076

2.2K 136 66
                                    

- Por que você não foi junto?

- Por que eu preciso falar com você e aproveitei esse momento para isso. - Ele dizia tudo tão calmo, parecia até outra pessoa.

- Ok, eu vou. - Me rendi. - Mas eu não vou ficar muito, se não depois meu pai começa a estranhar... - Falei.

- Vou esperar você. - Ele disse e em seguida desligou... Na minha cara.

Comi e subi correndo para o meu quarto, coloquei uma roupa qualquer, pois eu nem pensava em impressionar Gavi, eu só queria saber o que ele tinha de tão importante para conversar comigo, ele nunca foi dessas ladainhas, nunca.

Entrei em meu carro e perdi-me em meus pensamentos, imaginando o que ele tinha de tão importante para falar, quando dei-me por conta, eu já estava na frente de seu prédio.

- Quer que eu avise para o senhor Gavira que você está aqui? - O porteiro perguntou.

- Não, ele já sabe da minha presença. - Falei e ele assentiu.

Entrei no elevador e fiquei ali inquieta esperando aquela droga chegar no décimo andar e quando chegou, meu coração quase saiu pela boca, fui bater na porta e nem foi necessário, pois ela logo se abriu.

- Entre. - Gavi disse. Ele tinha os cabelos bagunçados e usava uma calça de moletom simples e não vestia camisa. Primeiro eu babei bastante em seu corpo e depois entrei, vi ele dar uma risada de leve. Limpei a garganta para disfarçar.

- Então, o que você tem para conversar comigo? - Perguntei sentando-me no sofá.

- Muitas coisas. - Ele sentou-se no sofá da frente.

- Você nunca teve muitas coisas para falar comigo? Por que teria agora que a gente mal está se falando? - Fui obrigada a perguntar e vi ele ficar sem resposta.

- Eu sei, até eu me surpreendi com isso. - Ele disse.

- Então vamos direto ao assunto. - Falei e Gavi me olhou, em seguida molhando os lábios involuntariamente.

- Lembra quando você apareceu sozinha na rua 6 e nós começamos a mexer com você... Foi praticamente onde tudo começou... - Vi que
Gavira estava meio perdido.

- Sim, até que vocês me sequestraram? Lembro perfeitamente. - Fui direta. - E depois veio a grande merda: perdi minha virgindade com você em troca da vida idiota do filho da puta de Jude. Tem certeza que você quer lembrar essas coisas? Eu não quero, só tenho más lembranças. - Falei.

- Porra, Vitória. Deixa eu falar. - Ele disse bravo.

- Ui, bravo assim não vai pro parque. - Debochei.

- Acho melhor você ficar quieta, pois eu estou quase desistindo. - Ele disse.

- Ok, fale.

- Droga, você fez eu me perder... Não que eu tenha ensaiado isso, claro. - Ele disse. - Mas enfim, depois daquele dia, eu vou ser obrigado a dizer que eu criei uma forte atração por você, Vitória.

- Isso é algum tipo de pegadinha ou piada? Onde estão as câmeras?

- Essa é a merda, Vitória, não é nenhum tipo de pegadinha, eu queria que fosse, assim eu me livrava dessa droga de sentimento que me incomoda desde o dia que eu ansiei que você fosse minha. - Apenas fiquei parado o olhando sem entender.

- Que sentimento, Gavira? De ódio? Pois foi só o que você demonstrava sentir por mim depois que me usava? - Senti um nó em minha garganta, vi Gavi abaixar a cabeça.

- Porque eu não sabia lidar com isso.

- Com isso o que, Gavira? - Perguntei e ele ficou quieto por um tempo

- Você descobriu qual é a pergunta que eu quero que você refaça? - Ele perguntou e eu sacudi a cabeça negativamente.- Sim, você sabe qual é a porra da pergunta, Vitória. - Ele disse levantando-se. - Você só acha que não é. - Ele disse e eu levantei-me também.

- Só tem uma pergunta, mas está fora de cogitação. - Falei.

- Apenas faça. - Ele olhou diretamente em meus olhos, fazendo-me arrepiar por inteira. Eu respirei fundo.

