágrimas caiam de meu rosto. O apertei mais ainda, o máximo que eu conseguia, pois aqueles momentos de concordância entre eu e Gavira eram raros e únicos.

Parei de beijá-lo e o abracei com toda a força, enterrando meu rosto em seu pescoço, sentindo seu maravilhoso perfume. Por incrível que pareça, ele correspondeu ao meu abraço, me apertando fortemente e dando beijos carinhosos em meu pescoço.

Não me trata mais como um lixo, por favor. - Pedi chorando. - Isso acaba comigo. - Disse desfazendo o abraço e pondo minhas mãos em seus ombros, o olhando profundamente. Seus olhos voltaram a ter aquele verde suave.

POSSESSIVE - PABLO GAVIOnde histórias criam vida. Descubra agora