Bruno ficou mudo, tamanha era sua perplexidade. Lívido, me encarou como se eu nem fosse humana.
– Não quero saber. Os dois são culpados e irão lidar com as consequências. Liguei para os pais de vocês e eles estão vindo. Ninguém vai sair dessa sala até a questão ser resolvida. – Fiquei feliz pelo diretor inútil finalmente tomar uma atitude de homem. Ia ser muito interessante ver os pais de Bruno pirar com o que ele fez.
– Não, Sr. Matias. – Bruno começou a implorar. –Tenho certeza que podemos resolver isso de outro jeito. Por favor, precisa fazer algo por mim. O centenário está chegando e...
– Lamento, Bruno. Não posso te ajudar. Os donos da instituição exigem que seja expulso. – Assisti com prazer a face do Bruno se contorce de dor e preocupação. Os olhos dele começaram a refletir o vazio do fracasso.
De repente, a secretaria entrou na sala berrando:
– Sr. Matias, os alunos estão tentando invadir o colégio, precisa...
Para a surpresa de todos, atiraram pedras contra a vidraça da sala. Ela estilhaçou, fazendo de todos nós alvos fáceis. Os covardes jogaram-se no chão, mas eu continuei sentada e acendi um cigarro enquanto o diretor ligava para a polícia. O coroa gritou com os desordeiros e por isso eles fugiram, deixando-o ainda mais bravo. Sem alternativas, o Sr. Matiae nos abandonou e foi tentar conter os manifestantes. Assim que ele saiu, fui para a janela atraída pelo pandemônio. Mesmo de longe, podia ouvir a voz de Orelha disfarçada pelos efeitos. A gravação vinha do alto-falante de um carro, alguém estava usando o discurso dele para incitar ainda mais os estudantes.
Sorrindo, respirei fundo deixando que o cheiro da total desordem invadisse meus pulmões. Então, Ignorando tudo, principalmente os olhares de fúria vindo de Bruno e sua corja, peguei a cadeira em que estava sentada antes e, sem pensar duas vezes, a joguei contra o que sobrou da vidraça. Antes de fugir, encarei mais uma vez o Bruno e dei um sorriso cheio de significados ocultos. Pulei a janela a fim de me encontrar com Orelha para que comemorássemos o sucesso de minha “justiça”. Enquanto atravessava o pátio correndo, podia ouvir o som das sirenes da polícia e o grito de guerra dos estudantes. Estava rodeada pelo caos e por ter sido justamente gerada por ele, sentia-me plena. -
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Paixão e Crueldade (Adaptação Brutinha)
FanfictionPaixão e Crueldade {FINALIZADA} Democracy é o colégio mais respeitado da Califórnia e o palco principal de uma história turbulenta regada a paixão, vingança, obsessão, preconceito, revolta, ambição e muito fogo! Maria de Fátima sofreu inúmeros maus...