- Você... Eu não consigo. - Falei quase chorando. - Você me deu aquela resposta que acabou comigo, eu não posso ouvi-la de novo.

- Vitória, por favor, faça, eu imploro. - Ele disse acariciando meu rosto e eu fechei os olhos, pois seu toque era maravilhoso, ele limpou minhas lágrimas e eu abri os olhos novamente o olhando.

- Você... Você nunca sentiu algo por mim? - Perguntei e quando fui falar algo, Gavi pôs seu indicador em minha boca me calando, em seguida, pude sentir seus lábios se encontrando com os meus, Gavi começou a me beijar lentamente e eu não pude evitar aquilo. Envolvi meus braços em volta de seu pescoço, enquanto ele passava as mãos por minha cintura, aquele beijo tinha um gosto diferente, não parecia ser só mais um beijo.

- Eu nunca me apaixonei antes. - Gavi começou a dizer assim que terminou o beijo com um selinho longo. - Mas você. - Ele hesitou um pouco. - Você soube mudar isso, você soube foder com tudo.

- O que? - Perguntei sem acreditar no que eu ouvira. - Acho que eu não entendi direito. - Falei.

- Sim, você entendeu e é isso mesmo. - Ele disse. - Você é a garota mais irritante e chata que eu conheço, mas também, é a única garota que soube lidar comigo.

- Droga, eu devo estar sonhando. - Falei me beliscando. - Anda, Vitória, hora de acordar. Você tem que parar com esses sonhos. - Falei e quando vi, Gavi me olhava com as sobrancelhas erguidas como se eu fosse a pessoa mais louca do mundo.

- Isso não é um sonho. - Gavi disse com aquela rouquidão na voz. Em seguida ele passou as mãos pelos cabelos os bagunçando e foi até a cozinha me deixando ali, ainda sem entender, que garoto bem pau no cu, porém eu via que ele estava perdido e receoso, então resolvi ficar na minha.

Ok, confesso que eu fui atrás dele, pois ele acabara de dizer que era apaixonado por mim e isso estava me matando por dentro, ele é Pablo Gavira, não se apaixona, eu precisava tirar essa história a limpo.

- Gavira. - Falei ao encontrar ele escorado bebendo algum tipo de bebida alcoólica. - Ah entendi, você estava bêbado, por isso falou tudo aquilo. - Ele riu pelo nariz.

- Não se preocupe, eu não estava bêbado, alias, eu ainda não estou. - Ele disse. - Mas estou prestes à ficar, pois acabei de dizer que sou apaixonado por uma garota, coisa que nunca acontece. Droga. Não sei lidar com essas merdas de sentimento.

-Eu nunca imaginei que você sentisse algo por mim. - Comecei a dizer meio tímida. - Você sempre me tratou como um lixo. - Ele me olhou rapidamente, como se tivesse se arrependido.

- É que você pede né. - Ele disse dando um gole na bebida. - Você é insuportável.

- É, eu sei. - Falei. - Não sei como você ainda não estourou meus miolos.

- Vitória... É sério. - Ele disse tirando um cigarro do bolso e acendendo, mas não deu nem tempo de ele levar o troço à boca, pois eu fui mais rápida e joguei pela a janelas.

- Não quero mais ver você com essas drogas. - Falei. - Não sei se você lembra, mas você foi parar no hospital, quase teve uma overdose. - Ele apenas me olhou, geralmente ele me encheria de desaforo.

-Eu não entendo porque você ainda se preocupa comigo. - Ele riu de canto. - Eu sou um idiota.

- Sim você é. - Dei de ombros. - Mas agora, continue o que você ia falar. - Exigi e ele ficou em silêncio por um tempo e logo abriu a boca novamente.

- Eu gostaria de tentar... - E foi isso que ele disse.

- Tentar o que? - Eu não havia entendido.

- Tentar... Você sabe... Tentar fazer com que nós dois sejamos... - Ele respirou fundo, em seguida acabando com a bebida. - Um casal. - O olhei rapidamente.

POSSESSIVE - PABLO GAVIOnde histórias criam vida. Descubra agora